A Garota do Futuro

Capítulo 5


— How come every time you come around. My London London Bridge wanna go down.— Felicity canta com a voz desafinada enquanto anda de um lado para o outro da pequena lavanderia, remexendo o quadril sensualmente, ou pelo menos é o que ela tenta fazer parecer ser, o volume da música quase no último – Like London London London wanna go down. Like London London London be going down. — mexe os braços para cima e para baixo se voltando para o cesto de roupas sujas — How come every time you come around. My London London Bridge wanna go down.— repete abaixando-se e segurando na borda do cesto empina o bumbum e abaixa-o lentamente sem perder o rebolado – Like London London London wanna go down. Like London London London be going down. — canta em um tom mais alto e vira-se – Santo Google. – grita soltando as peças de roupa no chão e levando a mão ao coração ao perceber Tommy e Thea em pé, a menina com um grande sorriso no rosto e ele tentando não ri – Há quanto tempo vocês estão aí? – ela pergunta começando a ficar vermelha ao se dar conta que Tommy possa tê-la visto em altas performances.

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— O quê? – Thea grita tentando sobrepor a voz acima da música que continua alta, enquanto Tommy retorna para dentro do apartamento.

— Eu perguntei há quanto tempo vocês estão aí? – tenta falar mais alto ao mesmo tempo em que tenta refazer-se do susto.

— Eu ainda não entendi. – Thea fala alto e se aproxima para que possa ouvi-la.

— Eu perguntei HÁ QUANTO ESTÃO AÍ? – ela grita repetindo a pergunta e põe a mão na boca instantaneamente ao perceber que a música parara e tudo o que se ouviu foi o som de sua voz.

— Desde o primeiro “How come every time you come around.” – é Tommy quem responde balançando ligeiramente o quadril e tentando conter a gargalhada, Felicity sente as bochechas esquentarem por ter sido pega em tal posição embaraçosa o que faz com que Thea caia na risada ao notar o tom vermelho nos rosto da loira.

— Veja Tommy, nós temos uma forte concorrente ao Grammy aqui. – a morena zomba.

— Thea! – Felicity grita constrangida e Thea ri ainda mais.

— Bom saber que eu posso fazê-la se divertir. – Thea gira os olhos ainda rindo, adorando brincar com Felicity perto de Tommy.

— Venha Megan, estou apenas brincando. Agora que tal aproveitarmos o lanche que eu trouxe. – Felicity franze o cenho e retira o celular do bolso para ver a hora.

— Minha nossa, já são treze e quatorze. – diz espantada – Espera! Você não deveria estar na escola agora?

— Deveria, mas eu saí mais cedo e pensei em fazer uma visita.

— Ah, bom, e você? – indaga Tommy ao passar por ele.

— Apenas dei uma carona a essa baixinha aqui. – explica bagunçando os cabelos de Thea que se afasta dele dando leves tapas em suas mãos – E pensei em subir para dar um oi. – complementa com um sutil sorriso, passando as mãos pelos cabelos – Agora, agora eu preciso voltar.

— Como assim? Não vai nos acompanhar? – Thea questiona pondo as mãos na cintura.

— Sinto muito baixinha, senhor Merlyn tem uma reunião importante e exige minha presença. – aclara fazendo uma careta.

— Fazer o quê se agora meu amigo resolveu ser responsável. – dá de ombros e Tommy balança a cabeça, divertido.

— Senhorita Cutler, nos vemos por aí. – aproxima-se de Felicity beijando-a no rosto desajeitadamente.

— Até mais senhor Merlyn. – ela rir bobamente olhando-o partir.

Ainda sentido o toque dos lábios de Tommy em seu rosto, Felicity permanece parada, olhando para a porta que acabara de ser fechada. Ela desperta de seu devaneio e olha para Thea, que está a encará-la, um sorriso malicioso nos lábios.

— O quê?

— Você sabe, além de ser lindo, Tommy está solteiro... – a menina diz querendo ser casual.

— Não vá lá. – levanta a mão parando a menina.

— Por que não? Vocês fariam um bom par e não vejo nada que impeça de se conhecerem mais sabe. – diz seguindo Felicity que vai para a cozinha – Quer dizer, é óbvio que há uma diferença de idade entre vocês, mas nos dias de hoje quem liga para isso.

