Por Amor

Nobreza


Londres, 1863

Após os seis dias de viagem já estávamos de volta a Londres indo em direção ao palácio real, onde a rainha Vitoria estava a nossa espera, o que me deixava preocupado.

Afinal, o príncipe consorte Albert havia morrido há três anos atrás, e desde então a rainha havia se entregado ao luto profundo retirando-se da vida publica e abdicando de cores em suas roupas. Desde então, nossa soberana só usava preto.

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O emissário real nos conduziu até a sala do trono e pediu que aguardássemos a chegada da rainha, mas em seguida entraram o Conde Davies e sua esposa e para minha surpresa meu pai entrou em seguida.

—O que o senhor faz aqui?- questionei serio assim que meu pai se aproximou de mim.

—Só quero a justiça meu filho.- meu pai disse serio.

—Pai, o senhor sabe realmente o que está fazendo?

—Sei meu filho.- ele disse serio enquanto olhava para os condes.

—O senhor pode condenar a morte a sua nora e o seu neto. Está disposto a conviver com essa culpa pelo resto da sua vida?- sussurrei para ele tentando evitar que Elisa ouvisse.

Mas meu pai não pode dizer nada, pois logo ouvimos algumas cornetas anunciando a entrada da rainha.

Todos fizemos reverencias enquanto sua majestade seguia para o seu trono e se acomodava no mesmo.

A rainha Vitoria usava um vestido todo de renda preta, uma faixa azul que representava o símbolo do reino e um véu igualmente de renda preta que sustentava uma pequena coroa cravejada de diamantes. E apesar de ter somente quarenta e quatro anos a rainha aparentava ter muito mais.

—Pois bem, o que temos aqui Frederico?- a rainha questionou para seu assistente que fez uma reverencia antes de ir até a mesma.

Frederico conversou de forma baixa com a rainha por alguns minutos até que a mesma balançou a cabeça concordando e o dispensou.

—Pois bem, agora que estou ciente do problema, quero ouvir as parte. Conde Davies, por favor, comece a falar.- a rainha disse e ele sorriu antes de começar a contar uma historia absurda de que Elisa matou sua filha e tomou o lugar da mesma.

Apesar de furioso pela mentira que o conde estava contando, eu não poderia intervir, pois poderia ser pior para minha esposa.

Assim que o conde terminou de contar a sua historia fantasiosa foi a vez do meu pai, que me surpreendeu. Pois o mesmo disse que não estava com raiva de Elisa, pois a mesma havia sido chantageada, já os condes deveriam pagar por se aproveitarem de alguém que não podia se defender.

Por ultimo foi a vez de Elisa, que contou tudo o que passou na casa dos Davies, e de como os condes armaram para que ela assumissem o lugar de sua filha, enganando assim a minha família. Mas ela jurou a rainha que estava arrependida, afinal nunca quis enganar ninguém, tudo que tinha feito era para proteger seu irmão.

—É uma historia realmente fascinante, digna de um livro.- ela disse surpresa pelos relatos.- Mas gostaria de ouvir a opinião do mais afetado nessa historia. Dr. Redford, o que me diz dessa historia?

—Que ela é realmente fascinante majestade. Afinal, uma irmã que abdica de sua identidade para proteger seu irmão é algo que não vemos todos os dias. Mas o fato de pessoas abastadas usarem seus privilégios para oprimirem os indefesos é algo rotineiro em nosso dia a dia. Os condes usaram seus poderes para chantagearem uma inocente apenas para receberem o dinheiro prometido por meu pai. Os dois nem ao menos se preocuparem se Elisa iria estar bem conosco, eles simplesmente fecharam um negocio e esqueceram o que tinham feito.- disse e os condes tentaram dizer algo mais a rainha os mandou ficarem calados.

—Mas apesar de tudo o que houve, devo agradecê-los. Afinal, me casei com uma mulher maravilhosa, pela qual me apaixonei perdidamente, e compreendo tudo o que ela fez, pois se estivesse em seu lugar faria a mesma coisa para proteger minha irmã.- disse e a rainha sorriu surpresa para mim.

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—O senhor é um excelente jurista, deveria voltar a exercer a sua profissão.- a rainha elogiou e agradeci.

— Como sabem, me retirei da vida publica e meu filho está tomando conta de todos os problemas do reino. Mas esse caso, me fez sair de meu exílio para julgá-lo, afinal se trata de parentes meus. Parentes que sempre me deram dor de cabeça, mas que hoje passaram dos limites.- a rainha disse seria enquanto olhava para os condes.- O que os dois fizeram foi algo imperdoável, que envergonha toda a casa Hanôver. E como punição por tudo que infligiram a Srta. Morgan, todos os seus bens serão entregues a ela como indenização.

