E agora?

Conversas e beijo


Laura

— Na verdade, Tim estava falando da sua juventude, quando conheceu a nossa mãe – Imediatamente, eu corrigi minha irmã, tentando parecer casual. Aquela situação entre os dois estava muito esquisita, não entendi nada, porém não deixaria eles pusessem tudo a perder, por causa de uma idiota briga de casal.

— Só histórias tolas de um velho saudosista – Tim completou, com um ar nostálgico.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Eu apenas esperava que toda aquela aguardente fizesse algum efeito e ele deixasse escapar algo mais.

— Mas, antes, estávamos falando de escolhas e arrependimentos – A irritante da Alexia insistiu nessa história.

— Todo mundo, um dia, fez escolhas que se arrependeu depois, e não pode voltar atrás, tendo que conviver com suas consequências para sempre – Tim respondeu, diretamente, para Alexia.

— Você já fez algo que se arrependeu, Tim? – Alexia continuou de modo petulante, erguendo o queixo, desafiadora, seus olhos verdes faiscavam. Onde será que ela pretendia chegar?

— Sim, com certeza, fiz muitas escolhas que, um dia, me arrependi, algumas eu pude contornar, outras não, então, precisei conviver com a minha burrice e tentar esquecer.

— E você conseguiu, realmente, esquecer? – Não estava entendendo minha irmã, ela pressionava Tim contra a parede, enquanto, Maurício assistia tudo, calado, com uma expressão sombria, reenchendo seu copo e tomando mais um gole.

— Para falar a verdade, não, mas, precisei me conformar

No entanto, antes que Alexia abrisse a boca outra vez, Tim bateu com as palmas das mãos nas coxas dele e se levantou.

— Vou ver a quantas andam o jantar – comunicou, na clara intenção de fugir do interrogatório da minha irmã, e saiu, deixando todos em silêncio para trás.

— O que foi aquilo? – indaguei a ela, irritada, encarando minha irmã, quando tive a certeza que Tim não podia mais nos ouvir.

— Nada, só estou tentando descobrir algo. – Ela deu de ombros, de modo displicente.

— Mas, não assim! Você acabou espantando ele! O que você acha, Maurício?

— Acho que esse homem carrega muita mágoa pelas escolhas erradas que fez na vida. Já que não posso ir, vou me deitar um pouco, antes do jantar – Meu cunhado opinou e, também saiu da sala, em direção ao quarto que dividiria com Nathan.

— O que está acontecendo entre vocês dois? – perguntei, assim que ficamos sozinhas na sala.

— Nada.

— Como nada?

Alexia soltou um longo suspiro e as máscara de arrogância se desfez.

— Tudo bem. Daqui a pouco não será mais segredo. Eu e Maurício vamos nos separar.

— Não acredito, logo vocês tão entrosados, almas gêmeas! Era a prova viva que um casamento pode dar certo! Por quê? — Se minha irmã e o marido estava se separando, não haveria mais esperança para o amor, muito menos, para o casamento. – Ele traiu você?

— Não, fui eu que o trai.

— Não acredito!

— Pode acreditar, ao que parece, adultério é um mal de família.

— Quer falar sobre isso, agora?

— Não, só quero ficar um pouco sozinha – Então, se virou e foi embora, estava sozinha, quando Nathan entrou na sala. Só faltava essa!

— Oi, moça – Ele parou, surpreendido, quando me viu e deu aquele sorriso que me deixava toda molhada. Droga! Ele pode ser meu irmão e eu cheia de tesão.

— Oi, Nathan. Preciso ir – Tentei passar por ele, apressada, mas ele ficou bem na minha frente.

— O que está acontecendo? Por que está fugindo de mim?

— Quem disse que estou fugindo de você? – menti, encarando a camisa azul dele, porque não podia olhar nos seus olhos, pois não conseguiria me segurar.

— Está na cara. Olhe para mim, Laura.

Ergui meu rosto, lentamente, e deparei com aqueles olhos quentes e intenso, cheio de dúvidas. Precisava resistir, tinha que ser forte! Ele pode ser o meu irmão, sangue do meu sangue. Mas, que merda! Há muito tempo, não me sentia assim, tão atraída por nenhum homem desse jeito. Tenho que fugir daqui, agora!

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Preciso ir! – digo, com urgência, tentando desviar dele.

