CAPÍTULO 7

A VILA FANTASMA

Duas enormes e altas montanhas cercavam a vila. Os picos delas eram brancos, pintados pelo excesso de neve. Uma enorme floresta esverdeada e viva se espalhava pelos pés delas, e em uma das clareiras dessa floresta repousava a tranquila e humilde “Vila do Vale”, a vila de Steffany. Na frente dessa vila havia um portal velho de madeira com uma placa, também de madeira que expunha o nome da cidadezinha entalhada no material que a compunha.

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Os três jovens olharam para dentro da vila e viram que havia algumas casas de madeira humildes e que demonstravam terem sido moradas de mutantes, mas que estavam vazias, sem uma única pessoa. Havia portas quebradas e coisas espalhadas pelas ruas.

—Você tem certeza de que não há ninguém? – perguntou Isaac para Luke.

—Tenho. Procurei por cada casa da vila, mas não há ninguém! – respondeu o mutante.

—Já procurou na casa de Steffany? – indagou Taya.

—Também já procurei, e não achei a minha tia.

Isaac levou a sua mão a testa, preocupado, tentando achar uma solução para o problema.

—Me parece, pelas pegadas, que os guardas hangarienses já passaram por aqui e levaram os moradores. - disse ele, se abaixando e analisando o solo que demonstrava estar todo pisoteado.

Acompanhando a observação de Isaac, Luke disse

—Concordo!

Isaac ficou olhando para o chão por mais alguns segundos, pensando.

—No que você está pensando, Isaac? – perguntou Taya, atrapalhando o jovem.

—Vocês não entenderam? – indagou ele, direcionando a sua visão para os dois mutantes que estavam atrás dele.

Os dois balançaram a cabeça, negativamente.

—Isso tudo faz parte da estratégia deles! Para que nenhum mutante fuja da capital da Província Mutante, eles começaram aprisionando os mutantes do leste, passaram pelo sul e então estão indo pelo oeste, para que os mutantes mais ricos fiquem sem saída, entre os soldados de Hangária Mindória e o rio Tempestade Eterna.

—Eu não acredito! – exclamou Taya, entendendo a estratégia dos soldados hangarienses. – O que vamos fazer?

—Nós não podemos fazer nada, a não ser viajar até o Pico Talyn, onde, segundo a sua mãe, nós encontraremos ajuda. – respondeu. -Agora, vamos pegar o mapa e sair daqui. Pelo menos já teremos um guia.

—Eu também já procurei o mapa e não o achei! – disse Luke.

—O quê?! Por que os soldados levariam um mapa se eles já sabem o caminho de volta a capital?! Não faz sentido eles levarem um mapa!

—Também não entendi, mas sei que não encontrei o mapa!

—Qual é a casa dela?

Luke levantou o seu dedo e apontou para uma humilde casa comum, semelhante com as outras da vila feita de madeira, e as telhas, de barro. Isaac começou a andar até ela, passando pelo caminho pisoteado de terra, fazendo com que suas pegadas se somassem com a outras que marcavam o chão.

Chegando à casa, pode ver que a porta estava quebrada e havia sido arrombada. Por dentro da moradia havia alguns raros móveis desarrumados. Ele entrou lentamente e viu um rato passar correndo pela sua frente. Sem esperar mais, começou a remexer as coisas à procura do mapa.

Remexeu montes de roupas, livros, pergaminhos antigos, lenha, restos de comida, móveis, etc. Ele procurou por toda a casa. Encontrou até roedores e insetos, só não encontrou o procurado mapa.

Quando viu que não acharia o que os guiaria até o Pico Talyn, saiu da casa. Andou até Taya e Luke, passando novamente pelo caminho de terra. Os dois mutantes o esperavam com o seu cavalo.

—Os guardas remexeram toda a casa. – disse, mais para Taya do que para Luke, que já sabia como estava a situação da moradia. – È provável que ela tenha se escondido dentro da casa, com medo e desespero, e os guardas acabaram a encontrando. Mas, por que levariam o mapa?

