The New World

Sensação Ruim


PONTO DE VISTA – ROB

(12 dias desde a infecção.)

— O que estão fazendo agora? – eu pergunto curioso.

Que droga! Temos que arrumar a porra de um binóculo aqui! Se for depender só da mira da sniper pra ver as coisas....estamos fodidos!

— Para de perguntar toda hora! Ela tá indo na direção dos estranhos com o Rey! – Mary dá um tapa na minha mão quando eu tento pegar a sniper das mãos dela.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Fiquei com um medo gigantesco da Mary errar o tiro e pegar em um deles. Já pensou a merda que daria?! – Matt diz e eu balanço a cabeça.

— Ainda bem que Mary não é cega igual você, ela foi certeira na lata! – Defendo minha amiga. Ela teve uma mira impecável!

Assim que Carley nos avisou por rádio, Mary foi certeira em seu disparo, atirando no primeiro objeto que encontrou em sua mira, que no caso foi uma lata mesmo. A curiosidade de saber em que fim estava dando aquelas conversas estava me matando.

— ESPERA AÍ! - Mary grita pra nós que nos assustamos.

— O que foi?! – Harry pergunta. Mary tira os olhos da sniper.

— Estão voltando! Estão indo pro forte! – Ela sai em disparada de volta pro forte, e nós a seguimos sem entender nada.

— CARLEY ESTÁ TRAZENDO ELES PRO FORTE?! – pergunto em meio a corrida, mas não obtenho a resposta de ninguém.

Corremos até chegar no forte enquanto ouvimos o barulho de um carro se aproximar pela rua. Eu e Harry descemos pela escada que levava ao quintal, logo depois de passarmos correndo pela passarela. Mary e Matt ficam em cima do portão, com as armas em mãos.

— O que fazemos?! – Harry pergunta.

— O que ela disser! – Respondo e logo tiro meu revolver da cintura e o seguro em mãos, Harry repete meu gesto.

Logo a caminhonete passa na frente do portão lentamente, com um garoto bem jovem na janela observando tudo com muita surpresa. O veiculo estaciona alguns metros de distancia do portão, depois de Carley e Rey gesticularem para eles assim o fazerem. Glenn está com eles também, ele segue meus amigos em silencio.

PONTO DE VISTA – MAGGIE

(12 dias desde a infecção.)

— Eu ainda não acredito que você está aqui! – digo com lágrimas nos olhos. Eu realmente achava que iria perder o meu pai por alguns momentos.

Eu tentava não demonstrar nada a Beth, mas eu tinha esse medo muito presente em mim. Quando Enid veio me chamar dizendo que meu pai havia acordado, comecei a chorar ali mesmo. Quando abrimos o quarto e vimos os olhinhos de papai piscando lentamente, corremos para abraça-lo.

— Ainda estou quebrado, filha. Cuidado... – meu pai dizia com a voz fraca, eu afrouxo o abraço. Beth faz o mesmo.

— Oh papai...por horas tememos o pior! Não faz ideia da agonia que passamos por ver você assim, sem poder fazer nada! – Beth diz segurando a mão de meu pai. Ele sorri fraco.

— Posso imaginar. – papai responde.

— Eles... – respiro fundo, mas meu nariz está entupido pelas lágrimas – cuidaram de você. Tipo, cuidaram mesmo! A ruiva ficou aqui o tempo todo! Revezou com alguns outros e tudo mais!

— A de bandana foi a que cortou sua perna, o senhor lembra? – Beth começa a dizer e meu pai ri fraco.

Me virei para pegar a garrafa d’agua na cabeceira e vi Enid sentada no colchão atrás de nós, com a cabeça do pai apoiada na cabeça. Ele ainda estava desacordado. Ela observava tudo com um sorriso no rosto, mas ao mesmo tempo parecia estar pensativa.

— Não tem como esquecer isso. – ele responde e minha irmã ri.

Dou um pouco de agua a papai.

— Eles foram buscar remédios no carro! Maggie foi com eles, Rey e um outro rapaz asiático foram buscar mais remédios também caso o plano do carro falhasse! – Beth explica e meu pai ouve com interesse.

— Nos deram comida e um quarto também. É bem aconchegante, na verdade. Eu e Beth estávamos... – paro meu pensamento quando me lembro que Enid ainda estava na sala. Eu estava prestes a contar que eu e minha irmã estávamos de olho no grupo deles, observando Carley principalmente.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Eu iria contar também das atitudes de Carley quando encontramos Killian e sua filha...e da atitude dela em nos ceder um quarto, parecendo estar confiante em relação a nós.

