The New World

Silêncio


PONTO DE VISTA – CARLEY

Tudo estava acontecendo em um looping eterno na minha cabeça. Eu não conseguia raciocinar direito. Tudo se passava como se fosse uma espécie de retrospectiva...

“VAMOS SAIR!” Matt havia dito naquela hora, no corredor. Eu só consegui lhe dar um olhar de desaprovação. Não estava pra conversa naquele momento. Tudo estava acontecendo tão rápido e eu simplesmente não queria acreditar que Matt, Mary e Rob não estavam vendo o que de FATO estava ocorrendo na escola. É isso. Os doidos estão lá fora e vão chegar pela Denbrough a qualquer instante. Percebi isso depois que Rey me lembrou que a Av. Denbrough tinha uma das entradas localizada na rua do Colégio e como os tiros não haviam parado ainda e estavam diminuindo ao mesmo tempo que os gritos não... agora eu tinha certeza: Eles estão vindo. E temos que ficar aqui.

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Temos que ficar aqui.

A professora Tasha foi em direção a janela, Eu, Harry e Rey estávamos a seu encalço naquele momento:

“Professora?” Harry tinha dito...ele perguntou o que estava acontecendo e ela não queria nos responder, estava nos ignorando por completo. Não sei porque ela não saiu correndo igual os outros professores...acho que estava tentando entender o que estava acontecendo também. Eu, também procurando respostas, perguntei a ela o que devíamos fazer e onde ela estava. Afinal de contas, a mulher tinha sumido da sala. Ela de novo, não respondeu.

A minha visão da janela voltou a aparecer em minha cabeça. Estávamos lá...Rey,Harry,a Professora e eu... vendo tudo aquilo acontecer.

Foi do nada.

Não me lembro do exato momento que percebi que a multidão que corria lá fora não estava só em fuga.

Estavam agora participando de uma verdadeira batalha nas ruas.

Militares, Policiais, pessoas inocentes, crianças, homens, mulheres, alunos e professores estavam correndo por todas as direções entre a Denbrough e a extremidade da rua do colégio.

Eles tentaram fugir...

Foi quando ELES chegaram.

Eles? O que são “eles” afinal?

Os doentes chegaram...os “doidos” de quem falamos tanto nos últimos meses. Os infectados chegaram lentamente através da entrada da Denbrough e foram aos poucos agarrando pessoas próximas pelos braços. Pareciam animais...pareciam....famintos.

A imagem não saia da minha cabeça...eles simplesmente...MORDERAM e ARRANHARAM as pessoas tão fortemente que...que...

Sangue....você...você viu o sangue? Eles estão...matando! Eles estavam...

Comendo. Tipo, comendo de verdade as pessoas.

Eu sabia como era os infectados. Afinal de contas tinha visto eles na TV por meses. Mas nunca tinha realmente VISTO um. E não me lembro do jornal ou da internet ter dito que eles COMEM as pessoas.

O que... o que está acontecendo?! QUE DOENÇA É ESSA?

Meu mundo parou no momento que escutei os gritos da Professora ao meu lado. Foi quando percebi o quão perto eles realmente estavam. Os infectados estavam nas ruas, arranhando e arrancando tudo que uma pessoa tem dentro do corpo...eu vi....vi um policial, no chão. Ele tentava atirar no infectado, os tiros estavam acertando em cheio no peito.

Mas o doente não morria. Parecia até que ele... que ele já estava...

Morto. Parece que eles já estão mortos, mas eles de alguma forma...estão...andando?

O policial não conseguiu. Em questão de segundos, o morto estava em cima dele, e foi direto em sua garganta, mordendo e arrancando parte dela. Lembro que não consegui tirar meus olhos de tudo que estava acontecendo na rua, eu não queria acreditar. Parecia um filme pra mim, um filme de terror, daqueles que tem mortos andando na terra.

Mas isso não é um filme.

Naquela hora, eu tinha escutado barulhos vindos do portão. Não sei até agora como consegui voltar minha atenção no portão sendo que os gritos não paravam e estava difícil escutar as coisas. Vi que o portão estava aberto, e as pessoas que a segundos atrás estavam na rua, ou agora estavam mortas no chão sendo devoradas ou tinham fugido. Tinha alunos e professores que fugiram, mas outros estavam do lado de dentro do portão. E não estavam sozinhos.

