The New World

A Missão de Dois Grupos.


PONTO DE VISTA – HARRY

(11 dias desde a infecção.)

— Ainda não entendi o porque você faz essas porra. – digo impaciente. Rob fez esses desenhos de todos nós, mas não tinha feito o de Glenn ainda.

— Você é um chato, sabia? É bom ter registros! – Rob dizia ainda olhando pro caderno, trocando as vezes o olhar para Glenn, sentado a sua frente.

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Rob acordou um dia dizendo que queria desenhar a todos nós em seu caderno. Ele sempre foi bom com desenhos. Primeiro, ele se desenhou, depois fez Matt, Rey, Mary, Eu e Carley. Ele havia dito que não sabia se desenhava Glenn porque não sabia se Carley realmente o deixaria ficar, mas agora já fazia três dias que Glenn estava aqui e todos sentíamos que Carley não o expulsaria.

Depois do surto que ela teve na sala com todos nós, eu tive certeza de algo que de certa forma eu já sabia...Carley era a verdadeira responsável pelo grupo. Era a líder.

Eu cheguei a pensar que éramos mais como uma democracia, mas agora tenho certeza que não é assim que funciona...e eu não sei o que pensar sobre isso.

Acho que enquanto isso funcionar, não vejo problema. Estamos seguros, estamos bem e estamos vivos. É isso que importa. Carley nunca faria uma loucura...eu acho.

— Tá acabando, Rob? – Glenn perguntou.

— Aguenta aí, japa. – Rob passava um traçado mais forte agora, sem desviar o olhar. Glenn revirou os olhos.

— Coreano. – falou baixo e eu ri nasalmente.

Em apenas alguns dias, cheguei a conclusão que Glenn é um cara muito gente boa. Ele é prestativo, sempre tenta ajudar no que pode, e o melhor, aprende rápido. Ele já sabia de como funcionava as coisas aqui: Primeiro, ensinamos sobre os perímetros, ou seja, quem vai ficar no portão, quem vai ficar na cabine do Beco e quem vai ficar nos telhados.

Originalmente o perímetro só ficaria entre o portão e a guarita em construção no Beco, mas depois do dia que Glenn apareceu, Matt disse que os telhados tinham uma visão ótima para todos os lados, e que compensaria se fizéssemos uma espécie de plataforma entre a sacada da área externa e a escada posta no pequeno quintal da lavanderia. E assim fizemos. Agora, tudo era divido em três áreas de perímetro:

“O Beco”. “O Portão”. E “O Telhado”.

Depois, ensinamos a ele onde as coisas na casa ficam, ele vai dormir na casa de baixo que chamamos agora de “Casa B”, então não tivemos que fazer nenhuma mudança em nosso dormitório. Carley até disse que caso quiséssemos mudar de dormitório e dividir o quarto restante na Casa B, tudo bem. Mas ninguém quis se mudar, então Eu, Mary, Rey, Matt e Rob ainda dividimos o quarto e planejamos ficar assim.

Assim que Glenn se juntou ao grupo, suas coisas foram adicionadas as nossas. E agora tínhamos algumas armas novas e mais comida. Apresentamos todo mundo oficialmente no amanhecer de sua chegada, depois que Carley nos informou que Glenn ficaria e que agora estava alojado na Casa B.

Ele estava no quintal quando o encontrei naquela manhã, me disse que não queria sair passeando sem conhecer o lugar. Foi aí que apresentei a casa e todos os membros que fui encontrando pelo caminho a ele.

“Matthew, mas pode me chamar de Matt...”

“Rob. Bom... é Robert, mas absolutamente ninguém me chama assim então...”

“Mary. Bem vindo!”

“Eu você já conhece né? Lembra? Rey. Heh...que bom que tudo deu certo.”

Quando Carley se esbarrou conosco ela apenas gesticulou com a cabeça para Glenn, dizendo um bom dia. Eu lhe disse que estava apresentando a casa, e ela disse que não atrapalharia.

Acabamos descobrindo nos dias seguintes que Glenn é extremamente bom em buscar suplementos, pois era muito ligeiro. Ele quis sair na tarde seguinte de sua chegada, alegando que queria fazer algo para agradecer pela moradia. Carley hesitou inicialmente, mas acabou concordando e ensinando a ele como o sistema de comunicação de rádios funcionava. Ele disse a ela que havia passado por alguns lugares, e pediu permissão para fazer algumas anotações no grande mapa de Carley, que por sua vez, concedeu.