Mas interrompi minha fala.

— Enfim! Estou feliz por você estar aqui! – passo a mão pelo braço dele e ele segura minha mão e de Beth.

— Não estou indo a lugar nenhum. – ele diz e todos nós nos abraçamos.

Depois de nos separarmos ele olha para o lado, e parece perceber a presença de Enid.

— Acho que não te conheço ainda, querida. – meu pai diz amavelmente. Enid arruma sua posição.

— Cheguei a poucas horas com meu pai. Ele perdeu a mão também...estava com febre. – ela começa a explicar – Me chamo Enid, esse é meu pai, Killian.

Meu pai sorri.

— Quando ele acordar, irei cumprimenta-lo. – ele diz e Enid assente.

— Eles estavam com os remédios do carro. Vieram conosco para tratarem Killian e também fazerem uso do remédio. – explico a meu pai, que assente pra mim.

— O que está acontecendo lá fora? – meu pai pergunta.

— Não sabemos. – Beth responde por nós duas.

— O que houve? – pergunto pra Enid – Quero dizer...porque todos saíram correndo?

Enid dá de ombros.

— Não faço ideia. Eu estava aqui com a garota ruiva, aí ela começou a tratar o seu pai e foi quando tudo aconteceu. Aquela Carley... – Enid revira os olhos – chamou ela pelo rádio e disse que era pra todos descerem armados. Mary me disse pra chamar vocês e ficarmos aqui dentro enquanto ela ia ver o que estava acontecendo.

Enid suspira.

— Não voltou desde então. – ela termina a explicação.

— Podemos ver o que está havendo! – Beth diz e eu me preparo pra me levantar, mas meu pai segura levemente minha mão.

— Se a mulher disse pra ficarmos aqui, então devemos ficar aqui. – papai diz.

— Não quer saber o que está havendo? E se tiverem com problemas? – pergunto a ele que balança negativamente a cabeça.

— Se tivesse dado algum problema já teríamos ouvido tiros. Se a mulher que esteve me tratando disse para ficarem aqui, então é isso que vamos fazer. – ele diz decisivo, depois dá uma tosse seca. Eu lhe dou mais água.

Preciso saber o que está havendo.

— Está com fome? – pergunto a ele.

— Não sei ao certo...acho que sim. – papai responde.

— Beth fez o almoço. Já está pronto, estávamos só deixando o arroz apurar mais. – eu digo e ele sorri.

— Arroz?! Uau! Eu gostaria de um pouco! – ele diz e eu me levanto.

— Vou buscar pra você. – tento sair da sala o mais rápido possível, mas meu pai me chama novamente.

— Ei! – ele diz.

Eu me viro pra ele.

— Nada de bisbilhotar. Não quero problemas com essa gente, está me ouvindo? – ele me diz e eu assinto.

— Não esquenta! – falo pra ele antes de sair e fechar a porta.

Queria ter dito a ele tudo que vi na busca! Preciso saber mais sobre essa Carley...ela parece uma boa pessoa, mas não tenho tanta certeza de até onde ela iria pra conseguir o que quer. E é ISSO que me preocupa.

Ela cuidou do meu pai, salvou sua vida junto com o grupo dela de amigos. E agora, ela dá de boa vontade um dos quartos da casa dela....isso não pode ser coisa de gente ruim.

Gostaria de falar com meu pai a respeito...ele saberia mais o que fazer.

Sorrateiramente vou até a janela da sala, onde ficava o “escritório” de Carley, eu acho. Abro a janela bem devagar e observo a movimentação que ocorre nos portões.

PONTO DE VISTA – ROB

(12 dias desde a infecção.)

— Puta merda! Isso é que lugar! – o careca ergue os braços na frente do portão. Ele parece surpreso.

— É como eu disse a vocês. Não vão entrar. Ficarão aqui fora, e não vai ter perigo pra vocês. Só vamos nos alimentar, nos equipar e aí iremos procurar os amigos de vocês, certo? Antes que o sol se ponha. – Carley diz enquanto caminha para o portão, ela gesticula pra mim, que entendo o recado.

Eu começo a abrir os portões pra ela, Rey e Glenn passarem.

— Se você diz! – o careca diz e coloca as mãos no bolso da frente da calça.