Estavam sendo atacados. Alguns sangrando, outros já no chão sendo devorados, arranhados e mordidos. Reconheci até mesmo alguns rostos que havia visto no pátio horas mais cedo. Os estudantes tentavam afastar os infectados, mas no final das contas, o infectado sempre conseguia dar um arranhão bem feio neles, e quando os alunos fraquejavam...era o fim. Teve um garoto que vi que tinha arremessado uma pedra que pegou em cheio na cabeça de um dos infectados, isso fez o doente ir pro chão, mas quando o garoto foi passar por ele, o “morto” o agarrou e mordeu sua perna.

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A professora não parava de chorar, vi que quando ela gritava, os doentes lá em baixo olhavam em nossa direção ,paravam de se alimentar dos alunos e começavam a se dividir, metade ia em direção a parede que nossa janela estava, batendo incansavelmente a metros abaixo de nós, e outros adentravam na escola.

Olhei para a rua e vi que não havia mais ninguém lá. Nada além de corpos, sangue e mortos-vivos.

Parece que há mais deles?! Como isso é possível? Em apenas alguns minutos?! Será que tem mais por aqui perto? Quantos são? Como nos defender? O que fazer?

Minha mente foi bombardeada de perguntas, mas eu precisava de tempo.

Não congele. Não congele.

Precisava de tempo para pensar.

Não pense. Não fique parada. Lembra da decisão que você tomou?! Não pense.

Então lembrei de uma coisa, e decidi fazer algo. Me virei de súbito pra professora, que agora estava sentada na mesa ao lado da janela com ambas as mãos no rosto, chorava muito. Chamei ela, mas ela não me respondeu. Ela só me encarou quando eu cheguei bem próxima a ela e lhe pedi...pedi não, quando eu MANDEI ela me dar a chave.

Ela me olhou confusa, foi aí que vi de canto de olho pela janela que havia mais mortos entrando na escola, pois os que estavam na rua estavam se espalhando e cada minuto que passava parecia que havia mais deles lá fora.

Quando percebi tudo isso, não quis pensar nem por mais um segundo.

Não pense. Não pense, Carley!

Coloquei minha mão com tudo no bolso do jaleco da professora, um movimento que a fez pular de surpresa. Tirei de lá as chaves prateadas. Virei em direção a porta e vi que Matt e Rob ainda estavam lá. Matt com as mãos no rosto, soluçando, e Rob que gritava e exclamava que “não queria morrer.”

PAREM! ELES JÁ ESTÃO VINDO! Lembro de ter pensado.

Não havia tempo para sutilezas.

Agarrei Matt pelos ombros e o puxei com todas as minhas forças para dentro da sala, ele cambaleou e se apoiou em uma carteira. Rob ainda gritava. Preciso ser rápida.

PARE DE GRITAR!

Segurei Rob com uma mão apoiada em sua nuca e outra segurando seu braço e simplesmente o atirei para dentro da sala. Ele caiu no chão, o que me fez me sentir mal na hora, mas isso passou em questão de segundos quando escutei murmúrios e gemidos ecoando pelos andares de baixo. Fechei a porta com força, e passei a chave em sua maçaneta, a trancando. Escutei Matt falar alguma coisa, mas o ignorei.

Eles estão aqui dentro! E estão lá fora também! Estão vindo nos pegar!

Levei minhas mãos ao trinco que ficava no topo da porta e o puxei pra baixo, trancando mais ainda a porta. Depois disso me virei e disse “Estão mortos. Todos eles. E eles estão aqui dentro” engolindo seco logo em seguida.

Tudo o que aconteceu nos últimos três minutos passava-se em questão de segundos na minha mente.

Agora eu me encontrava de frente para meus amigos, que não me encaravam, com exceção de Matt e Rob. Passei meus olhos por todos eles.