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Hoje, três dias depois disso tudo, estamos prestes a visitar um mini-mercado ao norte daqui, do outro lado da ponte próxima das redondezas, vamos caminhar um pouco até chegarmos lá. Vai ter duas buscas hoje: Eu, Carley e Glenn vamos atravessar a ponte em direção ao mini mercado, Mary e Rey vão atravessar a ponte conosco, mas vão pra direção oposta rumo a uma loja de conveniências. Matt e Rob vão defender o lugar, Rob no portão e Matt no Beco, pois todos estaremos bem a vista da guarita, não necessitando alguém nos telhados.

Mas pra isso, Rob tem que acabar logo essa porra de desenho.

— Falta só o detalhe da barba... – Rob disse rabiscando mais um pouco.

— Ok, já chega. Você acaba quando voltarmos! – eu disse dando dois tapinhas no ombro de Glenn para que ele se levantasse.

— Qual é! – Rob protestava enquanto Glenn se levantava com um meio sorriso e pegava o fuzil que ele havia encostado ali. Eu peguei a escopeta que havia deixado no balcão da cozinha e fui em direção a área externa.

— Na volta! – Glenn disse pra Rob que fechava o caderno em desistência.

Na área externa, Mary avaliava o mapa na mesa, usando sua pistola para segurar uma das pontas do papel, Glenn foi na direção da escada, mas eu estava andando na direção de Mary. Ele parou.

— Você não vem? – perguntou. Eu virei a cabeça, meio atordoado.

— Er...em um minuto. – disse meio sem jeito. Ele semicerrou os olhos, deu um sorriso de canto e desceu as escadas. Continuei indo em direção a Mary.

— Repassando o plano? – pergunto a ela, que ergue a cabeça e encontra meu olhar.

— Ah...é. O medo de fazer cagada sempre é grande! – ela diz sorrindo de canto e abaixando a cabeça novamente para o mapa. Eu rio nasalmente. Ficamos um tempinho num silencio constrangedor.

— Então...pra onde vocês vão mesmo? – ela diz, erguendo o olhar novamente. Eu dou a volta na mesa para ficar ao seu lado e aponto no mapa.

— Aqui. É pra onde vamos. – meu dedo está bem em cima de um risco a lápis, feito lá anteriormente por Glenn.

— Certo...eu e Rey vamos voltar por esse caminho, então podemos nos encontrar antes de cruzar a ponte para voltar pra casa. – ela move o indicador até um círculo azul no mapa, feito a caneta, bem em cima da onde a ponte fica – Não é você que vai cozinhar não né? Pra eu já estar preparada!

Eu rio.

— Sinto muito. Mas hoje sou eu!

— Merda! – ela abaixando a cabeça em derrota, ainda sem tirar o dedo da marca azul – Vou ter que viver de salgadinhos.

— Vai nada! Eu vou aprender uma hora! – digo a ela.

— Duvido! – ela responde e eu rio novamente.

— Você reclama tanto! Poderia me ajudar então! Aí tem menos chance de eu fazer merda... – começo a dizer e ela ri nasalmente enquanto dá um sorriso torto.

— Eu não mudaria em nada esse resultado, Harry! – ela responde balançando a cabeça enquanto me olha.

— Mudaria sim. – digo em resposta e ela ri mais uma vez, nos olhamos por alguns segundos enquanto rimos.

— Idiota. – ela diz e volta sua atenção ao mapa. Eu arrumo minha postura.

— Então...nos vemos aqui na volta. – eu falo e ponho minha mão no mapa, próximo ao circulo azul. Nossas mãos se tocam levemente e eu fico desconcertado por um instante e acabo recuando minha mão rapidamente. Ela também tira a mão.

— Er...então...vamos descer? – ela pega a pistola que segurava o mapa e começa a dar a volta na mesa.

— Vamos vamos. – digo rapidamente e desço as escadas junto com ela.

Quando finalmente chegamos ao longo quintal, vejo que Glenn, Carley e Rey já estão próximos do portão. Falavam sobre nossa missão de hoje.

— O importante é não demorar, como sempre. Pegar o que achar útil e dar o fora. – Carley dizia e Glenn balançava positivamente a cabeça.