— Também teremos direito a esse almoço, ou seja lá o que forem comer? – o garoto mais jovem do lado do careca pergunta e ele parece extremamente interessado.

Carley se vira pra ele.

— Olhe... – ela começa a dizer, mas para. Ela fica olhando para os dois convidados dali. Vejo ela trocar olhares com Rey, que não tira os olhos dela.

Filhos da puta! Parem de ficar se comunicando pelos olhares!

— Eu... – Carley parece indecisa. Ela transita seu olhar entre o garoto e Rey.

Se eu não conhecesse Carley, eu diria que ela não quer fazer essa decisão!

— ...vou mandar trazerem um prato pra vocês. – Ela diz com um suspiro, o careca ri.

— Obrigado! Muito obrigado! Você é demais princesa! Não vai se arrepender! Assim que resolvemos nosso problema, não vai precisar se preocupar mais! Vamos seguir nosso caminho! Te garanto, está me ouvindo?! Garanto! – ele diz enquanto Carley simplesmente se vira de volta para o portão, o deixando falar sozinho empolgadamente.

Ela passa por mim enquanto o careca ainda está agradecendo tudo.

— Fique de olho 100% do tempo, tá ouvindo? 100%. – ela sussurra no meu ouvido. Eu não tenho nem tempo de perguntar nada antes que ela comece a andar apressadamente para a escadaria que levava a sala.

Rey e Glenn passam por mim e eu fecho o portão.

— Ei! Vamos ficar dentro da caminhonete, está bem? Estamos ali! Logo ali! – o careca começa a apontar pra caminhonete e eu assinto com a cabeça.

Harry segura Rey pelo braço levemente

— Ei cara, o que houve? – ele pergunta preocupado. Rey balança cabeça.

— Longa história. Trouxemos algumas coisas, sobe lá que a gente vai contando o que aconteceu... – Rey diz dando dois tapinhas nas costas de Harry, que se vira pra mim buscando permissão e eu assinto.

Eu posso cuidar disso sozinho.

Glenn, Harry e Rey se retiram pelo mesmo caminho que Carley tomou.

Eu subo pelas escadas, ando pela plataforma até chegar em cima do portão. Matt e Mary estão ali.

— Quem são? – os dois perguntam em uníssono. Eu dou de ombros.

— Não sei mas Carley me pediu pra vigia-los 100% do tempo. Vou ficar aqui e vocês podem ir, Hershel deve precisar de você, Mary. E você Matt, vai saber das fofocas pra me contar. – eu digo a eles que riem pra mim.

— Vou nessa! – Matt diz dando tapinhas nos nossos ombros. Mary segue atrás dele.

Eu fico sozinho no portão, com meus olhos quase pregados nas duas figuras dentro da caminhonete. Eles conversam alguma coisa.

O que eles podem fazer?

PONTO DE VISTA – MAGGIE

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

(12 dias desde a infecção.)

MERDA!

Corro em direção a cozinha o mais rápido que posso, assim que ponho meus pés na mesma. Ouço o barulho da porta da sala se abrir, provavelmente Carley que subia.

Pego um prato que estava em cima da mesa e começo a me direcionar para bancada. Finjo que estava ali o tempo todo e uso minha melhor cara de indiferença.

— Está pronto? – ela me pergunta assim que chega a cozinha. Eu assinto.

— Sim! Estou fazendo um prato pro meu pai comer. – falo a ela enquanto pego um pouco do arroz.

— Não pegue tanto, aparentemente temos mais duas bocas pra alimentar nessa refeição. – ela diz, e posso identificar muito desdém em sua fala.

— Temos? – pergunto.

— É. Vamos ajudar duas pessoas, vou dar um prato de comida pra elas, nos equipar e vamos procurar alguns amigos perdidos de um tal de Luke e o filho Ken. Vão nos dar armas como pagamento. – ela explica rapidamente enquanto pega dois pratos do armário.

— Armas? Vão dar armas assim? – pergunto agora me servindo do frango.

— O cara é militar. De verdade, não um fake igual eu. – ela aponta pra própria bandana e eu rio. Ela começa a por um pouco de arroz em cada prato. Rey, Harry e Glenn chegam na cozinha.

— E aí, eles saíram do bar pedindo ajuda e falando que estavam procurando os amigos. Os caras estão com fome. Vamos ajudar e deixar eles seguir o caminho deles. – Rey parece continuar uma conversa com Harry. Glenn deposita a mochila na bancada em silencio, parecia incomodado.

