Cotidiano

Delírio - Parte III


O importante, Kiba soube no momento em que abriu os olhos, era decidir se deveria ou não beber aquele líquido de aparência suspeita em uma garrafa azul com os dizeres ‘BEBA-ME’. Ele abriu a garrafa e cheirou o líquido e, com isso concluiu que não estava envenenado.

Kiba não tinha certeza com quem tinha aprendido isso, mas certamente a pessoa o repreenderia por ter bebido de uma só golada o líquido cintilante que o fez encolher até o tamanho de um ratinho! Estava ferrado! Sua mãe ia mata-lo! Isso se Akamaru não o fizesse primeiro.

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A imagem mental fez seu estômago revirar. Tinha algum tempo que sentia-se pequeno, mas não no sentido literal. Como se precisasse lidar com algo que o consumia a cada vez que tentava pensar naquilo, causando-lhe calafrios intermitentes que iam e vinham percorrendo seu corpo todo.

Respirou fundo, somente naquele momento lembrando-se que a chave para abrir a porta havia ficado em cima da mesa!

− Mas que caralho! – xingou com uma voz que fazia parecer que havia engolido gás hélio. Foi então que notou ao seu lado no chão um bolo de aparência bonita, com cobertura de chocolate branco e morangos com a seguinte inscrição: ‘COMA-ME’.

Ele encolheu os ombros.

− O que é um peito pra quem já... wooh! – Mal comeu um pedaço do biscoito, seu corpo cresceu novamente! – Isso que eu chamo de efeito rápido!

Agora tinha a chave, mas era gigantesco! Como entraria no jardim? Era um grande dilema, pois Kiba sempre quisera ser maior do que Shino e agora...

Seu coração apertou-se. Shino. Onde ele estava? Kiba olhou ao redor, com todo seu tamanho, buscando-o, mas incapaz de vê-lo.

Um sorriso desenhou-se no ar, felino, fantasmagórico e cruel como o de um gato Cheshire.

− Sabe que não o encontrará até conseguir encarar isso, não é? — disse o sorriso.

− Não sei do que você está falando! – mentiu.

Oras, do que adianta mentir se sou apenas um sorriso? Sei de todos os seus pavores, cachorrinho! Sei de cada medo seu! E de como não pode encará-los! Está preso! Preso aqui comigo! Preso para sempre!

− Não! Eu não estou preso aqui! Pare com isso! Pare! – Kiba estremeceu, tentando virar-se para fugir daquele sorriso sem rosto, mas ele reaparecia diante de si. – Pare! Faça parar! Me deixe em paz!

Nunca sairá daqui, escute o que digo, seu cachorrinho covarde!— bradou a voz fantasmagórica.

O sorriso desenhado no ar desapareceu. E reapareceu. As imagens retornavam para a mente de Kiba, a gargalhada destruidora ecoando em seus ouvidos. Kiba gritou, cobrindo os próprios ouvidos, sentindo as lágrimas correrem por seu rosto até criar um rio de lágrimas que extravasasse toda a tristeza que sentia para fora de seu peito.

Sim, Kiba tinha medo. Sim, sabia que teria que enfrentá-los em algum momento. Mas não agora. Agora se permitiria chorar, chorar e chorar até que aquilo não o sufocasse mais. Até que pudesse ter forças para seguir em frente outra vez sendo Kiba.