CAPÍTULO 4

O DENTE DA FERA

Há alguns metros de distância, logo a sua frente, Kira pode ver o cervo amarronzado pastando. O animal havia se distanciado do grupo para achar relva com melhor qualidade do que a que o seu bando estava comendo. Ele mantinha os seus olhos no chão, sempre observando a grama e escolhendo a que seria a mais saborosa. Parecia não ter percebido a presença da jovem, que com o arco e a flecha na mão, se preparava para acertá-lo.

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Ela mirou o animal. A flecha já estava preparada para voar e acertar o seu alvo. Kira só esperava o momento certo para o fazer.

O vento passou por entre a copa das arvores e penetrou na floresta, fazendo com que varias folhas secas saltitassem. As árvores balançaram, como se estivessem rebolando e os pássaros piaram ainda mais, formando um lindo coral de aves.

“È agora”, pensou Kira. Ela levantou o arco e se preparou para largar a flecha. Juntava esperança de que acertaria o alvo. E então, sem esperar mais, ela largou a flecha, que deslizou pelo ar e encontrou a coxa esquerda do animal, que com um salto, saiu correndo e mancando. Kira correu atrás dele, e puxando da sua aljava outra flecha, se preparou para acertá-lo mais uma vez.

Ela não conseguiria acertá-lo de trás. Precisaria pegá-lo de lado. Sendo assim, ela saiu de trás do animal, jogando-se em direção das árvores a sua esquerda. Depois, virou para frente e voltou a correr ao lado do animal. Vultos de árvores riscavam a sua visão toda a vez que olhava para o lado, tentando ver o bicho.

O animal corria rápido, mesmo sem poder usar uma perna. Isso exigia ainda mais de Kira. Ela era uma humana corriqueira, e não tinha tal capacidade de correr tão rápido quanto o cervo, mas ela sabia que se quisesse caçar o bicho, deveria correr o mais rápido que podia. Então, ela usou ainda mais das suas forças para conseguir o fazer. Os seus pés tocaram ainda menos o chão. Poucas folhas eram amassadas pelas solas de suas botas. Ela começou a correr mais e mais rápido. Parou de puxar a corda do arco, mas ainda o manteve com a flecha em suas mãos.

“Logo, com a dor e a perda de sangue, o animal vai diminuir mais a velocidade”, pensou ela. Sem parar, continuou a correr. Seus pés começaram a doer e a sua coxa já estava ficando dolorida. Sua panturrilha doía, mas ela tinha que caçar o animal. Mestre não o caçaria por ela e nem por Jackie, ainda mais depois do ocorrido.

Depois da explosão, Mestre e eles procuraram alguém que pudesse ter provocado à explosão de dentro da floresta, mas só acharam no bosque animais e plantas. Mas, mesmo que houvesse alguém dentro da floresta, como teria feito aquilo? E por que teria feito aquilo? Depois, analisaram a terra queimada que ficou no lugar da explosão. Se formou um buraco e a terra que compunha o solo do local da explosão se tornara preta como o carvão. Sem entender nada do que acontecera, Mestre passou o resto da manhã dentro da cabana (que ficava ao lado direito da casa), procurando entre livros e pergaminhos – que a cabana guardava – alguma resposta para os acontecimentos.

Kira e Jackie deixaram Mestre sozinho em sua pesquisa. Jackie foi arrumar o próprio quarto e Kira foi caçar o almoço. Foi assim que ela chegou até a floresta e, achando o cervo, começou a caçá-lo.

O animal continuou a correr. Ele havia diminuído um pouco a velocidade. É claro que não correria tanto assim por tanto tempo. Mas então, um rugido veio de perto. Ele provocou um frio na espinha da jovem, que se encolheu entre os arbustos. Ela puxou a corda do arco com a flecha, pronta para acertar qualquer coisa que tentasse atacá-la. Não demorou muito para que ela e todos os outros animais da floresta ouvisse o grito do cervo.

Sem demorar, ela se levantou do lugar onde estava sentada e andou abaixada até mais a frente, ainda se escondendo entre árvores e arbustos. A sua frente ela pode ver o cervo morto e em cima dele, um leão-das-montanhas o comendo. Kira levantou o seu arco, e mirando o bicho, se preparou para acertá-lo. Ela tinha que acertá-lo no lugar certo ou então ele iria vir correndo até ela e ela seria a nova presa do animal. Sua respiração começou a ficar mais ofegante, e o suor começou a escorrer pela sua testa. Seu corpo tremeu por completo e ela sentiu o medo dominar-lhe. “Preparar, mirar e acertar”, recitou o que Mestre sempre lhes falava. Naquela situação, ela só precisava acertar. Respirou fundo e segurou o fôlego. Então, sem deixar passar mais nenhum segundo, soltou a flecha. A seta voou e acertou as costelas do animal. Penetrou no lugar certo, onde chegou a encravar-se até no coração do leão-das-montanhas. Com um grito agonizante, o bicho caiu morto ao lado do corpo do cervo, que também já jazia sem vida.

