— Você foi parar na Sala Precisa?! – perguntou Frank, um pouco incrédulo, quando Xavier começou a lhe contar sobre o que tinha acontecido na última noite.

Os dois estavam na biblioteca de Hogwarts, perto da hora do almoço, tentando falar o mais baixo possível. A biblioteca estava com fluxo normal de pessoas para o horário. Havia várias pessoas realocando livros nas prateleiras, outras pegando livros e muitos estavam estudando, ocupando as grandes mesas de madeira entre as estantes.

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— Exatamente. Eu corri e fui para o 7º andar, aí depois disso que falei sobre a Torre de Astronomia, eu encontrei a Sala Precisa e entrei – respondeu Xavier.

— E então... Descobriu alguma coisa lá? Ela te mostrou algo que você precisava? – perguntou Frank, curioso.

— Eu encontrei quatro edições antigas do Profeta Diário numa mesa... – começou Xavier.

E então ele contou sobre tudo que tinha lido nos jornais. Frank quase não conseguia acreditar no que ouvia.

— Você o viu? Então ele é real mesmo? – perguntou ele.

— Sim – respondeu Xavier. – Eu esperava que se eu o encontrasse ele apareceria de outra forma. Mas não, ele é esbranquiçado e atravessa paredes... É só que... A imagem dele é esquisita. É como se não fosse possível distinguir algumas partes de seu corpo.

— E quanto aos seus sonhos? Como você pôde ter visto coisas que já aconteceram?

— Pois bem, eu sinceramente não sei responder isso. A única coisa que eu sei é que todos esses sonhos e visões são avisos. É como se somente eu estivesse sendo alertado que Baltazar está de volta. As visões com Terence Smith e sua família, a figura encapuzada... Eu não acredito que não percebi nenhuma bosta de sinal – disse Xavier, desapontado.

— Sinais? – perguntou Frank – E de quê isso adiantaria?

— E se eu já tivesse conseguido ir atrás dele antes?

— Pra quê? Que magia ele pode fazer sendo um fantasma?

— Não estou entendendo o que você quer dizer – disse Xavier, franzindo a testa.

— Você não percebe? Tem alguém por trás disso. Se Baltazar realmente tiver planejando fazer maldades, ele precisa de ajuda humana viva. O máximo que ele consegue fazer é assombrar.

— Todos os objetos nas duas salas tremeram nas mesas, Frank – relembrou Xavier.

— E daí? Você nunca ouviu falar da Murta-Que-Geme, a fantasma de uma garota que assombra um banheiro feminino aqui do castelo? Já ouvi histórias de que ela é capaz de inundar o banheiro, causando alagamentos que já se alastraram muitas vezes pelos corredores do castelo. Mas ainda assim, ela só assombra. E não para de chorar. – disse Frank.

— Faz sentido – admitiu Xavier.

— E talvez seja por isso que ele tenha se escondido no castelo por todo esse tempo. Ele deve ter esperado todo esse tempo para procurar a pessoa certa – disse Frank.

— Ele deve estar usando uma chantagem muito grande. Ou uma oferta valiosa, mas perigosa – disse Xavier.

— Exatamente – concordou Frank.

— Mas então porque ele simplesmente apareceu nas masmorras naquela noite? – perguntou Xavier.

— Descuido, talvez. Ou então é uma parte do plano...

— Pode ser.

— E você conseguiu falar com a diretora? – perguntou Frank.

— Então, não. As assombrações começaram no momento em que eu tentei acessar a Torre do Diretor – respondeu Xavier.

— Isso é estranho... É como se algo quisesse te levar à Sala Precisa.

— Exatamente. Por isso que eu disse que tudo isso parece servir como algum alerta. Algo que talvez só eu possa ver... Por um momento pareceu até que estavam me empurrando pra entrar.

— Nem sei mais o que dizer... – suspirou Frank.

Depois de cerca de um minuto em silêncio, Xavier de repente se deu conta de algo.

— A floresta... – disse ele.

— O que tem ela? – perguntou Frank – Não está pensando em voltar pra lá, né?

— Claro que não – respondeu Xavier – É que eu vi Terence lá... E ele me disse algo como... Dezoito horas.

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— Dezoito horas? E o que isso significaria? – perguntou Frank.

— Ele disse que faltavam dezoito horas.

— Isso foi no dia da partida de quadribol, não?

— Foi, foi sim. E exatamente no dia seguinte Baltazar foi visto em Hogwarts, logo no começo da noite.

— E o jogo foi à tarde... – completou Frank.

— Era isso que ele queria dizer! Faltavam dezoito horas para ele aparecer pela primeira vez – concluiu Xavier.

— Pensando bem... Se essa aparição do Sr. Smith não é real... – disse Frank, fazendo o sinal de aspas com as mãos na parte “não é real” – Não tinha lugar melhor pra você ir parar? Porque tinha que ser a Floresta Proibida? – continuou ele.

— Também não sei – disse Xavier, com uma leve vontade de rir desse fato curioso.

— E o que nós vamos fazer agora? – perguntou Frank...

— Não sei, precisamos pensar num plano. Temos que começar a procurar pistas em algum lugar – disse Xavier.

