Maneira de Lidar

Primeiro Mês


O loiro já havia perdido as contas do número de vezes que havia despertado antes que a luminosidade dos dias nascentes adentrasse seu quarto, apenas naquela semana.

Como todas as outras vezes, foi a falta de algo que se habituara com afinco que o arrancara de seus sonhos confusos e enevoados, fazendo com que piscasse, aturdido e, em seguida, levantasse preocupado.

Do lado direito da cama, onde deveria estar repousando sua companheira, havia apenas o cobertor franzido e dois Kwamis, um tanto embolados, que justificavam a sensação de vazio que o acometia a cada manhã.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Entretanto, não demorou muito para que os olhos verdes intensos captassem uma nesga de luz saindo da porta entreaberta do banheiro da suíte, e logo o loiro se viu caminhando para lá.

Antes que se desse conta, já estava segurando os cabelos negros e medianos da figura deplorável de Marinette, que encontrava-se debruçada sobre o vaso sanitário.

Àquela cena vinha se repetindo, todas as manhãs, nos últimos dez dias e, segundo a obstetra que consultaram, poderia durar ainda pelos próximos dois meses. Se tivessem sorte.

— Eu disse para me chamar quando estiver passando mal. - Repreendeu, com jeito, vendo a namorada tossir.

— Na maioria das vezes, mal tenho tempo de chegar aqui. - Rebateu ela, ofegante. - Além do mais, esse banheiro é pequeno demais para que duas pessoas passem a noite nele. Uma é o suficiente. - Fez piada da própria situação, imediatamente arrancando um sorriso involuntário do loiro.

Marinette era assim: Dramática, intensa, desastrada e extremamente otimista. Sempre tirava sarro dos próprios problemas, para que parecessem menores, a fim de encontrar motivação para seguir em frente. O contraste perfeito com o ex-modelo, que era mal-humorado, pessimista e resmungão.

Quando a jovem já não tinha nada mais para jogar para fora, Adrien a ajudou a levantar, e ficou por perto enquanto lavava o rosto e escovava os dentes, temendo que fosse vencida pela fraqueza. Mas claro que ele não deixava que ela percebesse isso. Afinal, seu orgulho heróico e independente culminavam em uma teimosia que tornavam a tarefa de auxiliá-la um verdadeiro desafio. Ela era aquela que ajudava, não o contrário.

O casal caminhou de volta para o quarto e, quase em sincronia, tornaram a se deitar, com cuidado, para não despertar os Kwamis, a fim de aproveitar a hora e meia que os separavam do clarear.

Contudo, assim que descansou o corpo sobre o colchão, Adrien conseguiu ouvir a namorada choramingar.

— Ainda enjoada? - Indagou, virando-se para ela.

— A questão é, quando não? - respondeu, com outra pergunta. - Eu vou precisar ser mais que a Ladybug para lidar com isso, gatinho. - Brincou, chorosa, fitando o teto, arrancando uma risada do loiro.

— Eu sei que você consegue. - Incentivou, equilibrando-se sobre o cotovelo, de modo que ficasse inclinado sobre ela. - Porque você é a mulher mais incrível que eu conheço. - Completou, sabendo, mesmo no escuro, que ela ruborizara.

— Sei disso, gatinho. - Falou, apertando as bochechas dele, a fim de espantar o constrangimento.

Novamente, adrien riu. Ainda achava curioso como, mesmo após tantos anos de intimidade, a morena corava em momentos específicos.

— Dá pra parar com a melação agora? - Uma voz ranzinza e irritante engrolou, cortando o clima completamente. - Eu quero dormir.

Dessa vez, Marinette foi quem gargalhou, vendo a irritação crescer no rosto do companheiro enquanto ele encarava o Kwami negro.

— Então vá procurar um lugar para você! - Reclamou Adrien. - Não me lembro de tê-lo convidado para nossa cama.

Plagg ergueu a cabeça, estreitando os olhos irritado, enquanto o loiro apenas ignorava o fato de ser praticamente fuzilado pelas orbes verdes fluorescentes.

— Só não digo mais nada, porque nos próximos anos você nem vai saber o que é dormir direito, Agreste. - A criatura felina avisou, abrindo um sorriso zombeteiro. - Então você vai se lembrar de todas as vezes que perturbou meu sono. Vai pagar os próprios pecados.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Eu tenho pagado, parceladamente e com juros desde conheci você. - Rebateu, virando-se para o lado oposto e fechando os olhos. - Boa noite. - Resmungou.

Contudo, sequer dois segundos haviam passado, antes que o movimento brusco sobre o colchão denunciasse que Marinette havia levantado correndo. De novo.

Resignado, o loiro tornou-se a levantar, e seguiu-a para dentro do banheiro.

— Boa noite!!! - Só então, Plagg respondeu, zombeteiramente, fazendo questão de ajeitar-se sobre o travesseiro do portador.

— Você não presta. - A voz fininha da Kwami joaninha, que não fizera questão de abrir os olhos para manifestar-se, acusou.