— Está me chamando de velha? – Felicity põe as mãos na ilha e encara a menina.

— O quê? Não, claro que não, é só que... que eu achei que fosse esse o motivo para você negar qualquer aproximação. – ela dá um sorriso nervoso.

— Eu não sou tão mais velha que ele assim, são o quê? Seis, sete anos? Então não, a idade não importa, o que importa é que – ela levanta a mão em punho – primeiro – aponta com o dedo indicador para o teto – eu não tenho esse tipo de interesse em Thomas, segundo – faz o mesmo gesto com o dedo médio – eu tenho um namorado.

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— Oh! – Thea abre a boca surpresa – Eu nunca pensei nessa possibilidade. – e de repente ela abre mais os olhos como se tivesse tido um insight – Minha nossa Megan, eu sinto muito... – aproxima-se de Felicity abraçando-a de lado – Você sente muita falta dele?

— Todos os dias. – a loira responde aceitando o abraço e encostando o queixo na cabeça da outra.

— Me fala, como ele é? – Thea pede tentando animar Felicity. Senta-se na banqueta e abre as embalagens com sanduíches.

— Eu não acho que seja uma boa ideia. – por que ela sabe que seria muito doloroso, pensar em Oliver já é difícil o bastante, ela se desmancharia em lágrimas se tivesse que dá voz aos pensamentos.

— Tudo bem. – Thea anui vendo a expressão triste no rosto de Felicity – Agora, eu tenho um convite.

— Um convite. – Felicity a olha desconfiada.

— Um casamento. – diz animada.

— Um casamento?! – Felicity murmura estreitando os olhos.

— De minha mãe e Walter.

— Sua mãe e Walter. – repete sem empolgação.

— Dá para parar de repetir tudo o que eu digo. – Thea exclama exasperada.

— Sim, continue.

— Como eu já disse, o casamento é de minha mãe com Walter Steele, CEO da QC, acontecerá daqui a duas semanas e eu quero que você vá.

— Thea... – ela começa a se desculpar não querendo adentrar ainda mais no mundo de Thea e ter contato direto com o seu futuro. Ela já está envolvida demais.

— Por favor, Megan – a menina junta às mãos implorando –, eu preciso que você vá, preciso de alguém lá comigo.

— Eu não queria te decepcionar Thea – ela realmente lamenta –, mas eu não posso. Roxie não estará lá com você?

— Na próxima semana começam as férias de verão e Roxie sai em viagem com a mãe. Por favor, Megan. – ela implora e é como um cachorrinho que se perdeu do dono pedindo abrigo – Por favor.

Felicity suspira, ela sabe que nunca conseguirá negar nada a Thea – Tudo bem.

~’~

Felicity para em frente à prateleira repleta de embalagens de leite e suas variadas marcas, ela põe a mão no queixo analisando cada opção, como cada coisa que ela faz ou a cada compra, ela faz de forma analítica e com cuidado, uma das poucas atividades domésticas que sua mãe lhe ensinou muito bem, ela olha desde a data de validade ao teor de gordura ou teor qualquer mineral que o produto ofereça, além é claro do preço mais acessível, resultado de tempos de vacas magras para ela e a mãe quando o pai as abandonara. Distraída ela não percebe a morena aproximar-se.

— Senhorita Cutler?

Ela para com a mão no ar e vira-se lentamente para Laurel.

— O-olá, senhorita Lance. – força um sorriso – Que surpresa encontra-la aqui. – pega o litro de leite, coloca na cesta e ajeita o óculos.

— Oh, não por favor, não faço compras sempre, estou apenas praticando um hobbie. – Laurel rebate com uma onda de mão.

— Não foi isso que eu quiser, por favor, não me interprete mal, apenas estou surpresa em encontra-la, é isso. – ela apressa-se a explicar.

— Eu sei Cutler, tudo bem. – Laurel sorrir amigavelmente.

— Oh! Você está brincando?!

— Sim, eu estou brincando. – Laurel balança a cabeça com a ingenuidade de Felicity.