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Ela andou até os dois corpos caídos. A sua frente havia um cervo comum, amarronzado, a qual ela já havia visto varias vezes durante os seus dezessete anos de vida. Mas havia também a sua frente outro animal, mas que ela só havia visto-o em livros, desenhado. O leão-das-montanhas possuía os pelos amarelados, seus olhos estavam ainda abertos e mostrava olhos azuis. Sua boca aberta não ocultava o tamanho das presas ensanguentadas do bicho. Kira viu os músculos dele, e eram extremamente fortes e rígidos. Ela se agachou ao lado do animal e largou o seu arco. Hesitou em tocá-lo, afinal, ele era assustador. Levantando a mão direita, ela lentamente a aproximou do animal. Quando tocou o bicho, ela pôde sentir o pêlo áspero do animal. Ele era grande, e ela não tinha força o suficiente para carregá-lo. Como poderia guardar a lembrança daquilo? Então, ela teve a ideia de tirar um dos dentes amarelados do animal. De dentro da aljava ela tirou um curto pano que guardava para caso precisasse usá-lo e enrolou a presa do bicho neste pano, e enfiou-o de volta a aljava.

Ela se levantou e retirou as flechas que estavam encravadas nos animais. Com as folhas das próprias árvores as limpou e as recolou na aljava, onde se juntou com as outras flechas que também estavam ali. Depois, ela pegou o cervo e começou a puxá-lo pelas patas traseiras, e assim o fez por muito tempo, sendo acompanhada pelos olhares de vários animais.

Depois de andar muito, chegou até o enorme campo de treinamento da casa de Mestre. E assim teve que arrastá-lo por mais muitos metros.

Quando chegou, de fato, à casa de Mestre, puxou o animal até a cozinha.

—Jackie, ajude-me a fazer o almoço. – gritou ela para que o seu irmão a escutasse. Ele não demorou a descer as escadas correndo.

Quando chegou a cozinha, se impressionou com o cervo que sua irmã havia caçado.

—Esse bicho vai render dias! – disse, alegre.

—Você não faz ideia do que eu passei para conseguir este simples cervos.

—O quê?

—Matei um leão-das-montanhas!

—O quê? Não pode ser verdade! – disse o menino. Ela puxou de dentro da aljava ( que ainda estava nas suas costas ) o pequeno pano. O expôs na frente do menino.

—Desenrole-o. – mandou. O menino, cheio de curiosidade, desenrolou o pano e pode ver a enorme presa amarelada e ainda um pouco manchada pelo sangue.

—Uau!

Kira sorriu para o irmão, que se manteve extremamente perplexo.

—Agora, me ajude a preparar o almoço. – o menino enrolou novamente a presa no pano e a deixou ali na mesa, indo ajudar a sua irmã a fazer o almoço.

Enquanto Kira retirava a pele e as vísceras do animal, Jackie esquentou o fogão á lenha e foi colher verduras. Depois, os dois pegaram a carne e a assaram. Lavaram as verduras, formando assim o seu almoço.

—Vá chamar Mestre. – ordenou à Jackie, sendo obedecida.

Logo que o menino saiu da casa em direção à pequena cabana de estudos, Kira ouviu um barulho vindo da direção dos campos de treinamentos. Era como o trotar de vários cavalos. Ela andou em direção à porta, e saindo da casa, pode ver vários homens montados em cavalos trotando em direção da casa. Passaram pelo caminho que vinha do campo de treinamento, passando por muitas florestas e vilas até outros caminhos que levavam a capital. Eram os cavaleiros do seu pai, Lorde Haland.

Eles pareceram se assustar ao ver o estrago provocado pela misteriosa explosão, mas não pararam de trotar. Logo, passou Mestre e Jackie ao lado de Kira. Os três foram em direção aos cavaleiros.

Quando chegaram até eles, os homens puxaram suas rédeas, e os cavalos pararam de andar. Mestre se prostrou diante deles. Kira e Jackie apenas fizeram uma reverência com suas cabeças.

—Mestre, saudações! Kira e Jackie, filhos de Lorde Haland, é um prazer revê-los. – disse Jhon, um dos cavaleiros a qual Lorde Haland mais confiava. Ele aparentava estar triste.

—Onde está meu pai? – indagou Kira, procurando com os seus olhos o seu pai, em meio aos cavaleiros.

—Kira e Jackie! – disse, assustando os três. – Trago más noticias!

—O q...quê a...aconteceu? - perguntou a jovem, já imaginando o pior.

—Lorde Haland, o respeitado pai de vocês, foi misteriosamente assassinado na noite passada.