Harry estava andando de lá pra cá, murmurando algo para si mesmo enquanto fitava os próprios pés ; Rey estava sentado no chão, com a cabeça entre os joelhos; Mary estava no chão também, apoiava o queixo no joelho e seus olhos não mantinham um mesmo ponto fixo por mais de um segundo, seus olhos estavam frenéticos e suas mãos envolviam sua cabeça; Rob estava no chão boquiaberto com seus olhos marejados me encarando; Matt ainda estava apoiado na carteira e me olhava com seus olhos vermelhos ; a professora, depois que eu lhe tomei a chave, estava em pé, e olhava para a janela novamente, de costas para nós.

O silencio enfim se rompeu.

— O-o-o-o-o quê-quê? – Matt gaguejou.

Não podia perder tempo, fui em direção a uma das carteiras enquanto dizia:

— Os policiais e militares. Eles já eram. Perderam. Acabou. Temos que ficar quietos. – disse com o tom mais baixo que consegui.

Matt ainda me encarava e suas lágrimas não conseguiam parar de escorrer o seu rosto, ele parecia ter dificuldade para respirar. Rob ainda chorava, porém, assim como Matt, agora não dava pra se escutar o som de seus lamentos. Ele limpou o rosto com a mão tentando evitar mais lágrimas, mas elas simplesmente sempre se faziam presentes.

— Co-como va-va-vamos sair ago-gora?! – Rob dizia, mas quando o olhei, com minhas mãos apoiadas a uma carteira, percebi que ele não fazia essa pergunta a ninguém específico. Ele simplesmente SE perguntava isso.

Assim como eu me pergunto.

Peguei a mesa da carteira com ambas as mãos e a levantei por cima de minha cabeça, fui andando em direção a porta. Rey agora levantou o rosto que a pouco tempo atrás estava apoiado em seus joelhos. Seus olhos também se mostravam vermelhos.

— Carley? – ele disse, mas sua voz saiu um pouco alta, o que fez eu me alarmar.

—SHHH! Eles vão ouvir! – digo de costas pra ele enquanto colocava a mesa suavemente no chão. Harry me olhou com surpresa mas não disse nada.

Isso Carley, sempre em movimento. Não pare. Não congele. Não morra.

Me virei em direção a Rey que me olhava. Ele estava acabado. Todos estavam. Com aquelas expressões de quem tinham certeza que iam morrer a qualquer segundo.

Me pergunto qual será a MINHA expressão nesse momento.

Não. Não.

Nada de perguntas. Nada de pensar.

Mas...como vamos sair? Sendo que eles estão lá fora? Se a gente ficar aqui, uma hora vai bater a sede, fome... e se tentar sair, com certeza vão nos pegar e nos matar.

Vão nos matar.

Senti levemente uma lágrima começar a se formar em meus olhos.

Não! Não agora!

Me viro de costas e apoio as mãos na mesa que eu acabara de colocar ali na frente da porta. Fecho os olhos, apertando-os bem.

Você precisa voltar pra casa! Sua mãe saberá o que fazer! Seus irmãos também! Você vai sair! DEVE sair!

Começo a ouvir os sons ao meu redor. Lá fora, os gemidos e grunhidos são constantes, os tiros já haviam parado faz tempo, e eu não escutava mais movimentação alguma, nem na escola e nem lá fora. Mas para ter certeza eu precisaria olhar para a janela de novo.

Não quero ver aquilo de novo. Não posso.

Sinto uma mão encostar em meus ombros e me assusto me virando bruscamente.

— Saia, Carlie. – Tasha, a professora, me olhava com os olhos inquietos e vermelhos de tanto chorar. Eu, confusa, não entendi o que ela queria que eu fizesse. Não pra valer. Olhei para meus amigos, Harry,Rey e Rob olhavam em minha direção e estavam tão confusos quanto eu.

— Hãn? – disse surpresa.

— Agora. Saia, me deixe passar. – Ela me disse serenamente, mas podia sentir que ela tremia, sua voz fraquejara no final da frase.

Fiquei ali a olhando por alguns segundos.

Deixar passar?! Mas...mas...mas... eles estão lá fora!

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— Professora, eles estão lá fora. Não posso deixar que saia. – falei indo com minha mão em direção ao seu ombro, mas antes que pudesse toca-lo, ela segurou minha mão, mas não com força. Só o suficiente para me interromper.