— Eu sei o que está acontecendo, Laura – No entanto, ele me impede.

— Sabe? – Será que ele desconfiava de alguma coisa, espero para ver.

— Estamos indo rápido demais, mas, eu também me sinto muito atraído por você. Não quero forçar a barra, prometo que irei com mais calma.

— Obrigado por ter entendido a situação, Nathan. Tenho que ir me preparar para o jantar — Enfim, eu consigo me desvencilhar dele, saindo de lado, porém, antes de eu me afastar, ele segurou o meu braço, me puxou contra o seu corpo e me beijou com vontade, minhas pernas perderam as forças, fiquei derretida nos seus braços, ainda bem que estávamos bem no meio da sala e não em um lugar mais reservado, senão... Eu resisti, sem muito empenho por um breve instante, então, me entreguei aquele beijo, irracionalmente.

Minha nossa! Posso estar beijando o meu irmão!

— Nathan! – Ouvimos a voz de Tim, atrás de nós, olhamos na sua direção e ele nos encarava, surpreso, me afastei, apressada.

— Preciso ir – E escapuli dos braços de Nathan, correndo para fora.

Alexia

No quarto, sozinha, ao som monótono do ventilador de teto, girando sobre a minha cabeça, na tentativa inútil de aliviar o calor, deitei na cama e fechei os olhos, não conseguia parar de pensar em tudo que aconteceu, nas palavras duras de Mauricio. Era o fim, não tinha mais volta, só me restava cumprir o luto pelo meu casamento moribundo, mas mesmo conformada, sentia toda a dor do adeus, porque eu ainda amava o meu marido.

Laura entrou pela porta como um tufão, esbaforida, com o rosto vermelho, sentou-se na cama ao lado.

— O que houve? – perguntei, curiosa com a sua aparência alterada.

— Nathan acabou de me beijar – respondeu, em tom soturno.

Pela primeira vez, naquele dia, tive vontade de rir, contudo, me segurei ao perceber o ar de preocupação da minha irmã.

— E você resistiu? Disse não e o empurrou? – Ela sacudiu debilmente a cabeça, em negação — Essa história está ficando bem séria.

— Sim, imagino quando ele descobrir a verdade, vai me odiar.

— Quando todos nós descobrirmos a verdade, se descobrirmos, ele terá que entender.

— Nós vamos descobrir! – E ela me encarou, com ar de pesar, eu odiei isso. – Você está bem?

— Não. Supondo que Maurício nunca me perdoará e meu casamento acabou. Eu ainda tinha uma pequena esperança, mas, agora, depois do que ele me disse.

— Ele ainda está aqui, não está?

— Porque não conseguiu ir embora.

— Pelo menos, você ganhou mais um tempo.

— Tempo para quê?

— Para deixar ele pensar, pois, se, realmente, quisesse ir, já teria ido. Está na cara que ele tem dúvidas.

— Dúvidas? Acho que não. Ele parecia bem certo quando falou comigo.

— Ele ainda ama você, Alexia. Por isso veio correndo até aqui, achando que você estivesse com problemas

— Você acha isso mesmo, Laura? – Não queria deixar aquela chamazinha de esperança nascesse em vão, para morrer logo a seguir, me fazendo sofre ainda mais.

— Sim, eu acho.

Laura fez uma cara engraçada, franzindo a testa.

— Que cara é essa? – Fiquei preocupada, com medo que ela dissesse alguma coisa que apagasse minha pequena chama de esperança.

— Eu não contei a você, mas, quando Nathan me beijou, quer dizer, quando eu e Nathan estávamos nos beijando, Tim apareceu na sala e nos viu.

— Ele falou alguma coisa? – Ela sacudiu a cabeça negando. – Isso pode ser bom.

— Como assim, ser bom?! Um pai pegando seus filhos em um ato incestuoso?! – Laura estava exaustada.

— Pense bem, Laura. Tim não sabe que nós sabemos que ele pode ser o pai de uma das duas. Com certeza, Nathan também não sabe. Se eu for a filha dele, Tim deve pegar mais leve, mas se for você, ele deverá pegar mais pesado. Proibir qualquer tipo de relacionamento entre você e Nathan, entendeu?

— Sim, entendi. Mas, como iremos saber?

— Descubra como Tim reagiu e o que falou com Nathan, durante o jantar.