Cotidiano

Não esta noite


Over and over

I try staying sober

But I can’t seem to get myself straight

Still trying to erase all the feelings that stayed

Permanecer sóbria era uma tarefa difícil. Ficar em casa era mais difícil ainda. Tsume não sabia o que pensar depois que recebeu aquela carta do conselho, dizendo que as buscas por Inuzuka Hana deveriam ser cessadas em breve. Que uma última equipe de busca seria enviada, mas que, se voltassem de mãos vazias, a considerariam uma shinobi perdida na guerra. Mais uma. E seu nome se juntaria a tantos outros naquela placa. Que honrava aos mortos.

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A dor daquilo a atingiu como uma kunai: dilacerando a pele, rasgando fáscias e músculos até que expusesse nervos e ossos. Não sabia o que pensar. Não sabia o que sentir.

Kiba, seu raio de sol, continuava brilhando. Crescendo forte e vivaz. E tudo no que ela conseguia pensar, era na filha que não estava presente. Filha desta que havia se perdido durante uma confusão em meio à guerra. Ainda se lembrava da nuvem de fumaça acompanhada do forte odor que desnorteou seus sentidos junto dos pergaminhos explosivos.

Em um segundo, protegia as costas de Hana. No outro, estava jogada ao chão, Kuromaru tentando lhe tirar do meio da zona de combate.

Tsume gritou por Hana, procurando-a. Um dos olhos havia ficado completamente inutilizado durante a batalha, coberto por sangue empapado e seco. O ouvido esquerdo havia sido danificado temporariamente.

Os sentidos, dos quais se orgulhava, lhe traíram no momento em que mais precisou deles. E viu-se incapaz de encontrar a própria filha, ainda que tivesse enviado seus melhores ninkens atrás dela.

Todos os membros do clã que lutaram ao seu lado e sobreviveram disseram a Tsume que ela não poderia se culpar. Que a explosão, indetectável por qualquer um deles, não poderia ter sido prevista. E que muitos deles morreram em meio a isso. Um terrível efeito colateral da guerra.

Mas, em seu lugar, eles não se culpariam? Não tentariam inventar três mil desculpas diferentes, caminhos que poderia ter tomado para evitar aquilo?

E se Hana tivesse ido com Kiba? E se Tsume tivesse se precavido com jutsus de proteção? E se tivesse usado mais ninkens? E se? E se? E se?

Os pensamentos continuavam ali presentes, amortecidos apenas pelo álcool, único companheiro capaz de trazer a ela algum sentimento de alívio, ainda que este fosse temporário e que o rebote causado no dia seguinte lhe deixasse ainda pior do que estava antes.

Para que Kiba não soubesse de seu estado, costumava inventar mais missões do que andava fazendo. E se perdia em meio a bares de Konoha ou de vilas vizinhas apenas para que não fosse reconhecida.

Queria apenas um pouco de paz no meio daquele desespero. Queria livrar-se daquela dor que a atordoava e que destruía tudo.

Queria forças. Forças para continuar em frente por Kiba, mas ultimamente tudo andava tão difícil...

Suspirou, entregue a mais uma garrafa de álcool. Não seria naquela noite que se libertaria daquele sentimento de culpa.