— Talvez tenhamos que lidar com alguns cadeados. – Rey falou

— Pegou o alicate? – Carley perguntou e Rey confirmou com a cabeça.

— Eu peguei o outro alicate também. Vai dar tudo certo. – Glenn falou enquanto dava dois tapinhas na mochila que carregava. Todos nós tínhamos uma nas costas.

Mary e eu finalmente chegamos até eles, recebendo a atenção.

— Vamos? – Carley disse.

— Vamos. – Eu e Mary respondemos na mesma hora.

Matt, que estava em cima do portão, desceu do mesmo pela escada do quintal e se juntou a nós. Ele abriu o portão para que todos nós saíssemos e em cerca de alguns segundos já estávamos todos do lado de fora com armas de fogo de grande porte presas as costas, revolveres e pistolas na cintura e canos, suportes e machetes nas mãos.

Começamos a nos direcionar até a ponte, que ficava na extremidade esquerda da Rua Pevensie, matamos alguns zumbis que apareciam no caminho, mas nada que nos preocupasse ou que fosse fora do comum. Atravessamos a ponte, chegando assim no momento de nos separarmos. Fizemos um circulo na rua, para que conseguíssemos ver em todas as direções caso zumbis aparecessem.

— Certo. Todos sabem o que fazer: Loja de conveniência e Mini mercado, nos encontramos exatamente aqui na volta, pegue o que puder, se não puder trazer tudo, esconda em algum lugar na loja que voltamos para buscar em outro dia. Perguntas? – Carley disse e todos nós fizemos um não com a cabeça.

— Vamos nessa. – Mary disse e todos assentimos. Carley ergueu uma mão para Mary que deu um tipo de “toquinho”, fazendo um barulho no choque de mãos.

— Tomem cuidado. – Carley disse a Mary e Rey enquanto se desvencilhava do toque de Mary para fazer o mesmo tipo de “toquinho” com Rey.

— Vocês também. – Rey disse para todos, Carley foi em sua direção e estendeu a mão, repetindo o mesmo ocorrido com Mary – Não faz merda – ele disse a ela, que balançou negativamente a cabeça.

— Cuidado, tá? – Mary dava dois tapinhas no ombro de Glenn, que sorriu em resposta e afirmou com a cabeça. Rey ergueu um dedão positivo na direção dele, que fez o mesmo gesto de volta.

— Fica atento, beleza? Ah! E se achar cereal... – Rey começou a dizer me abraçando rapidamente de lado.

— É pra pegar os de chocolate, já sei. – disse a ele que riu nasalmente. Rey tinha me feito esse pedido no dia anterior, falando que estava morrendo de vontade de comer um cereal “descente”.

Fui até Mary e a abracei, ela se esticou um pouco graças a minha altura, mas retribuiu o abraço.

— Vê se não morre, água de salsicha. – falei, já tirando sarro da cor de seu cabelo. Ela deu um leve tapinha no meu ombro, ainda presa no abraço.

— Você também... – nos separamos do abraço, mas ainda estava em sua frente – Você tem que fazer comida hoje e eu não estou afim de passar fome, sabe?

Nós dois rimos. Então, de repente, Mary me pegou de surpresa e se esticou um pouco para me dar um beijo rápido na bochecha, senti minha pele corar e vi que ela pareceu ter ficado desconcertada.

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— Vai. – ela disse dando dois tapinhas no meu peito, eu não disse nada. Ainda estava processando o que acabara de acontecer.

Mary nunca foi do tipo que sai dando beijos em bochechas. Ela vive falando que é uma ogra! O que foi isso?

Não sei o que foi, mas sei que eu não iria reclamar.

Nosso grupo se separou, e cada um foi para um lado. Eu, Carley e Glenn de um lado e Mary e Rey de outro.

Era um caminho razoavelmente longo até o mercadinho, talvez uns vinte e cinco minutos andando caso não houvéssemos problemas...mas havíamos escolhido uma rota que julgamos ser segura.

Vamos ver o que que dá....

PONTO DE VISTA – REY

Havia se passado alguns minutos desde que saímos. Eu acredito que mais uns quinze minutos e estaríamos lá. Até agora, está tudo indo bem...encontramos alguns zumbis, mas não foi nenhuma quantidade realmente ameaçadora.

Mary e eu caminhamos no silêncio.

Chega, não aguento mais não falar nada!