— Que bom, eu estava começando a me desesperar por começarmos tão mal. – esclarece sentindo-se mais confortável perto de Laurel.

— Bem, para que as coisas melhorem que tal um café?

Felicity considera o convite, ela sempre quis a chance de poder aproximar-se mais de Laurel, agora, ponderando essa repentina chance ela tem medo das mudanças que possa ocorrer no futuro. O futuro. Desde essa cruel viagem no tempo tudo o que ela pensa é no futuro e como ela pode prejudica-lo das diversas formas possíveis. Olhando para Laurel que a encara com expectativa ela decide esquecer o futuro por alguns momentos. O que mais pode acontecer?

— Tudo bem, mas se vamos fazer isso tem que me chamar de Megan.

— Então me chame de Laurel. – a morena diz sorrindo lembrando a Felicity de tempos que pareceram uma vida atrás, agora.

Compartilhar um tempo com Laurel não é tão difícil como Felicity esperava, a mulher mostra-se gentil e atenciosa e ela se pergunta onde foi parar essa Laurel, tão diferente da que ela conheceu. Ela pensa na perda de Sara e sabe que não foi apenas isso, aqui Laurel já perdera Sara, já perdera Oliver e está recomeçando sua vida. Talvez tenha sido justamente o contrário, o retorno de Oliver e depois de sua irmã que a fizeram lembrar-se do passado que procurou deixar para trás.

Elas acabam falando sobre a faculdade e o quanto está se dedicando para ser tão boa advogada quanto o pai é como policial, ela fala de sua amizade com Thea e como ela vê a menina como uma irmã, mas ela não fala da própria irmã ou de Oliver, ela também evita falar de Tommy o que deixa Felicity intrigada. E então ela começa a fazer perguntas a Felicity, e ela percebe que a mulher não quis apenas ser gentil, ela quer informações, ela quer ter certeza sobre quem ela é, e Felicity não a culpa por isso, ela também teria cautela com uma estranha que aparece do nada e se torna repentinamente amiga de sua irmãzinha.

— Eu cresci em Vegas, e achei que seria bom um novo recomeço. – ela esclarece sem perder o contato visual com Laurel, após a morena a interrogar sobre os motivos de ter se mudado para Staling City.

— E como exatamente você e Thea se tornaram amigas? – ela respira fundo tentando lembrar a história que ela e Thea criaram,

— Foi tudo por acaso, tive a sorte de me deparar com Thea após perversamente ter sido assaltada e ela confiou em mim o bastante para me ajudar. – Felicity opta por uma resposta que satisfaça Laurel, mas que não deixe margens para que continue a questiona-la.

— Eu vejo. – Laurel assente e beberica o café antes de retomar o olhar a Felicity – Thea é realmente uma boa menina, às vezes um pouco ingênua, mas de bom coração. – a morena sorrir e Felicity pega a dica.

— Por todo o respeito que eu tenho a sua pessoa Laurel, eu vou dizer apenas uma vez, eu aprecio a sua preocupação pelo bem estar de Thea, eu também a quero muito bem e por isso entendo que só queira protegê-la, eu no seu lugar faria o mesmo, mas isso não significa que vou aceitar se insultada dessa forma. – ela para e retoma o fôlego – Pelo visto eu me enganei quando achei que poderíamos fazer isso dar certo – aponta entre a duas – pela Thea pelo menos e porque você me pareceu mais do que dizem por aí, uma garota fútil e arrogante, agora vejo que você não pensa o mesmo. – conclui, ela sente o rosto arder e sabe que está corada ao extremo, resultado de quando está envergonhada ou extremamente irritada.

Laurel balança a cabeça, após o que lhe pareceu horas de encará-la com lábios entreabertos, claramente abismada. Limpando a garganta a morena começa a justificar-se ruborizada.

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— Eu nunca tive a intenção de insultá-la, como você bem pontuou, apenas quero cuidar de Thea, mas eu sei Megan... – ela pisca rapidamente – Por alguma razão desconhecida, eu sei que é uma boa pessoa, sinto muito se a ofendi e saiba que eu também quero ser sua amiga. – ela estende a mão em sinal de paz a Felicity que a aceita aliviada.