— Oi... – digo a todos que chegaram ali. Rey acena com a cabeça e Glenn dá um meio sorriso. Antes de se virar de costas.

É. Ele tá incomodado.

— O que houve? – pergunto baixo a ele, que se assusta com minha aproximação por suas costas.

— Er...Hã...não foi nada. – ele diz soltando um riso frouxo.

— Nada? – estranho sua resposta.

— É...só uns pensamentos. Nada de mais. – ele diz – Valeu.

Eu balanço a cabeça lentamente.

— Tem frango. – é a única coisa que consigo dizer. Ele olha pra mim e sorri.

— Obrigado. Vou fazer um prato pra mim. – ele sorri novamente, eu dou um sorriso fraco de volta antes de me retirar com o prato.

— Maggie? – Carley me chama. Eu me viro e vejo que ela tem dois pratos feitos em mãos – Pode avisar a garota malcriada que tem comida aqui? Ela pode pegar.

Eu rio com o xingamento dela e assinto, me virando pra sair da cozinha novamente.

Chego no quarto dando duas batidas na porta antes de entrar.

— Que demora! Achei que foi matar as galinhas pra conseguir mais frango! – Beth brinca e eu rio.

— Carley chegou na cozinha, estava conversando. Mas aqui, eu trouxe o seu prato, pai. Beth, vá fazer o seu antes que acabe! – eu digo a ela que se levanta de olhos arregalados, apressando o passo.

— Ah! – me viro pra Enid, que me olha – Ela disse pra você fazer um prato pra você também.

— Não estou com fome... – ela emburra a cara e volta a encarar o pai.

— Qual é! Vai lá! Come um pouco... – tento convence-la. Ela nega com a cabeça.

— Estou bem, obrigada. – ela diz e eu balanço a cabeça em desaprovação.

Droga! Quero que você saia daqui!

— É uma boa oportunidade de você se atualizar do assunto...pra quando seu pai acordar. Fiz isso quando o MEU pai estava mal... – digo pra ela. Eu consigo sua atenção.

— Eles não são pessoas ruins. Vá conhece-los! – eu digo a ela que suspira antes de encarar o pai novamente.

— Certo... – ela se levanta aos suspiros, como se estivesse desistindo de discutir.

Quando Enid sai da porta, observo meu pai comer um pouco até que ele percebe meu comportamento.

— O que foi, Maggie? – ele pergunta, limpando a boca com as costas da mão.

— Preciso de contar algumas coisas que aconteceram. – digo a ele.

PONTO DE VISTA – HARRY

(12 dias desde a infecção.)

— Até que vai ser bom sair com esses caras...acho que só temos talvez mais uns quatro ou cinco dias de comida, Carley. Agora que temos mais 5 pessoas aqui... – começo a dizer enquanto vejo a folha de sulfite a minha frente.

Escrevíamos tudo que tínhamos de comida, Rey e Glenn chegaram com algumas latas a mais, fizemos adições, mas tiramos muita coisa com o almoço de hoje.

— Cinco?! – Rey pergunta e eu assinto.

— Acharam a ladra, mas acontece que a ladrazinha na verdade estava tentando achar remédios pro pai que tinha perdido a mão. Mary estava cuidando dele, ele tá desmaiado agora. – explico e Rey parece ainda mais confuso.

— Ela pegou os remédios no carro, correu de nós até que Carley pegou ela. Depois ela explicou que o pai dela tinha perdido a mão e ele implorou pra vir com a gente porque precisava ser tratado. Carley concordou. – Matt termina minha explicação.

— Trouxemos alguns remédios a mais, caso precise....aquele lugar, podemos voltar lá. – Glenn diz para nós enquanto observamos tudo ser colocado na bancada aos poucos.

— Quer dizer que você nem hesita em trazer duas pessoas estranhas, mas comigo faz um escarcéu? – Rey se vira pra Carley indignado. Ela bufa.

— Nem hesito?! Você nem estava lá garoto! Eu derrubei a garota no chão, quem me convenceu foi a Maggie! E outra coisa: O jeito que o pai da garota falou comigo foi totalmente diferente do jeito que Luke falou. Não gosto daquele sujeito! – Carley se defende.

— É aqui que posso pegar um prato? – escuto uma voz vinda da porta da cozinha bem quando Rey estava prestes a dar outra resposta a Carley. Todos se viram e dão de cara com Enid, sem graça e de braços cruzados, parada na soleira.