Abro um sorriso malicioso e a olho, ela por sua vez não percebe meu olhar e continua caminhando olhando seriamente para frente.

— Mary? – eu a chamo sem mudar minha expressão, ela me olha e depois fica desconfiada com o que vê.

— O quê foi? – ela diz – que cara é essa?

Eu rio nasalmente.

— Sério que vai fazer a egípcia comigo, garota? – eu digo com um sorriso no rosto. Ela arregala os olhos e bufa.

— Que egípcia, menino?! – ela diz e eu não me contenho e começo a rir no meio da rua. Ela me olha como se eu fosse algum lunático.

— Em todos os anos que conheço você eu acho que eu NUNCA ganhei um beijo na bochecha! Cadê a Mary sem coração?! – eu digo e ela revira os olhos e bufa novamente.

— As pessoas mudam Rey, as vezes você nunca fez nada pra merecer um! – ela diz se virando novamente para frente e eu me divirto com aquilo.

— O Harry fez? – digo aumentando meu sorriso pensando em todas as possibilidades maliciosas possíveis. Ela se vira bruscamente para mim chocada.

— FEZ O QUÊ, HOMEM?! Tira essa cara daí! – ela diz e gesticula em direção ao meu rosto. Eu dou risada do nervosismo dela.

Vou zoar ela com isso pelo resto da minha vida. Ela tá ferrada!

— Você é patético. – ela diz com um sorriso de canto balançando a cabeça negativamente.

— Harry é um cara legal... – começo a dizer – e bonito também! – bato meu ombro no tela e ela ri da minha atitude, balançando novamente a cabeça.

— Dá pra parar?! Que ridículo! – ela diz, mas percebo que ela não está brava. Só está meio embaraçada com a situação. Eu rio e resolvo parar de brincar.

Por agora.

Ficamos mais alguns minutos no silencio, matamos mais alguns zumbis aqui e outros ali. Até...

*POW* *POW*

— O que foi isso?! – Mary se vira e encara o horizonte, eu faço o mesmo. Meu coração está acelerado.

— Não sei, mas é melhor corrermos pra nosso destino logo! – respondo.

— Mas e se for eles? E se for nosso grupo?! – ela se vira assustada pra mim e eu balanço a cabeça negativamente.

— Não acho que seja, acho que vem daquela direção... – aponto para uma das ruas próximas a nós – Eles estão do lado oposto se lembra? Eles não vão pegar essa rua, Mary.

Mary ouve cada palavra com atenção, olha novamente na rua que eu apontara e balança positivamente a cabeça.

— Certo, certo...melhor irmos rápido então, sim? – ela diz e eu afirmo. Apertamos nosso passo e continuamos a caminhar.

Enquanto caminhamos escutamos mais dois disparos. Eu me preocupo com isso.

Mesmo não sendo nossos amigos, isso significa que há pessoas por perto, e esses barulhos vão atrair zumbis, que podem futuramente vir para mais perto do nosso Forte...o que será que está havendo?

PONTO DE VISTA – HARRY

— Ouviram isso? – pergunto assustado.

— Não foi por aqui, veio daquela outra direção. – Glenn diz e aponta para a direção oposta a nossa.

— Foi tiro com certeza. Temos que apressar o passo! – Carley fala e se vira novamente para a frente, Glenn olha pra mim e depois segue Carley apressado. Eu vou dando passos lentos para trás, com meus olhos ainda no horizonte.

— E se for eles?! E se tiveram algum problema?! – pergunto apressando meu passo para acompanha-los.

— Até chegarmos lá eles já terão corrido para um lugar seguro, nos deixando no meio do problema, sendo que é bem mais provável que eles tenham corrido da bagunça. – ela diz sem me olhar, ainda apressando o passo – Levaria pelo menos uns vinte minutos até chegarmos lá, há mais chances de dar errado pra todos do que dar certo.

Eu apenas assinto. Ela está certa...mas meu coração aperta mesmo assim.

— Quanto tempo até o mercado? – pergunto, finalmente chegando até eles.

— Cinco minutos no máximo...estamos perto.

Começamos a andar mais rapidamente na rua, mais dois disparos são ouvidos enquanto andamos.

— Se tem tiros, significa que tem gente aqui perto! – Glenn diz

— Obviamente. Prefiro evitar pessoas que não conheço, como bem sabe. – Carley diz e Glenn ri nasalmente.

