Cold Coffee

Where do broken hearts go


Capítulo XII

Jade

Na manhã seguinte ao desastre com Luke, tive que encontrá-lo logo no primeiro tempo do dia, pois teríamos nossa prova de Matemática 1 naquele horário. Eu estava nervosa pensando no que ele me falaria, mas, no fim, acabei me preocupando à toa. Diferentemente de todas as outras aulas do semestre, ele chegou à sala quase que em cima da hora do exame, sentou-se em um lugar no canto oposto ao meu e, assim que terminou sua prova, levantou-se e foi embora. No início, fiquei chateada, mas depois percebi que era melhor assim. Não estava no clima para qualquer tipo de discussão, então foi bom evitar uma.

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O dia arrastou-se junto com a minha falta de ânimo para fazer qualquer coisa, então me senti muito livre quando finalmente entrei no meu quarto, já de noite. Diana ainda não havia chegado, e eu precisava estudar para as outras provas que teria ao longo da semana, assim me sentei em nossa escrivaninha e comecei a rever a matéria de História da Arte, exame que eu teria no dia seguinte.

Minha amiga só chegou em nosso dormitório por volta das 21h, para a minha preocupação. Nas segundas, suas aulas acabavam praticamente no mesmo horário que as minhas, então fiquei confusa com seu atraso. Notei também seu rosto, que exalava cansaço, medo e preocupação, o que me fez estranhar ainda mais seu comportamento. Ela então largou seu material no chão e simplesmente se jogou na cama.

— Di, amiga. — ela se virou para mim. — Você está bem? Onde você estava?

— Eu… estava conversando com Leonard. Nós nos resolvemos e voltamos.

— Como assim? — disse e levantei rapidamente, chocada. — Mas você tinha dito que estava cansada da atitude dele e que não aguentava mais isso!

— Eu sei, mas ele veio falar comigo e a gente acabou se acertando. — eu não podia acreditar.

— Diana, você tem certeza do que está fazendo? Eu te conheço e sei perfeitamente notar quando você não está bem, o que é o caso de hoje. Estou ficando preocupada.

— Relaxa, Jade. Eu estou bem, juro. Só estou cansada e preciso dormir. — com isso, ela apagou o abajur da sua cabeceira e, sem ao menos colocar um pijama, cobriu-se com seu edredom e dormiu.

A atitude da minha amiga estava muito esquisita e eu comecei a realmente desconfiar não só da história que ela havia me contado, mas do jeito como ela simplesmente chegara e já dormira, sem nem conversar comigo direito. Nós sempre nos atualizávamos uma da vida da outra à noite, mas, dessa vez, ela não quis me contar de suas provas ou perguntar das minhas, e muito menos explicar o porquê de ela ter aceitado voltar com o Leonard quando um dia atrás ela estava certa de que não o queria mais.

Mas percebi também que ela estava com muito sono e que não valia a pena discutir aquele assunto no momento, então voltei para meus estudos e não falei mais nada, apesar de querer muito. Por volta das 23h, apaguei todas as luzes do quarto, coloquei meu pijama confortável e fui dormir também, pois o dia seguinte seria longo e cansativo.

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Depois de uma manhã cheia de provas, finalmente havia chegado a hora do almoço, e eu estava com muita fome, então fui correndo para o refeitório. Peguei minha comida e me sentei em uma das mesas disponíveis, que eram muitas, já que ainda haviam alguns alunos tendo aula, como a Diana. Por isso, fiquei sozinha por alguns minutos, até que vi Philip vindo em minha direção.

— Oi, Jade. Posso sentar aqui com você?

— Claro que pode! Senta aí. — então ele o fez e começou a almoçar também.

— E aí, como estão indo suas provas? — Philip perguntou.

— Por enquanto, tudo bem. Mas ainda faltam 3 dias e meio de tortura… não sei se vou aguentar até o final dessa semana. — ele riu e concordou. — E você? Alguns dos meus amigos que fazem engenharia disseram que a prova de Cálculo estava impossível.

— Ela estava mesmo! Mas eu estudei muito, então acho que fui bem.

— Sempre um nerdzinho, não é mesmo? — brinquei e nós dois rimos da piada. Nesse momento, avistei a Diana entrando no refeitório. Acenei para ela ver onde estávamos e ela começou a andar em nossa direção, até que Leonard apareceu atrás dela, segurou seu braço e sussurrou alguma coisa em seu ouvido. Contrariada, ela fez uma cara de desculpas para nós e se sentou com o namorado e seus amigos em outra mesa.

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Um silêncio se instalou entre mim e Philip, e eu não estava com a menor vontade de quebrá-lo. Ele percebeu que Diana e Leonard haviam se acertado e eu fui capaz de notar sua tristeza por um segundo, antes dele disfarçá-la. Porém eu não quis fazer nenhum comentário sobre o assunto, principalmente porque estava muito irritada com a situação. Apenas três dias antes, Leonard estava longe das nossas vidas e eu poderia jurar que Diana e Philip iriam finalmente assumir o que sentiam. Mas, de repente, tudo voltara ao que era antes.