—Não sabemos e realmente isso não faz sentido! – respondeu Taya. – Mas agora, eu tenho que dormir, pois não tive esta oportunidade durante à noite. Nós três temos que dormir!

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—Concordo! Tenho que descansar a minhas asas! – concordou Luke, remexendo as partes mutantes do seu corpo e encenando cansaço.

—È claro. Vamos dormir na casa de Steffany. – respondeu Isaac ao que seus amigos haviam dito.

Eles puxaram o cavalo até a frente da casa da tia de Luke, onde o amarraram a uma estaca de madeira fincada no chão, feita exatamente para isso.

Entrando dentro da casa, ignoraram a bagunça, apenas pensando no cansaço exaustivo deles. Decidiram que Taya deveria dormir na curta cama de Steffany. Ela foi até a cama, deitou, enrolou-se nos cobertores que se dispunham em cima do móvel, fechou os olhos e dormiu. Estava bem cansada.

Os outros dois remexeram a casa, a procura de qualquer coisa que poderiam usar para dormir em cima. Procuraram em meio a toda a bagunça até acharem, em baixo de uma pilha de móveis, dois tapetes. Um era azulado e enfeitado com listras e riscos bordados, enquanto o outro era avermelhado e também enfeitado com desenhos bordados de árvores e flores. Os dois eram grandes o suficiente para que os jovens os utilizassem para dormir. Pegaram, então, os dois tapetes e distribuíram-nos entre eles. Luke foi dormir no canto de uma parede com o tapete avermelhado. Logo que o esticou no chão, deitou-se em cima dele e esticou as suas asas brancas. Ficou numa posição bem relaxante. E então, ele se perdeu no próprio sono.

Indo para o outro lado da sala, Isaac esticou o tapete azulado no chão como Luke fizera, encostado na parede oposta da que estava o mutante. Deitando-se em cima dele, pode ver o mesmo rato que havia visto, correndo do outro lado da casa. Ele era cinzento e peludo. Seus enormes bigodes ficavam abaixo de seu focinho levemente rosado, tal como sua longa cauda. Mas Isaac não se importou com a presença do bicho e com o desconforto que era deitar em um velho tapete. Deitou-se, fechou os olhos, e esperou que o sono lhe viesse. E ele não demorou a vir. Logo, o jovem já se encontrava mergulhado em seus sonhos.

—Acorde! Acorde! Isaac, acorde! – o jovem abriu os olhos de forma sonolenta. Havia alguém o chamando, mas o sono lhe proibia de entender quem era. – Acorde, Isaac! Venha ver o que nós achamos. Achamos!

Era Taya. Ele logo pode entender isso quando ela encostou em seu braço, com as suas mãos escamosas que roçaram em sua pele.

—O quê? – perguntou ele, de forma lenta pelo sono.

—Nós encontramos. Acorde!

—Encontraram o quê? O mapa? – perguntou ele, agitando-se quando entendeu o que ela estava dizendo melhor.

—Não! Encontramos outra coisa. Venha!

O jovem logo se levantou, e pondo-se de pé, seguiu Taya até fora da casa. A vila estava silenciosa, como viram quando a acharam. Os raios de sol batiam com força sobre ela, a esquentando. Pelo que Isaac concluíra, devia estar perto do meio-dia.

Ele seguiu a jovem mutante que passou pelo caminho de terra pisoteado e o levou até uma construção simples de madeira, mas que ficava no final da rua principal da vila. Quando chegaram à porta, Isaac pôde ver que aquela construção não era uma simples casa.

—Venha! Luke está lá dentro. – disse a jovem.

Entrando dentro do salão, Isaac pôde entender o que aquele lugar realmente era. Um corredor levava até uma simples mesa de madeira, com uma cadeira, também de madeira, com detalhes em desenhos. Nos dois lados do corredor haviam várias cadeiras bagunçadas. Tudo de madeira.

“É um salão de julgamento, concluiu Isaac.

Ele escutou a voz de Luke conversando com outra pessoa...

—E você tem algum parente mutante?