— Qualquer coisa é só fazer o teste suicida lá e pronto. – ele brinca e Carley balança negativamente a cabeça.

Carley nos contou na manhã do dia seguinte do que tinha feito para testar Glenn. Todos acharam um absurdo, mas eu pessoalmente achei bem genial. Foi uma boa sacada para testar realmente as intenções de Glenn...para ver que tipo de personalidade ele tem, e ele provou a si mesmo nos dias que se passaram.

Mais um disparo é ouvido, olhamos os três para trás enquanto estamos em movimento. Aumentamos mais o passo sem dizer nada.

Espero que tudo esteja bem.

PONTO DE VISTA – REY

— É aqui! – Mary diz e aponta para a porta dupla de vidro. Ela chega e segue o protocolo básico de invasão: dá dois tapas fortes na porta de vidro.

Alguns segundos se passam e três zumbis aparecem a porta, atraídos pelo barulho. Eles começam a dar tapas no vidro, tentando nos alcançar.

— Acha que é melhor quebrar o cadeado ou será que é melhor quebrar o vidro? – eu pergunto a Mary, que por sua vez coloca sua mão no vidro e o alisa.

— Hum...acho que o vidro é muito grosso. Podemos chamar mais atenção do que necessária. – eu assinto e começo a tirar a mochila da bolsa – Pega o alicate.

Deixo meu suporte no chão, tiro a bolsa das costas e a abro, tirando um alicate grande e vermelho. Vou em direção a porta enquanto Mary segura sua machete com ambas as mãos agora.

— Eu vou abrir, e depois, vou segurar a porta. Vou deixar passar um zumbi por vez pra podermos controlar melhor, certo? – eu digo a ela enquanto encaixo os dentes do alicate do cadeado a minha frente.

— Beleza. – Ela diz e tira a bolsa das costas, ficando só com a machete em mãos.

Forço minhas mãos no alicate até o cadeado ser quebrado. Assim que isso acontece, jogo o alicate pro lado e já seguro a porta. Os zumbis já estavam forçando a mesma, sabia que se eu não fosse rápido o suficiente eu não aguentaria segurar a porta e todo o plano que eu acabara de propor iria agua abaixo.

— Pode vir! – Mary diz e dá pequenos pulos, parecendo um tipo de aquecimento. Eu enfraqueço um pouco e um zumbi faz seu caminho para fora da porta. Eu volto a forçar o vidro para segurar os dois restantes enquanto Mary rapidamente enfia sua machete entre os olhos do zumbi.

Repito o processo e o segundo zumbi sai, este que por sua vez é morto com uma facada lateral acima da orelha, cortando parte de sua cabeça pra fora.

É estranho pensar que eu já não sinto mais nojo...

— Vou abrir! – digo a Mary que balança positivamente a cabeça. Eu solto a porta completamente, deixando o ultimo zumbi sair. Mary também o mata num ataque que ia de cima para baixo, e depois, apoia o pé no peito do morto o empurrando para longe, o que faz sua faca se desvencilhar.

Chega até ser engraçado pensar que agora temos certa habilidade pra lidar com esse tipo de coisa. Se isso fosse a quase duas semanas atrás, Mary provavelmente teria caído no chão junto com o zumbi.

— É isso? – Mary diz ofegante.

— Não sei...vamos ver. – respondo também aos suspiros enquanto pego o alicate e o coloco de volta na bolsa. Eu e Mary colocamos nossas bolsas nas costas, pego meu suporte do chão e nos direcionamos a porta de vidro já aberta.

Paramos no batente e eu bato com meu pedaço de suporte fortemente na caixa registradora ali próxima. Passos são ouvidos e escutamos o que parece ser o barulho de caixas caindo no chão, mas ninguém vem até nós. Mary aponta na direção do barulho e eu confirmo com a cabeça enquanto ela tira um pedacinho de papel do bolso de trás da calça, que eu identifico como sendo uma lista de coisas alguns de nós haviam pedido na noite anterior.

Passo pela loja de conveniência que foi levemente revirada, eu não escuto mais nenhum barulho, mas sei que veio de algum lugar daqui do fundo da loja...dou de cara com uma porta de madeira quase fechada, com somente uma fresta visível.

Me aproximo lentamente da porta e coloco minhas mãos na madeira, quando começo a empurrar a porta escuto uma arma ser engatilhada. A porta se abre e eu tenho uma surpresa.