— Sim. Pode pegar ali, garota. – Carley diz a ela, apontando para a panela com arroz e o frango logo em seguida. Enid suspira e vai até a bancada de comida.

— Não te conheci ainda! Sou Rey. – Rey vai até ela e ergue a mão. Ela encara a mão dele um tempo e aperta.

— Prazer. Estranha número dois. – ela diz com desdém, deixando Rey vermelho de vergonha.

— Er...foi mal. Não quis ofender. – ele diz a ela que dá de ombros.

— Não foi o pior que encontrei, não se preocupe. – Enid lhe dá meio sorriso, pousa o olhar rapidamente em Carley e depois se vira de costas para pegar um pouco do arroz. Carley bufa.

— Oh puxa, sou tão terrível! Trouxe alguém até minha casa, estou fazendo ela comer arroz com frango quentinho enquanto o pai dela descansa no meu colchão, em um dos meus quartos depois de usar os meus remédios. Me falem se eu não sou um lixo de ser humano?! – Carley diz sarcasticamente, enquanto colocava os talheres por baixo do arroz dos dois pratos depositados a mesa.

Enid joga a colher do arroz de volta na panela após ter pego, e sai batendo o pé da cozinha, claramente irritada. Carley a olha sair do recinto por cima do ombro.

Eu bufo e cruzo os braços, encarando Carley logo em seguida. Todos nós ali olhamos pra ela.

— Ué! O que foi? – ela diz e eu reviro os olhos. Todos nós continuamos a fazer nosso trabalho.

Palhaçada...pra que isso tudo gente!

— Os talheres ficam naquela gaveta, Beth. – Rey diz depois de um suspiro. Beth observava tudo e parecia meio confusa no ambiente. Ela pareceu tomar um susto ao ouvir Rey.

- Oh! Obrigada...eu tava...é. – ela se atrapalha, pega os talheres apressadamente, sorri para Rey e sai da cozinha.

— Hershel, Maggie e Beth vão dividir a casa com você, Glenn. – Carley diz e Glenn se surpreende.

— Oh...é mesmo? – ele diz – tudo bem.

— Eles vão? – pergunto. Não sabia disso.

— Vão. Coloquei eles no quarto ao lado do Glenn, onde minha avó costumava dormir. Avisei elas assim que chegamos. – Carley me responde. Ela pega os dois pratos que estavam prontos na mesa e sai.

— Harry, Rey, Matt, se aprontem. Sairemos em meia hora. – ela diz sobre o ombro antes de se retirar por completo da cozinha.

PONTO DE VISTA – ROB

(12 dias desde a infecção.)

— Vai sair? – pergunto a Matt, que acabara de chegar com um prato de comida. Pego o prato de suas mãos enquanto ele se senta ao meu lado, depositando a espingarda no colo.

— Eu, Carley, Rey e Harry. Glenn, Mary e as garotas ficarão. Vamos procurar os amigos do careca. – Matt diz e eu assinto.

Esse frango tá ótimo.

— As meninas são legais. Tenho uma sensação boa sobre elas. – digo.

— Eu também... – ele diz pensativo, parece estranho.

— O que foi? – pergunto.

— Hã? – ele ergue uma sobrancelha.

— Tem alguma coisa te incomodando. Desembucha. – digo a ele e volta a minha atenção para o frango.

— Não é nada demais, só que... – ele suspira – estou cansado.

— Pudera! Todos nós saímos muito hoje, menos Mary que tem que cuidar dos doentes. – digo suspirando.

— Logo isso acaba. Hershel acordou e tenho certeza que o gatão vai acordar logo também! – Matt diz e nós dois rimos.

— A filha dele comeu? – pergunto e Matt assente.

— Depois de uma troca de farpas com a Carley ela pegou o prato e saiu. – ele diz e eu franzo o cenho.

— Brigaram é? – pergunto.

— Não foi bem uma briga, foi mais como um...puxão de cabelo. Não literalmente! Só quero dizer que elas se estranham muito... – Matt se embola e eu rio.

— Entendo. Quer o que? Carley jogou a menina no chão! – falo

— Merecidamente! Garota ousada aquela! – Matt diz e eu balanço a cabeça, em concordância.

Fico observando o careca e o garoto que conversavam dentro da caminhonete. Carley trouxe comida a eles, que ficaram tremendamente agradecidos. O careca ficou agradecendo sem parar até que Carley deixou ele falando sozinho novamente. Agora, os dois estavam com os pés pra cima, com os pratos raspados no banco traseiro.