—Bom...minha mãe é mutante, mas ela morreu à algum tempo e eu nunca conheci meu pai. – disse uma voz, que Isaac não identificou de quem era. Não era de nenhum de seus amigos.

Ele seguiu Taya, que continuou andando até virar para o lado esquerdo da mesa principal. Virando para esse lado, ele pode ver uma porta na parede. Era de lá que vinha o barulho da conversa entre Luke e outra pessoa desconhecida.

Quando chegaram a porta, Isaac pode ver uma escadaria pequena com alguns degraus apenas. Taya começou a descê-la e ele apenas a seguiu.

Quando este chegou ao pé da escadaria, pode ver Luke de costas, fácil de se identificar pelas suas longas asas brancas. Mas ele conversava com alguém. Isaac, querendo ver quem era, aproximou-se mais de Luke.

Fazendo isso, ele pode ver o rosto de um homem, acorrentado à parede. Ele não aparentava ser mutante. Possuía uma barba preta que chegava até o peito dele. Seus cabelos também eram um pouco compridos. Estava todo sujo e suas roupas estavam rasgadas. Era magro e seus olhos eram castanhos. Tudo isso, Isaac pôde reparar no homem, a luz do fogo que uma tocha segurava. Sem entender, ele perguntou:

—Quem é esse?

O homem respondeu, sem esperar:

—Meu nome é Will!

Isaac virou-se para seus amigos e perguntou:

—Como vocês o acharam?

—Bom. – começou Luke. – eu ouvi um barulho, como se alguém estivesse gritando. Pensei em te chamar, mas você aparentava estar em um sono profundo e eu não queria atrapalhá-lo. Levantei-me lentamente, mas ouvi um ruído atrás de mim. Era Taya, e ela também havia escutado o barulho. Então, juntos, seguimos o barulho e chegamos até aqui. Continuamos seguindo o som que era como um grito, até descer as escadas e achar este homem, que gritava por “socorro”.

—E vocês me deixaram lá, sozinho?

—Bom... – Luke ficou sem resposta para isso - Depois eu pedi que Taya fosse acordá-lo.

Isaac levou a mão até a testa, pensando.

—E o quê vocês descobriram sobre ele?

O próprio homem, que se chamou de Will, respondeu:

—Eu sou um Corriqueiro e venho da capital do reino, Hanrraá. Eu nunca concordei com o racismo aos mutantes e estava sempre oferecendo ajuda a eles, pois isso me ajudava a lembrar da minha mãe que era uma mutante, mas falecera há algum tempo. Mas, alguns dias atrás, os soldados hangarienses atacaram a vila e levaram todos os mutantes presos. Como eu não sou um mutante, me prenderam aqui para que eu não fosse atrás dos mutantes para tentar salvá-los

—Nós não podemos libertá-lo. - Disse Isaac.

—Por que? - Indagou Luke.

—Porque ele é um desconhecido! Pode muito bem ser um criminoso.

—Mas, se ele ficar aqui, vai morrer de fome e sede.

—Não! Não podemos o levar. Não tem como confiar nele. Já temos que pensar onde arranjar um mapa que nos conduza ao nosso objetivo...

—Um mapa? – interrompeu o homem. – Conheço um homem que pode os ajudar. Ele possuí um mapa.

—O quê? – indagou Isaac. – Onde encontramos este homem?

—Façamos um trato! – disse Will. – Se vocês me libertarem, eu os levo até este homem.

Isaac ficou pensativo.

—Não! – concluiu. – Não podemos confiar em você.

—Isaac, pense bem! Sem esse mapa, não teremos para onde ir! – disse Taya.

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—Acho melhor levá-lo conosco. Com esse mapa poderemos chegar ao nosso objetivo. – disse Luke, não revelando para Will para onde iriam.

—Todos temos certa desconfiança dele, mas ele é a nossa única saída. Sem falar que você não é o nosso líder. Temos que seguir o que mais é sugerido, e eu sugiro levá-lo. – disse Taya.

—Concordo em levá-lo também! – disse Luke.

Isaac pensou mais um pouco, analisando as opções. Depois, concluiu:

—Está bem. Vamos levá-lo conosco!