PONTO DE VISTA – HARRY

— Pega tudo! – Carley diz pra mim quando eu passo próximo a sessão de enlatados. Eu abro a bolsa e vou pondo lata pós lata dentro da mochila.

O mercado não estava trancado quando chegamos, claramente há muitas coisas que foram levadas, mas nem tudo. Escuto o barulho de madeira caindo no chão e certa movimentação atrás do balcão, Carley tira o cano que carregava preso no cinto e começa a andar em direção ao balcão. Eu tiro meu revolver e o engatilho caso algo aconteça.

Uma tensão sobe no ar, até que a cabeça de Glenn surge com olhos arregalados por trás do balcão e Carley recua bruscamente, claramente tinha tomado um susto. Eu bufo e guardo minha arma.

— Que porra foi essa?! – Carley diz passando a mão na testa.

— Foi um zumbi? – pergunto.

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Glenn olha pra mim e pra Carley e parece reunir palavras.

— É-É. Foi...um zumbi. – ele diz e começa a procurar alguma coisa no balcão. Carley e eu trocamos olhares.

— Mesmo? – ela diz cerrando os olhos pra Glenn. Ele a olha e depois suspira, pulando o balcão com algo nas mãos.

— Foram umas caixas...e...um esfregão. Eu tropecei. – ele diz e eu rio alto. Carley ri nasalmente enquanto balança a cabeça negativamente, quando estava prestes a virar de costas pra Glenn ele a puxa para que se vire pra ele novamente.

— Mas eu achei uma coisa! – ele ergue a mão e mostra dois canos pretos diferentes a ela. Eu não reconheço o que é aquilo.

— Isso é.... – ela começa a dizer, claramente impressionada. Glenn sorri.

— Uhum. Silenciadores. – Carley sorri de leve e depois olha pra mim.

Caralho!

— Caralho! – exclamo.

— Boa, Glenn! Guarda na sua bolsa! – Carley diz satisfeita e dá dois tapinhas no ombro de Glenn, que sorri satisfeito e já faz o que lhe foi pedido.

— Vou checar o escritório! Continuem pegando as coisas uteis e o resto que está na lista! – ela diz e Glenn e eu concordamos.

Ficamos um tempo em silencio enquanto Carley caminha para os fundos do mini mercado. Vejo que a porta do escritório esta trancada, ela tira a arma do coldre, a trava, e a segura pelo cano, começando a bater a pistola contra a maçaneta de madeira.

Enquanto Glenn e eu pegamos tudo que podemos achar, ficamos todos em silencio com exceção as batidas de Carley na maçaneta.

— Então... – Glenn começa a dizer da prateleira de frente a minha, enquanto passava os olhos sobre alguns produtos – Não sabia que você tinha um lance com a Mary.

Eu arregalo os olhos, completamente pego de surpresa.

— Q-q-que? – gaguejo.

Eu não tenho nada com ela! Da onde ele tirou isso?!

— Mary! Quando você me apresentou o pessoal eu não fazia ideia que vocês... – ele começa a dizer, mas eu o corto.

— Eu não tenho nada com a Mary. – eu digo prontamente. Sinto meu rosto corar, Glenn ergue o olhar pra mim e sorri de canto.

— Sério? Não parece. – ele volta a atenção pra um shampoo e um pedaço de papel nas mãos, ele acaba guardando o produto na bolsa.

— Não temos nada. Somos só...amigos. De longa data. – digo completamente embaraçado.

— Hum... – Glenn diz e vejo que ele tem um sorriso no rosto. Eu paro de mexer nos produtos a minha frente. Carley finalmente quebra a maçaneta e entra na salinha.

Filho da puta!

— Olha, nós somos amigos desde a época da escola. Conheço ela desde o 7º ano! – eu me defendo.

— Foi desde aquele tempo que começou a sua queda por ela ou é mais recente? – ele diz na maior cara de pau sorrindo de orelha a orelha.

Filho. Da. Puta. Ele está se divertindo!

— Escuta aqui cara, não me leve a mal, mas você não me conhece muito bem pra estar julgando as coisas tão rápido assim! - eu falo e ergue as sobrancelhas.

Que cara abusado!

— Tá bom. Só estou dizendo que não tem nada de errado nisso, sabe? Se tiver uma queda, beleza. Se não tiver, tá beleza também. – ele diz voltando sua atenção para os produtos.

