Coincidências

Conotação Sexual


— Seu aniversário está chegando, planeja fazer alguma coisa? – Perguntou James.

Fred, que era adepto de arrumar qualquer desculpa para dar uma festa, logo tirou os olhos da televisão.

— Que tal uma festa?

— Se for só nós da família tudo bem.

Fred olhou-me visualmente decepcionado, antes que ele começasse a argumentar, resolvi ceder.

— Tudo bem. Pode convidar quem você quiser e não me enche o saco.

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— Mas eu não disse nada!

— Fred, você é tão enigmático como uma porta.

— O que isso quer dizer? – Fred perguntou para James.

— Não faço ideia.

Revirei os olhos.

— As portas não são misteriosas, não guardam segredos, são só portas, todos sabem disso.

— Então eu... não sou misterioso e tenho uma maçaneta?

— Que apelido interessante para o órgão genital – Comentou James.

— Eu quis dizer que você não sabe guardar segredos, seus pensamentos ficam estampados no seu rosto.

— Essa é possivelmente a pior metáfora que eu já ouvi.

— É para combinar já que você é possivelmente a pior pessoa que eu conheço.

James imitou o som de um soco.

— Alguém não vai ganhar presente este ano.

— Por que ela se comportou mal? O que você é? O papai-noel? – James debochou.

— Se com isto você quer dizer que eu tenho um saco grande, você está certo.

— Fred!

— Quantos anos você tem mesmo? – James zombou.

— Como Dominique te aguenta? – Perguntei.

Ele suspirou.

— Foi mal. Bebi algumas cervejas depois do trabalho.

— Algumas? – Debochei.

Fred deu de ombros.

— Eu estava cansado. Recebi vários pedidos e o estúdio está uma desordem. Preciso de um assistente.

— Levando em conta que você é o proprietário não é de se admirar que tudo lá esteja um caos – James alfinetou.

Fred fingiu uma risada.

— Como está o seu estágio, James? Cansado de carregar tantos cafés?

— Não se preocupe, Fred. Pelo menos ainda tenho tempo para transar, já você...

Confesso que senti uma pontada de ciúmes. O fluxo de garotas no apartamento havia recomeçado e eu não deveria, mas estava incomodada.

— Quem disse que eu não transo?

— E os tópicos das conversas ficam cada vez melhores – Comentei.

— É uma sexta à noite e você está em casa.

— Não que seja da sua conta, mas vou encontrar Dominique às 21hr.

— Você ia.

— Que?

— Já são 21:10.

Fred tateou a calça, procurando o celular, mas não o encontrou. Ele saiu correndo para o quarto e o ouvimos xingando.

— Dominique vai ficar furiosa.

— Não posso dizer que vou sentir pena dele.

Eu não disse nada. James e Fred eram melhores amigos, mas havia certa rivalidade entre eles. Amigável, mas ainda uma competição.

— Você não vai sair hoje?

— Está me expulsando?

— Claro que não.

— Não. Vou ficar em casa com o meu jornalista favorito.

— Pare de ser bajuladora, garota. Não é assim que você vai conseguir ganhar um presente melhor.

— Como é que eu vou?

Ele deu um sorriso malicioso.

— Eu até diria, mas você é uma garota comprometida agora.

Dei um sorriso sarcástico e torci para que ele não percebesse o efeito que me causava.

— Menos, James. Muito menos.

Ele fechou o notebook e se inclinou sobre mim.

Comecei a entrar em desespero. Ele não ia...

Senti seus dedos relarem meu braço quando ele fechou a mão em volta do controle remoto.

Respirei fundo, porém discretamente, quando ele voltou ao seu lugar.

— O que você quer assistir?

Tirei as pernas da mesa de centro e levantei-me.

— Nada. Vou para o meu quarto.

Ele assentiu e eu fugi dali.

Era um saco o ser humano ser tão refém dos desejos carnais.

Mais tarde enquanto eu lia, James bateu na minha porta.

— Chocolate quente?

É claro que depois daquela proposta irrecusável, acabei voltando para a sala e passando o resto da noite assistindo filmes com ele.

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— Como o Malfoy e você estão?

— Estamos bem.

Ele não disse nada.