— E eles, hein? Algo estranho? – Matt pergunta e eu nego com a cabeça.

— Não. Só ficaram ali dentro conversando...não vi nada. – eu digo e Matt fica pensativo.

— Carley não gosta do careca. Se chama Luke, pelo que entendi. – ele me informa.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— E o menino? – pergunto.

— Só ouvi falar que era o filho dele, não ouvi o nome. – ele me responde e eu dou de ombros.

Escuto uma movimentação vinda do quintal. Carley, Harry e Rey descem pelas escadas e caminham lado a lado conversando. Matt se levanta.

— Bom...acho que é minha deixa. – ele diz e eu boto meu prato de lado.

— Vê se toma cuidado, sua puta! – brinco apontando pra ele que ri e me puxa pra um abraço.

— Relaxa quenga. Já já tô de volta! – ele diz se afastando depois de me abraçar. E eu sorrio fraco pra ele.

Matt desce as escadas e se junta a Carley, Harry e Rey.

— Rob, a Mary está no quarto com o Hershel e o Killian. Maggie e Beth estão com elas, Glenn estará aqui pra cobrir vocês também. Nós voltaremos antes do anoitecer, certo? – Carley me diz e eu ergo meu polegar pra ela, dando um sinal positivo.

Eu desço a escada da passarela, indo pro quintal. Mary põe a cabeça na janela enquanto meus amigos saem portão afora. Pego Harry dando uma piscadela pra Mary, que sorri. Ele sai pra rua.

Fofos do caralho!

Caminho em direção ao portão para fecha-lo assim que Rey passa por último.

— E aí? Tudo pronto pra ir, princesa? – Luke diz e eu ergo a sobrancelha.

Princesa?!

— Já disse pra não me chamar assim. – Carley diz e Luke ri, erguendo as mãos em rendição.

— Não tá mais aqui quem falou! – ele diz e Carley revira os olhos.

— Me fala onde é provável que seus amigos tenham ido... – ela diz a Luke.

— Veja... – ele puxa do bolso um mapa e dobra ele ao meio mostrando-o melhor a Carley – Acho que podem estar em algum lugar dessa área. Carley parece estudar o mapa.

— De quantas pessoas estamos falando? – Matt pergunta.

— Quatro. – ele responde.

— Então não vai ser um lugar tão pequeno assim...pode ser em alguma dessas lojas, ou até mesmo dentro do Plaza, dependendo de como tá o lugar... – Carley diz sem tirar os olhos do mapa.

— Dentro de um shopping?! Iria estar lotado de zumbis! – Harry exclama.

— Por isso que eu disse dependendo. De como. Tá. O lugar.— Carley diz dando ênfase em sua frase anterior.

— Não vai caber todo mundo na caminhonete! – o garoto que acompanha o careca diz.

— Isso não é problema! Socamos a galera no porta malas, Ken! – Luke diz.

— Nada disso. Vamos em carros separados...todos vamos separados de nossos grupos... – Carley desfoca do mapa e encara Luke.

— Como assim? – ele diz.

— Eu e meu amigo ali vamos com você. Rey e meu outro amigo vão no nosso carro com seu filho. – Carley diz apontando para Harry e depois para Matt. O homem parece chocado com o fato dela querer que Harry e ela o acompanhem.

— Eu não vou me separar do meu filho! – ele diz.

— Ninguém vai se separar de ninguém! Estaremos logo a sua frente, você vai ver o carro o tempo todo! Não teria porque eu machucar o garoto! – ela rebate e o homem morde o lábio. Ele olha pro filho.

— O que acha disso? – ele pergunta ao tal de Ken.

— Po-pode ser. Temos que achar eles, certo? É a única forma. – Ken diz, passando a mão pela cabeça. Luke fita o chão antes de voltar a encarar Carley.

— Feito. Vamos logo com isso. Preciso achar essas pessoas o mais rápido possível. – ele diz dando dois tapinhas no ombro de Carley e depois se virando rapidamente para sua caminhonete.

Todos se ajeitam nos carros e partindo logo em seguida. Eu fico pra trás, só os observando partir.

Um frio sobe em minha barriga.

Por algum motivo, tenho uma sensação ruim sobre isso....

Engulo seco ao ver os carros sumirem de minha vista, virando na esquina seguinte.

Sinto que pode ser a última vez que vejo algumas daquelas pessoas....