A Noble Relationship

Daleks mortos e anacronismo


Louise Noble tinha algum tipo de conexão com ele. Aquele alien em que ninguém confiava, mas que todos precisavam inadvertidamente. Ela tinha uma conexão com o Doutor, e isso, por si só, era razão o suficiente para todos correrem dela como o diabo corre da cruz.

Quase todos, pelo menos. Além de Martha Jones, Louise podia contar com o fato de que Osgood não a odiava tanto assim. Logo, ela costumava passar bastante tempo com ela. Mas Osgood não era o problema, ela deixava a pobre Noble em paz.

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O problema eram os outros, que não deixavam a garota dar três passos em qualquer direção antes de iniciarem os comentários desnecessários e apenas altos o suficiente para ela conseguir escutar mesmo de longe.

— Acho que ficar tanto tempo com aliens começou a comprometer a coitadinha. — Murmurou alguém em um dos dias, enquanto Louise passava por eles, cabeça baixa e concentrada nas anotações que fazia.

— Nem me diga, — respondeu a outra pessoa, uma loira de cabelos curtos e voz esganiçada — agora ela está fascinada por um.

Enquanto isso, Louise só tentava entender a maldita explicação que Osgood, trêmula e hesitantemente, tentava fazer sobre um Dalek — pelo menos sobre a parte de dentro dele, a gosma hiper-modificada —, numa tentativa falha de ignorar as duas pessoas babacas.

— Então o Dalek morreu depois de ser arrancado do exoesqueleto? É isso que você está tentando me dizer? — perguntou a Noble, franzindo o cenho — Isso é ridículo, estúpido! Se você vem para matar um dalek, você faz isso de longe, preferivelmente com uma arma de laser. Você não se aproxima, arranca ele de dentro da casca e então apunhala ele loucamente, nem sabendo como um deles funciona! Isso é claramente coisa de vocês cabeças de pudim!

— Você acha que o assassino sabia como um dalek funcionava? E se esse é o caso, por que fazer isso?

— Exatamente. Se eu fosse matar um dalek, e-

— Viu só?! — exclamou a loira azeda — Ela já está completamente perturbada! Falando de matar daleks, exatamente igual àquele alien terrível! Eu estou falando, os dois estão juntos.

— Óbvio, os dois são alienígenas, praticamente feitos um para o outro.

E Louise fez um esforço enorme para limpar a garganta o mais alto o possível. Esses eram os dias que a faziam de arrepender de ter escolhido passar as tardes estudando formas de vida extraterrestres. Agora, além de casos estúpidos e tediosos, agora ela tinha que lidar com os arrombados dos outros agentes da UNIT, que adoravam caçoar dela pelas costas.

E o pior era que ela realmente só estava ali pelos casos de assassinato de aliens. Mas quem poderia culpar a própria Noble? Quem realmente poderia a culpar? Todos eles estavam lá virtualmente pelo mesmo motivo. E se ela tinha alguma aptidão diferente para tal isso fazia dela uma estranha alienígena? Oras, ela só queria que eles cuidassem das próprias vidas.

— Eu vou voltar para o escritório da tia Martha — ela resmungou, — eu acabei aqui, me avise se acontecer algo novo…

E ela estava prestes a ir embora e deixar tudo por isso mesmo, mas os genes putos da família Noble e a criação feita por um escocês igualmente puto das calças não a deixariam sair de lá sendo difamada. E ela podia muito bem ser a pessoa mais esquisita já vista, e ter sobrancelhas evoluídas demais para alguém tão jovem, mas o ácido de sua resposta certamente combinava com o arqueio da sobrancelha.

— Sabe de uma coisa? — ela começou para as duas pessoas mal-amadas — Vocês estão errados. Eu não estou apenas viajando com o Doutor.

— Ah, sério? — resmungou a loira.

Com um sorriso de sete milhões de megawatts, ela finalmente pôde dizer as palavras que vinha guardando por mais de um mês.

— Seríssimo, e sabe por quê? — ela atiçou, sorriso afiado como uma faca — Porque ele é meu pai. O Doutor é meu pai.