— Por que estamos assistindo isso?

— Porque tem a Karen Gillan.

— Preferia assistir ao Jack Frost.

— Só você para sentir tesão por um desenho.

— Não é tesão, é amor platônico.

Ele revirou os olhos.

— Como está no jornal?

Recentemente James havia conseguido um estágio em um dos jornais da cidade.

Ele coçou sua barba rala e deu um pequeno sorriso.

— Melhor do que eu achei que seria.

— Estão te dando maconha lá?

— Que pergunta é essa?

— Você não vai tirar isso? – Apontei para o seu rosto.

— Estou pensando em deixar crescer.

— Eu prefiro sem.

— Isso não muda nada.

— Grosso.

Ele riu.

— Você já sabe o que eu penso sobre isso.

— Parvo.

James se limitou a sorrir.

— Não vai me contar detalhes do trabalho?

— O que você quer saber?

— Tudo. O que você faz? As pessoas são legais? A barba é uma imposição para os jornalistas? As pessoas são inteligentes? Sua chefe é chata?

— Ela é bem bacana. Tem um puta currículo. As pessoas são agradáveis, sem noção às vezes, mas bem legais. Quase todo mundo é inteligente. A barba é porque eu quero. E eu...

Torci o nariz.

— O que foi?

— Você disse que quase todo mundo é inteligente, ou seja, há alguns que não.

— Sempre há, porém eles fingem bem.

— Você está gostando?

— Sim. Só quero sair da coluna de eventos logo.

— Você pelo menos ganha ingresso para eventos legais?

— Claro, qualquer dia te levo para assistir o coral de idosos da cidade – Ele debochou.

— Não zombe! Eles devem ser fofos.

— Eles são bons, mas não é o melhor programa para um fim de semana.

— Você é talentoso, logo sai.

Ele assentiu.

— Você acha que o relacionamento do Fred e da Dominique vai durar?

— Eu não sei.

— Vamos fazer uma aposta?

— Eu não vou apostar o relacionamento dos meus amigos, James!

— Fica só entre nós.

— Não.

— Vou ver se Albus aceita.

Revirei os olhos.

— Se ele aceitar vai se ver comigo.

— E eu?

— Eu já estou te vendo – Fiz graça.

— Gostava mais quando a gente se via de outras formas.

— Olha, ele vai matar o cara! – Apontei para a TV.

Ele riu com a minha dissimulação.

Eu lhe dei o que considerei ser um sorriso cândido.

- Você e o Malfoy...

— Isso de novo?

— Como vocês realmente estão?

— Bem. É sério, James.

— Você gosta dele?

— Sim.

— Está apaixonada?

— Você faz perguntas demais.

— Pensei que compartilhássemos tudo.

— Você quer transar com o Scorpius? É disso que isso se trata?

— Com certeza. Aqueles olhos cinzas me acendem. Não disse do que – Dei um tapa em seu braço.

— Nem onde – Eu ri.

— Você tem uma imaginação fértil demais.

— Você nem imagina.

— Sabe, eu estive pensando – Ele escorregou mais no sofá e colocou as pernas sobre a mesa de centro – Acabei deixando minha ideia de criar uma religião hedonista de lado.

— De novo isso.

— É uma ideia boa demais para ser deixada de lado.

— Não sei se religião é a palavra certa para o que você quer criar.

— Você tem razão, acho que clube é melhor.

— E qual seria o nome?

— Club Private.

— Que original.

— Clube do Prazer.

— Óbvio demais.

— Vamos deixar o CP anterior mesmo.

— CP. Que pode ser facilmente entendido como clube do pênis.

— Você pegou o espírito da coisa.

Revirei os olhos.

— Eu só preciso pensar em como encontrar pessoas cultas e pervertidas o suficiente.

— Faz um anúncio no jornal.

— “Jovem procura rapazes e moças para iniciar clube erudito e contemporâneo”.

— Quanto eufemismo!

— Achei que fosse você que gostasse de eufemismos.

— Você presume muitas coisas sobre mim.

— Eu não estou presumindo nada, você me disse isso. Naquele dia. Não se lembra?

— Minha memória não é uma das melhores – Menti.