— Você não pode me prender aqui dentro Carley. Eu preciso sair. Agora. – ela me respondeu. Aquilo tudo estava me assustando mais ainda. A professora Tasha sempre foi uma mulher muito calma, mas agora, ela estava agitada e desesperada assim como todos nós, mas havia algo de diferente nela...

Ela parecia determinada a fazer algo.

— Professora, preciso insistir. Os doentes estão lá fora, a senhora....viu. – fraquejei ao querer mencionar o que havíamos visto lá fora.

Nunca mais vou esquecer. Não quero ver aquilo nunca mais. E pra dormir agora? Isso simplesmente não sai da minha cabeça! Todo o sangue, os gritos...

Sem perceber deixei uma lágrima escapar, limpei meu rosto rapidamente mas não sem a professora perceber.

— Não tem porque isso. Você vai me deixar passar, e vai ser agora. – ela disse e me tirou do caminho com seus braços. Eu não a impedi nessa parte, estava confusa. Ela foi minha professora e eu tinha um enorme respeito por ela, não ia simplesmente empurra-la.

Eles estão lá.

Assim que ela colocou suas mãos na mesa que eu havia posto na frente da porta há alguns segundos atrás, eu apoiei ambas as mãos na mesa, impedindo Tasha de tira-la de lá.

— Desculpe professora, mas não vou deixar você ser atacada. – disse dessa vez o mais firme que pude. Achei que ia receber aquele olhar sereno e de olhos marejados novamente, mas o que recebi dessa vez foi um olhar furioso.

— EU TENHO QUE PEGAR MINHA FILHA! – ela gritou para mim. Pude escutar aquele eco de grunhidos do lado de fora da porta. Mas não sabia dizer se já estavam aqui.

— Fale baixo! – Harry apareceu do nada do lado da professora, com os olhos arregalados. Rey estava em pé alguns metros atrás dele. Mary, Rob e Matt olhavam para nós, imóveis.

Amém senhor, alguém entendeu finalmente.

— A senhora entende que eles estão AQUI fora?! Tipo no corredor, quem sabe?! – disse baixo pra ela de forma raivosa. – Onde a sua filha está?! Quem é ela?!

A professora fechou os olhos, baixou a cabeça e começou uma contagem. De 0 a 10. Esperei ela terminar, Harry e Rey se entreolharam.

— Carley. É exatamente por isso que preciso pega-la. Sei que estão aqui dentro, eu... eu vi também. – senti um leve arrepio após a professora falar isso – Susie está nas salas de baixo. Eu vou trazer ela pra cá. E não há nada que você possa fazer agora pra mudar minha cabeça. – ela finalizou me encarando, e disse cada palavra de forma bem lenta. Não fraquejou nenhuma vez agora.

Esta determinada. Não posso impedi-la.

Espere um pouco.

Susie?

— Susie? – perguntei a ela.

Já ouvi esse nome antes...

— Me deixe sair. – ela repetiu e começou a encarar minhas mãos que ainda apoiavam na mesa.

Eu fiquei a encarando por alguns segundos e depois olhei para Rey e Harry. Eles só me olharam de volta. Está em minhas mãos.

Voltei a olha-la novamente.

— É a minha filha, Carley. – ela me disse baixo. Acho que os outros não a escutaram porque depois que ela disse isso, eles fizeram uma cara de “interrogação”.

Quero voltar pra minha família também. Não posso tirar essa chance dela. Mas antes...

— Espere. – disse a ela e comecei a ir em direção ao fundo da sala, onde havia prateleiras com vários livros. Vi que a tábuas de madeira não estavam pregadas na parede, e sim sobrepostas em hastes de metal parafusadas . Comecei a tirar o mais rápido possível os livros que estavam na ultima prateleira, os coloquei no chão mesmo.

Depois, tirei a tábua de madeira, que devia ter uns 90 centímetros e fui com ela debaixo do braço em direção a professora:

— Leva isso. Pra tirar eles do caminho caso precise. – disse estendendo a tábua para a professora.

Não vou deixar ela sair sem garantia...por mais que não tenha certeza do quão segura essa garantia de fato é.