E então um pensamento me atingiu e eu lembrei que as coisas não estavam do jeito que eram antes, mas sim piores do que isso. Tudo por causa do Philip e de sua aparente nova namorada, que eu havia visto no domingo aos beijos com meu amigo. Como não estava com paciência para conversar sobre o Leonard e suas atitudes terríveis, decidi entender mais essa outra história.

— Philip, preciso te perguntar uma coisa. — ele, que estava olhando para o nada, assustou-se, mas logo olhou para mim. — Você está namorando alguém?

— Eu… — pude perceber que ele ficou surpreso não só por eu saber, mas também por ter ido direto ao assunto. — Como você sabe?

— Eu vi você e uma menina morena no restaurante italiano, dois dias atrás. — eu disse e Philip não respondeu nada. — Quem é ela?

— O nome dela é Margaret, mas a gente não está namorando. Nós saímos juntos no domingo pela primeira vez e acabamos nos beijando, só isso. — dessa vez, eu que fiquei chocada com sua resposta sincera. Não pensei que ele fosse simplesmente admitir tudo para mim.

— Mas e a Diana?

— O que tem ela? — ele rebateu rapidamente, e eu fiquei mais triste ainda ao entender o recado. Ele estava cansado de esperar por alguém que insistia em ficar com outra pessoa e decidiu fazer algo a respeito.

— Deixa pra lá, Philip. — olhei para meu relógio de pulso e vi que já estava na hora da minha próxima prova. — Tenho que ir. Nós nos vemos por aí.

— Tchau, Jade. — ele disse e eu fui embora, confusa e triste com o que estava acontecendo.

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A quinta-feira havia chegado, e eu já tinha escrito a maioria das minhas provas. A única que faltava era de Desenho Artístico, que aconteceria no dia seguinte. Por isso, nesse dia, tive aula normalmente. Em grande parte dos períodos, os professores entregaram o gabarito dos exames para nós vermos se tínhamos ido bem ou não. As provas só receberíamos na semana seguinte.

O meu segundo tempo do dia era Matemática 1, a matéria que me deixava mais nervosa. Mas não pelo conteúdo ou pelo meu desempenho na avaliação, e sim porque eu me encontraria com Luke. Nós não nos víamos desde segunda, e naquele dia ele nem havia me olhado direito, apenas fez seu exame e foi embora. Exatamente por não saber o que aconteceria no nosso novo encontro, eu estava muito agitada.

Eu cheguei na sala e logo me sentei no meu lugar de costume. Então peguei uma revista na mochila e fiquei folheando-a, esperando Luke chegar, o que, ao contrário da aula de segunda-feira, não demorou muito a acontecer. Quando o vi entrando pela porta, meu coração começou a bater aceleradamente, apesar de eu tentar lutar contra isso. Fiquei observando seus passos e estava quase achando que ele fugiria de mim novamente quando ele veio em minha direção e se sentou na cadeira ao meu lado.

— Oi, Jade. Tudo bem? — ignorei minha raiva repentina ao notar sua cara-de-pau de vir falar comigo sem mais nem menos, como se o domingo anterior não tivesse acontecido.

— Oi. Eu estou bem sim. — ele não falou nada, provavelmente esperando eu perguntar se ele estava bem também, o que eu não fiz. Cada segundo que passava ao lado dele me deixava mais irritada, sensação que eu não esperava sentir.

— Então… — ele começou, mas parecia estar pensando nas melhores palavras. — Eu queria falar com você sobre um assunto.

— Fala. — fiquei um pouco mais feliz, achando que ele queria me explicar o que havia acontecido com ele no domingo.

— Eu tenho um colega de quarto que se chama Craig.

Ele não falou mais nada, e eu estava tentada a perguntar o que raios eu tinha a ver com isso, quando ele continuou:

— Eu estava pensando e acho que vocês dois fariam um bom par, então nós dois conversamos sobre você e ele disse que queria te levar em um encontro, para te conhecer. O que você acha? Esse sábado à noite no restaurante japonês perto do prédio 5?

Toda a raiva que eu estava sentindo simplesmente evaporou-se em um segundo e no lugar dela veio uma enorme tristeza. Não bastava ele ter fugido quando estávamos quase nos beijando no domingo, agora ele queria que eu saísse com seu amigo? Uma confusão interna começou a dominar meu cérebro, porque eu queria entender essa situação. Mas meu coração já havia compreendido perfeitamente: ele não gostava de mim da mesma maneira que eu gostava dele.

— Pode ser. — respondi por impulso, pois a minha vontade era de mandar ele ir para lugares não tão agradáveis e sair correndo.

— Ótimo, então. — ele fingiu uma animação que eu percebi ser falsa, mas não consegui avaliar muito, pois estava ocupada tentando segurar as lágrimas. — 20h está bom?

— Sim… está bom. — ele deu um sorriso amarelo e o professor chegou à sala, finalmente encerrando a conversa dolorosa. Mas, infelizmente, sua chegada não havia conseguido encerrar a decepção e tristeza que eu sentia no momento.