— Que tal voltar ao 7º andar? Voltar à Sala Precisa? Será que tem mais informações lá? – perguntou Frank – E depois podemos tentar de novo ir à sala da Professora McGonagall.

— Pode ser. Faremos isso hoje à noite então.

— Combinado. Vamos almoçar? Estou faminto – pediu Frank.

— Vamos sim.

O almoço foi normal. Quando os dois chegaram ao Grande Salão, o grande e mágico banquete já estava esperando por eles. Logo após terminarem, eles se levantaram e seguiram o caminho da Torre da Corvinal. Porém, quando eles estavam chegando perto da entrada da Torre, eles viram uma grande movimentação de alunos e professores praticamente bloqueando a entrada. E, de repente, do meio da multidão, surgiu a professora McGonagall correndo, um tanto desesperada, acompanhada pelo professor Flitwick. E quando ela passou pelos dois garotos, Xavier não hesitou em perguntar:

— O que houve, professora?

— Reúna os outros professores, Filius, por favor. Precisamos vasculhar esse castelo – disse ela ao professor Flitwick, sem dar ouvidos à pergunta de Xavier. – Sr. Underwood, Sr. Lewis, avise os outros alunos da Corvinal para voltarem aos seus dormitórios imediatamente.

— Sim senhora. Pode me dizer o que aconteceu, professora? – insistiu Xavier.

— Um aluno desapareceu – disse a diretora, com uma expressão triste no rosto.

— Quem desapareceu? – perguntou Frank.

— Oliver Bratt, um aluno do primeiro ano – respondeu ela. E então virou as costas e continuou andando apressada, sem dar oportunidade para mais perguntas.

Xavier e Frank se entreolharam, incrédulos.

— O que será que houve? – perguntou Xavier.

— Eu não quero nem pensar na possibilidade de ele ter sido capturado – respondeu Frank, amedrontado.

— Ou pior... A possibilidade de ele estar por trás de tudo.

— O quê? Não... Como poderia ser ele?

— Ele se afastou de nós, Frank. Ele pode estar bravo e isso o tornaria mais influenciável – sugeriu Xavier.

— De qualquer forma, vamos tentar reunir o pessoal da Corvinal e voltar à sala comunal. Mais tarde vemos isso.

— E se Oliver estiver em perigo?

— Cara, nós estamos em perigo também. Se formos pensar assim, todos estão. Com todos os professores agitados, essa não é uma boa hora para ficar perambulando pelo castelo procurando ele. E depois, nós devemos uma ordem à professora...

— Tudo bem, tudo bem... – interrompeu Xavier – você está certo.

Os dois reuniram o máximo de alunos que conseguiram e todos voltaram à sala comunal.

***

A tarde seguiu-se quieta dentro da sala comunal da Corvinal, mas ainda assim muito tensa. Os alunos do primeiro ano, amigos de Oliver, estavam assustados, sem saber o que pensar. Apesar de tudo, a neve caía calmamente do lado de fora, preenchendo as árvores e janelas com uma cor branca viva, contrastando com o céu cinzento do inverno. Xavier e Frank passaram a tarde toda praticamente sem se falar, porém estavam bem ansiosos. Eles pretendiam tentar colocar o plano em prática um pouco antes de a noite chegar, correndo novamente o risco de serem pegos. E agora ainda tentariam salvar Oliver.

Houve um momento em que Xavier decidiu subir, arrumar sua cama e botar ordem em diversas papeladas. Ele folheou pergaminhos com trabalhos, lições e até a lista de material do começo do ano. Mas, havia um papel a mais naquela cama... Quando Xavier estava arrumando a cama, na hora que ele tirou o travesseiro do lugar, um pequeno pedaço de papel amarelo dobrado em quatro partes caiu no chão perto dos seus pés. Xavier olhou em volta desconfiado e se abaixou para pegar o papel. Ele abriu e leu a simples frase: “Vá às masmorras!”. A caligrafia denunciava que, seja lá quem tivesse escrito aquilo, essa pessoa estava com medo. Xavier dobrou o papel novamente, desceu e foi procurar Frank.

— Não, não fui eu quem escreveu isso. E eu não conheço essa caligrafia – disse Frank, quando Xavier mostrou o papel a ele.

— Eu também não conheço. Mas isso não importa muito. A nossa resposta está aqui, na minha mão! – exclamou Xavier. Porém, os dois tentavam falar sem chamar a atenção.

— Como assim? Você quer ir para as masmorras? Mas e o nosso plano...? – perguntou Frank.

— Esqueça o plano. E se isso for outro sinal?

— Eu pensei nessa possibilidade, mas... E se for uma armadilha?

— Pensa só, cara... Quantas vezes eu já meti nós dois numa armadilha? Não responda!

— Nem ia responder não... Não ia ter nada pra falar mesmo... – ironizou Frank.

— Idiota – disse Xavier.

— Enfim, então vamos até as masmorras. Vou confiar no bilhete. Mas com uma condição: nós voltaremos para cá se as coisas começarem a ficar muito perigosas – pediu Frank.

— Combinado – respondeu Xavier, mesmo sabendo que as chances de o pedido dele ser atendido eram bem remotas.

Alguns minutos depois, sem chamar atenção, os dois saíram e seguiram em direção às masmorras.