— Se alguém for em você, bate nele sem dó. – Rey finalmente disse alguma coisa. Até virei meu olhar pra ele enquanto ainda segurava a tábua. Ele me olhou de volta, sua expressão ainda acabada e olhos ainda marejados. A professora pegou a tábua com ambas as mãos.

— Quando ouvir eu bater a porta, abram rápido por favor. – ela disse

Assenti e comecei a levantar a mesa cuidadosamente enquanto Harry destrancava o trinco suavemente. Depositei a mesa no chão e peguei a chave no bolso, antes de vira-la e abrir a porta, me virei para a professora:

— Volte o mais rápido que puder. Não demore, eles estão entrando. – ela assentiu e eu destranquei a porta. Abri o mais suavemente que pude, mas cada vez que a porta rangia pelo movimento, os pelos de minha nuca e braços se arrepiavam. Todos nós, Mary, Rob, Harry, Rey, Matt, Eu e a professora olhávamos para a porta.

Prendi minha respiração e coloquei minha cabeça para fora da porta, Tasha fez o mesmo. Olhei para os lados, o corredor estava com as luzes acesas, mas não havia uma alma lá dentro.

Bom...uma alma VIVA.

A professora foi saindo bem devagar, eu fiquei parada onde estava. Harry e Rey estavam olhando para o corredor vazio de dentro da sala, como eu estava fazendo. Passei meus olhos nas salas de aula próximas que estavam com as portas abertas graças a confusão que tinha acontecido. Tinha algumas salas que tinham até mesmo algumas MOCHILAS no chão. O pessoal estava tão desesperado pra sair que deixaram bolsas no chão, não muitas mas mesmo assim era estranho ver elas ali. Dei um passo para frente, saindo da entrada de nossa porta.

Quem sabe podemos pegar elas e-

Meus pensamentos e planos foram interrompidos por mais ecos de grunhidos. Era um som diferente, um som que me lembrava alguém coçando a própria garganta sem ter que usar as mãos, usando a própria voz. Voltei para a porta que meus amigos estavam, mas fiquei com metade do corpo pra fora da entrada.

A professora estava quase no final do corredor, mas não havia chegado na escada ainda. Ela paralisou ali, com a tabua na mão. Estava tremendo. Abri minha boca para chama-la de volta mas lembrei que não podia gritar, então não saiu nenhum som de minha boca. Rey segurava minha mochila, que ainda estava nas costas desde que eu saí do carro ao chegar na escola. Harry gesticulava sem parar em direção a professora que estava de costas para nós, acho que ele tinha a intenção de faze-la se virar ou algo do tipo.

— Pssssst!! – Harry chamou o mais baixo que foi possível, mas aquele som ecoou no corredor vazio e iluminado e aquilo me deu preocupações. Dei leves tapinhas afobados em seu ombro:

— Shh! Para! – falei sem olhar pra ele. A professora ainda estava parada lá. Os ecos continuavam.

— Gente.... – Matt chamou em tom normal, o que fez Eu, Rey e Harry virarmos subitamente pra ele:

— SHH!! – gesticulamos em uníssono. Percebi que Matt olhava a janela, mas o ignorei. Estava mais preocupada com os barulhos agora, me virei de novo para ver a professora.

Ela não estava mais parada, agora andava a pequenos passos, trêmula do jeito que estava mesmo. Quando ela chegou no começo da escadaria, se virou para trás para nos ver. Ficamos olhando para ela de volta, Rey, Harry e eu.

Você vai conseguir. Vai conseguir voltar, e vamos todos sair daqui. Tenho certeza. Vou voltar pra minha família também, todos nós vamos voltar. Os soldados podem ter morrido aqui, mas não significa que reforços não chegarão...só precisamos esperar. Só precisamos-

PZIIIT!

Pulamos de susto. Senti a minha respiração acelerar a ponto d’eu ficar ofegante, o mesmo aconteceu com os outros. O corredor iluminado mudou. De repente, não conseguia ver mais a professora que a poucos segundos olhava para nós.

Enquanto escutávamos os ecos, todas as luzes... que em um momento estavam iluminando tudo...se apagaram.