Era um dia brilhante quando a vi pela primeira vez, saindo daquela joalheria de braços dados com um homem. Usava um vestido branco que a deixava mais jovem e ria feliz, a cabeça inclinada para trás. O som de sua gargalhada e o balançar de seus cabelos castanhos me fascinaram ali, naquela mesma hora.

Um último olhar que ela lançou para as vidraças da loja e sua pulseira de esmeraldas deu-me a informação que eu precisava: Ela era uma amante das jóias e eu tinha a certa para ela. Não estou bem certo de quando tomei essa decisão, mas jamais a questionei ou me arrependi. Só sei que foi ali que tomei essa decisão, que provou ser a melhor de minha vida.

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Segui os pombinhos. Ele como um bom cavalheiro, deixou-a em casa e despediu-se, beijando-lhe a mão, indo embora cedo. Chamou-a Marion, algo que me chamou a atenção. Eles eram de fato íntimos. Noivos, como vim a saber mais tarde. Íntimos de mais para a época e para a cidadezinha onde morávamos, uma vez que eles saíram a sós.

O lar de meu objeto de desejo era um casarão antigo, azul e branco, rodeado de salgueiros. Observei-a atentamente e dei-me conta que era o lar dos Goddard.

Voltei à minha mansão, indo diretamente para meu quarto. Lá, abri a cômoda que ficava ao lado de minha cama – cama essa raramente usada – e tirei um porta-jóias que pertencia à minha mãe. Dentro dele estava o que eu procurava: era uma pedra de brilho avermelhado, semelhante a um rubi. Minha pedra de sangue, herdada de minha mãe –aquela que me deu a vida e mais tarde, me trouxe da morte.

Comecei a trabalhar nela, tirando um pequeno pedaço. Ao cair da noite, levei-a ao joalheiro da cidade. Apenas uma olhada em seus olhos e o pobre homem estava pronto para me obedecer cegamente. Passei a noite ali – precisava me certificar que ele faria o anel em prata perfeitamente, e que ele não desperdiçaria nenhum pedaço de minha pedra.

O anel ficou pronto à uma da madrugada. Fiz o joalheiro embrulhá-lo decentemente e vim embora.

Bastava entregá-lo à minha dama.