Eu abro a boca para dizer alguma coisa, mas Carley grita de dentro da sala:

— GENTE! VEM VER ISSO!

Seu tom de voz era animado, então supus que ela não viu perigo em nada, e sim viu algo empolgante.

E eu estava certo.

Assim que entramos, percebemos que o escritório já não era uma sala qualquer...o dono desse lugar provavelmente era algum colecionador ou algum louco consumidor de artefatos. As paredes eram lotadas de emblemas medievais, havia até mesmo um ESCUDO preso a parede. As estantes do recinto estavam cheias de livros de fantasia e de bonecos de ação. E acima da cadeira onde provavelmente o chefe se sentava, havia dois suportes.

O objeto que antes ficava preso ao suporte agora estava nas mãos de uma Carley sorridente e completamente impressionada e empolgada.

PUTA MERDA!

Carley segurava uma espada que parecia ter uns noventa centímetros, inteiramente prateada com uma rubi no meio do cabo preto.

PONTO DE VISTA – REY

— Não se mexe. Sei que não está sozinho. – o velho disse calmamente pra mim. Ele estava de pé no que identifiquei como sendo um banheiro. Ele tinha cabelos desgrenhados brancos e uma barba volumosa igualmente grisalha. Parecia já ter passado dos 65 anos. Era mais alto que eu, e apontava uma arma em minha direção.

— Ei, ei! Calma, não vou fazer nada! – eu respondi a ele.

— Quantas pessoas estão com você? – ele disse ainda calmo. Sua tranquilidade me assustava um pouco.

— Só eu e minha amiga. Abaixa a arma, sim? – eu digo pra ele, que me olha desconfiado e eu abro meus braços – Não precisa disso. Não vou te machucar e nem minha amiga vai.

— A não ser que você machuque ele. – escuto a arma de Mary ser engatilhada atrás de mim, e ela aponta a arma para o velho que por sua vez aponta para ela também.

— Calma, calma! Não precisa ninguém apontar pra ninguém. Vamos todo mundo abaixar a arma? Que tal? – eu digo e o velho parece querer fazer isso.

— Você primeiro. – ele diz para Mary.

— Nem a pau, Papai Noel. – Mary zomba

— Mary! – eu a repreendo.

— Que tal ao mesmo tempo? – o velho sugere.

— Boa! Abaixa, Mary. – eu falo pra minha amiga, que me olha confusa e depois olha pra o velho.

— Sem gracinhas vovô. – ela começa a abaixar lentamente e ele vai abaixando a arma também até ambos estarem com as armas no coldre.

Porra! Que que acabou de acontecer?!

— Certo...hãn... – começo a falar meio desconcertado com a situação. Me viro para o velho.

— Como veio parar aqui? – pergunto a ele.

— Pela janela. – ele aponta a janela quebrada – entrei por aqui.

— Como se chama? – Mary pergunta a ele. Ele hesita um pouco, mas acaba falando.

— Hershel. Meu nome é Hershel. – ele diz e estende a mão pra ela, Mary olha confusa pra mão mas acaba apertando.

Ok...beleza. Estamos fluindo.

— Sou Mary. Esse é o Rey. – Mary nos apresenta, e ele estende a mão para mim logo em seguida, eu a aperto.

— Está sozinho, Hershel? – pergunto a ele.

— Não. Minhas filhas estão perto. Tenho duas... – ele responde preocupado – foram vocês que deram os tiros?

— Não. Chegamos a pouco tempo. – Mary responde e vejo a expressão dele ficar surpresa.

— N-Não foram vocês? E só tem vocês dois mesmo?! – ele começa a ficar agitado, a tranquilidade não é mais notável em sua voz.

— Não. Bom...na verdade nosso grupo se dividiu em dois hoje, cinco saíram em missão ao todo. Eu e a Mary aqui e os nossos outros amigos, que estão bem mais longe daqui. Não teve como ser eles devido a distancia. – Eu respondo.

Ele parece chocado. Começa a olhar em volta completamente preocupado.

— Meu Deus...meu Deus! – ele começa a abrir caminho para sair da loja apressadamente.

— Ei! Aonde vai?! – grito em sua direção. Ele não se vira, continua andando apressadamente para a porta.

— MINHAS FILHAS! – ele grita para nós e corre para fora da loja.