Reflexão

Voltar para a rotina não era fácil, mas agora, cuidando de Mirai quase que em tempo integral, Kiba tinha com o que se distrair. Shino passava a maior parte do período estudando, enquanto Kiba se ocupava em brincar com ela até que se cansasse, e então restava a Shino ninar a bebê porque o namorado já havia adormecido.

Kurenai chegou de missão em um desses dias. Era difícil retornar para elas, mas precisava pagar as próprias contas. Viu a cena inusitada de Kiba adormecido no tapete com Mirai apoiada nele enquanto Shino lia um livro. Abriu um sorriso derretido e fez um sinal para que o aluno lhe acompanhasse até a cozinha onde ela preparou um chá para ambos e serviu os dangos que havia acabado de comprar como recompensa pelo bom trabalho que ambos andavam fazendo.

− Como você está, Shino? Estudando muito?

− Hn. – Shino bebericou o chá, mordiscando de leve um dos dangos. – Decidi que quero me tornar professor e o caminho não é nada fácil. Tenho visto alguns simulados e Iruka-sensei tem me dado umas dicas, mas sinto que ainda estou longe de chegar ao ponto certo.

− Você é novo ainda. – Kurenai arqueou as sobrancelhas. – O que te fez querer seguir por esse caminho? Achei que gostaria de se tornar um jounin, talvez até mesmo membro da ANBU.

Shino refletiu um pouco sobre isso. Em algum momento, quisera fazer parte da ANBU apenas para recuperar o próprio irmão de criação que havia sido levado por Danzou quando ainda eram jovens. Mas, durante a guerra, o havia encontrado. Torune havia sido dominado por Kabuto após ter sido assassinado e libertá-lo havia sido como uma redenção. Jamais poderia fazer parte da ANBU sem lembrar-se dele.

− A Academia foi o que me permitiu não ser solitário, sensei. Você, Kiba, Hinata, e todos os outros que não fazem parte do time 8. – Admitiu. – Se não fosse por isso, talvez meu destino tivesse sido muito diferente, e quero demonstrar a minha gratidão de alguma maneira. Não sei se serei um bom professor, mas certamente me esforçarei para tal.

Kurenai, que pouco via o aluno falar a respeito de si mesmo, sentiu-se orgulhosa por sua escolha e por suas palavras. Estendeu uma das mãos para afagar a cabeça de Shino, mas compreendeu, antes de completar o ato, o quanto o aluno havia crescido. A guerra havia arrancado daquelas crianças a infância muito antes que pudessem completá-la.

− Você e Kiba deveriam ir agora. – disse ela. – Estarei em casa pelos próximos dias, então estão livres de suas obrigações com Mirai. Levem os dangos.

Estendeu para ele o pacote. Shino arqueou as sobrancelhas, um tantinho incrédulo.

− Mesmo?

− Sim. – disse ela. – Aproveite para descansar um pouco dos estudos também. Sei o quanto tem se esforçado.

− Obrigado, sensei.

− Shino?

− Hm?

− Tenho certeza de que você será um professor incrível quando o momento chegar. – Sorriu.

A confiança da sensei renovou-lhe as forças. Shino certamente se esforçaria para isso!