— Suponho que eu tenho que te lembrar de algumas coisas então – Ele se ajeitou no sofá, deixando seu torço pender para o meu lado. Seu ombro quase encostando o meu.

Ergui uma sobrancelha.

— Não acho que exista algo que eu precise me lembrar.

— Isso é por que você se lembra de tudo?

Eu ri, esperando soar sarcástica e não nervosa.

Voltei os olhos para a televisão tentando parecer interessada, mas eu nem me lembrava mais qual filme era.

— Não vai me responder?

— Era uma pergunta? Achei que era você tentando ser engraçado.

Ele bufou.

— Não sei por que você está insistindo nisso.

James me encarou, seus olhos desceram até minha boca. Ficando ali por tempo demais.

Corei.

Quis morrer.

Ele sorriu.

— Porque gosto de te deixar abalada.

— Eu não estou abalada!

— Então, por que você corou?

— Porque eu me lembrei de uma piada pornográfica.

— E os braços cruzados e essa postura defensiva?

— Engoliu um livro de linguagem corporal?

— Peguei da sua estante.

— Sem pedir?

— Você estava no banho, não quis atrapalhar – Antes que eu tivesse a chance de falar, ele continuou – Na verdade, eu quis muito te atrapalhar.

Ele se aproximou mais um pouco.

— James...

— Sim?

Cerrei os lábios.

Seria tão mais fácil se ele não tivesse um rosto bonito.

— Tem mais espaço do outro lado do sofá.

Ele riu

— Eu sei.

— Desencoste.

Como sempre, ele me ignorou. Se ajeitou no sofá, encostando seu rosto no meu braço.

— Eu gosto daqui.

— Você é um folgado.

- Eu sei – Seu rosto se voltou para a TV e ele se sentiu confortável o suficiente para passar o resto do filme encostado em mim.

Deixei-o ficar até que a o meu braço ficou dormente e a minha fome despertou.

— James – Eu o cutuquei. Seu rosto estava sonolento.

— Hum?

— Preciso levantar.

Ele se afastou e eu me levantei.

— Quer alguma coisa?

James deitou no sofá, parecia que ia cair no sono a qualquer momento.

— Você na minha cama.

— Alguma coisa da cozinha!

— Não, obrigado.

Quando voltei para a sala, James estava dormindo.

Coloquei meu lanche na mesa e agachei-me pronta para acordá-lo.

— James – Cutuquei seu ombro – Vá dormir na cama.

— Não quero.

— Pare de frescura.

— Não consigo me levantar.

— Eu te ajudo – Cutuquei seu braço – Vamos.

Ele sentou, esfregou os olhos.

— Ainda é cedo para sentir sono.

— Eu não tenho dormido muito bem nos últimos dias.

— Deve ser as garotas.

— Ciúmes?

Abri a boca pronta para negar, porém recebi um tapa na cara do meu próprio cérebro.

Figurativamente falando, é claro.

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Ciúmes.

Eu não acreditava que aquilo estava acontecendo.

— Para de ser idiota – Eu falei tanto para James quanto para mim.

Ele riu e se levantou.

É claro que ele não deu mais de dois passos sem trombar em alguma coisa.

— Parece que você bebeu.

— Sono deturba nosso equilíbrio.

— Eu estou vendo – Segurei seu braço e o arrastei para o seu quarto.

— Senta.

Ele sentou.

— Pronto. Agora você faz o resto.

Ele resmungou alguma coisa que não entendi.

— O que?

— A última vez eu cuidei melhor de você.

— E você sabe como terminou.

— Eu não me importaria se acabasse da mesma forma.

— Com você dormindo antes de me dar um orgasmo? Acho melhor não.

Ele deitou na cama e começou a rir descontrolavelmente.

— Nem foi tão engraçado assim.

Ele não parou.

Bufei.

— Boa noite, James.

— Espera.

— O que?

— Me dê um beijo de boa noite.

— Você não é mais criança.

— Você me chamou de criança essa semana mesmo.

— Agora você já cresceu. Se tornou adolescente com o seu primeiro porre.

— É só sono.

— Parece a mesma coisa.

— Mas eu ganho um beijo?

— Não.

— Você é má, Rose Weasley.

— Boa noite, James.

— Boa noite.