Imortalidade

Atemporal e imortal (bonito e morto)


Se algum deles fosse morrer jovem, seria, de acordo com a maioria, Sirius Black com sua aura de astro do rock desestruturado e quebrado, daqueles que arrasa o mundo com seu talento jamais visto antes e que acaba tendo uma overdose aos vinte e dois por excesso de heroína, ou sofrendo um acidente terrível aos vinte e quatro ou se matando aos vinte e sete por motivos que ninguém adivinharia por conta de seu sorriso quase radioativo. É quase óbvio, na verdade, que poderia muito bem ser ele.

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Ou talvez Remus. O mundo bruxo da Grã-Bretanha está cada vez menos seguro para pessoas como o rapaz Lupin: lobisomem que se esconde tanto da sociedade mágica em geral quanto dos comensais da morte cada vez mais sanguinários e implacáveis. Se um dos quatro fosse morrer jovem, a chance de ser ele em especial parece maior e maior com o passar dos dias; de, em uma manhã nevoenta e um tanto ingrata de outono, encontrarem seu corpo mutilado em uma rua qualquer por um motivo qualquer.

Quem sabe fosse Peter que se ergue no estreito e traiçoeiro limiar entre lutar de outra maneira ou fugir sem hesitar por um instante sequer, aquele que não sabe como ou por qual desejo lutará em um mundo que está colocando armas nas mãos de crianças tão duras quanto aço e grita para que corra porque sua casa estava sendo atacada. Em uma terra em que batalhar é a única opção para se salvar e que os dois lados estão cada vez mais famintos por todo apoio possível, ele não tem muita chance a não ser que endureça.

A verdade era que qualquer um deles poderia morrer jovem, menos James.

Garotos como James Potter não morrem, simples assim. Eles são esculpidos em bronze polido e mármore pálido para serem expostos como as obras-primas mais valiosas de um museu, são eternizados em sonetos e poesia que quase, apenas quase, fazem jus à sua magnificência irreal. Se há um deles que nunca seria imaginado como um corpo frio e sem vida, é ele com seus sorrisos elétricos, educação inesperada que beira um deboche enrolado em cortesia e aparência de fato atemporal. Enfim, beleza é atemporal.

A questão é que garotos como James Potter não morrem, muito menos envelhecem. Até que o fazem, até que causam uma explosão atômica nas vidas daqueles que foram abandonados para sobreviver em um mundo que arranca meninos com mãos hesitantes segurando um bebê risonho – oh meu bom Deus, que dizer sobre filhos como Harry? – e olhos tão brilhantes quanto faróis. E, se qualquer um dos três precisasse responder, dirão que seria muito melhor vê-lo um velho cansado segurando de modo delicado as mãos elegantes e encarquilhadas de Lily do que um corpo frio e bonito.

Se há um deles feito para imortalidade, é, acima de tudo e todos, James. Quem imaginaria um fim tão trágico para um tão bom, tão dourado, afinal? Garotos como ele vivem para sempre, e não só em memórias.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.