Charlie sumiu

Prólogo


Quem via Arthur Slugworth, pensava logo que ele era um homem duro, ranzinza e sempre atrasado para algum trabalho. De fato, Slugworth era um homem ranzinza e duro, mas não estava atolado de trabalho. Sua fábrica era a segunda que mais vendia chocolates e outros doces em todo o mundo e só perdia para seu eterno rival: Wonka’s Candy Company.

Arthur era muito inteligente e sagaz, capaz de copiar uma receita de Willy com quase perfeição só de provar um dos doces ou ter acesso aos ingredientes descritos na embalagem. Ele também era magro e não gostava muito de doces, mas amava barrinhas de cereais e goma de mascar, algo que o diferenciava, e muito, de seu maior rival. Sua altura era disfarçada com seu andar um pouco curvado para baixo, o que sempre fazia Willy zombar sobre a curvatura de suas costas ser culpa de seus fracassos em pôr as mãos nas receitas Wonka ou de copiá-las com perfeição.

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É, de fato, errôneo pensar que Arthur Slugworth sempre fora fracassado em suas metas. Quem era bom de memória podia lembrar-se de quando ele fez Willy Wonka jurar que fecharia a fábrica para sempre e isto aconteceu quando Arthur não só colocou as mãos em um dos livros de receitas, como também havia vendido todas elas aos outros concorrentes.

Arthur ainda conseguia escutar o eco dos autofalantes: eu fecharei a minha fábrica para sempre.

O vilão assoprou a fumaça do cigarro que fumava. A banca de jornal à sua frente tinha, em três editoras diferentes, o rosto de Charlie Bucket estampado. O herdeiro Wonka, pelas manchetes, estava para terminar a faculdade com louvor e seria o orador da turma.

A mente maligna do vilão começou a matutar algumas ideias. Ele nunca entrara na fábrica, também nunca conseguiu contato com aquele garoto que falava entre os dentes e fora uma das crianças ganhadoras da visita à fábrica¹, a única pessoa que facilmente poderia lhe dar dicas importantes sobre o que Wonka estava aprontando.

Mas, o herdeiro da fábrica poderia lhe ser um caminho. Willy não havia impedido o menino de seguir com uma vida quase normal e, mesmo que não fosse muito comum ele ter atividades fora dos portões da fábrica, ir até o prédio da faculdade se fazia rotina.

Arthur arrumou o chapéu coco que tampava suas gigantescas entradas da cabeça. Já sabia o que fazer.

E desta vez, ele finalmente iria conhecer todos os cantos da fábrica.