—Mas isso é inadmissível.- o Conde Davies gritou furioso.

—Não teste a minha paciência Charles.- a rainha disse furiosa e o mesmo se calou.

—E como indenização por ter lesado os Srs. Redford, os mesmos receberam o valor duplicado pago para os Davies.- ela disse e meu pai agradeceu.

—Guardas, retirem os meus parentes da sala, por favor.- a rainha pediu e os guardas retiram a força os condes que protestavam furiosos.

—E agora minha jovem, gostaria de lhe dá um presente em especial.- a rainha disse a minha esposa que ainda estava atordoada em saber que havia ficado com as propriedades dos Davies.- Sei que meus primos não estavam em uma situação confortável, e que suas propriedades lhe darão mais dor de cabeça do que felicidade, então lhe concederei o perdão de todas as dividas dos Davies, assim como uma boa soma de dinheiro para que viva confortavelmente com a sua família, para que seu filho não tenha preocupações.

—Obrigada majestade.- Elisa disse entre lagrimas e fez uma reverencia assim como eu.

—De nada minha criança, mas isso não é tudo.- a rainha disse e logo seu assistente veio até ela com uma grande almofada que possuía uma pequena espada e uma linda tiara.- Venha até mim Srta. Morgan.

—Está tudo bem.- assegurei a Elisa que estava nervosa com o pedido da rainha.

Temerosa, minha esposa caminhou até a rainha que indicou que a mesma deveria se ajoelhar, e um guarda a ajudou.

—Eu, Rainha Vitoria, soberana do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda Imperatriz da Índia, concedo a você, Elisa Morgan o titulo de Duquesa de Carlisle.- a rainha disse enquanto encostava a ponta da espada em cada ombro de Elisa e por ultimo colocava a tiara em sua cabeça.

Meu pai e eu nos entreolhamos surpresos, afinal não esperávamos isso da soberana.

—Vá minha criança, e viva feliz.- a rainha disse e Elisa agradeceu antes de fazer uma referencia e se levantar com a ajuda de um guarda.

O titulo de duquesa era um dos altos títulos da realeza, era apenas destinado as filhas da rainha ou a alguém que o soberano queria recompensar, era imediatamente superior ao de marquês e inferior ao de infante.

—Vossa graça.- meu pai e eu dissemos e fizemos uma reverencia assim que Elisa se aproximou de nós.

—Cavaleiros.- Elisa nos cumprimentou sorrindo.

—Espero que todos sejam felizes.- a rainha desejou e agradecemos.

Fizemos uma reverencia a soberana antes de sairmos da sala do trono.

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—É quem diria. Papai queria que seu primogênito casasse com uma Lady, mas ele agora está casado com uma duquesa.- minha irmã comentou enquanto estávamos na sala da casa dos meus pais.

Meu pai havia insistido assim que saímos do palácio de que deveríamos ir descansar um pouco, afinal estávamos com a aparência de cansados e concordei, pois Elisa não havia descansado nada durante a viagem e ela estava exausta.

Assim que chegamos a casa dos meus pais, todos nos receberam felizes da vida, e meu pai pediu perdão a Elisa por tê-la tratado daquela forma, e minha esposa o perdôo.

Depois foi a minha vez de perdoá-lo, pois no final entendi que ele só queria que os condes pagassem por terem prejudicado uma jovem inocente.

—Tecnicamente minha irmã, eu me casei com Teodora Davies, mas como a mesma está morta, meu casamento não tem nenhuma validade.- disse e todos me olharam surpresos.

—Mas houve uma cerimônia...Uma festa perante toda a sociedade...E a consumação da união...- minha mãe disse perdida em suas lembranças.

—Eu sei mamãe, mas agora que toda Londres sabe o que houve, para todos Elisa não é minha esposa. Para a sociedade ela é apenas minha amante que está esperando um bastardo.- disse preocupado com essa situação, afinal jamais quis que isso acontecesse.

—Precisamos resolver isso logo, James. Essa menina não merece passar por isso, ela já sofreu demais.- meu pai disse e todos concordaram.

—Eu sei pai, vou resolver isso antes que Elisa ouça algo que a deixe desconfortável. E mamãe, gostaria que providenciasse a vinda da família de Elisa de Carlisle para Londres, não quero que eles fiquem longe.- pedi e mamãe concordou.

Após decidimos todos os detalhes, decidi que estava na hora de subir para descansar um pouco. Assim que entrei em meu quarto, encontrei minha esposa adormecida na cama e me inclinei para lhe dar um beijo na testa, prometendo a mim mesmo que tudo ficaria bem.