Troublemaker

Capítulo 1 - Encrenqueiro


Mais um sábado ensolarado, onde Magnus e eu desfrutávamos de uma tarde na pracinha em frente a principal igreja da cidade. Estava sentada em baixo de uma frondosa macieira, que me garantia uma ótima sombra enquanto lia um livro e Magnus estava deitado ao meu lado apreciando o carinho que eu fazia em sua orelha. Minha barriga roncou, então abri a cesta e saquei um sanduíche de lá dentro, mais o pote de ração e uma garrafa de agua, que dispus sobre a toalha que estavamos e servi o almoço do meu amado e fiel cachorro.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Voltei a ler enquanto mordiscava meu lanche, pois a história estava em um ponto crucial e eu estava interessadíssima em saber o desenrolar.

— Quem diria Magnus, me deixei enganar por essa mulher empoderada e era só mais um clichê onde o mocinho salva a mocinha. – Fechei o livro e olhei para o lado, onde Magnus deveria estar, mas tudo que encontrei foi um pote de ração vazio e a bandana amarela que mais cedo eu tinha pendurado em seu pescoço.

Desesperada por imaginar que alguém poderia ter roubado meu melhor amigo, recolhi tudo da maneira mais rápida que consegui e comecei a procurar pelo meu cachorro, o gritando desesperadamente.

— Posso te ajudar moça? – Uma versão de deus grego do século XXI perguntou, tocando meu braço para que eu pudesse parar de andar como louca.

— Meu cachorro... Ele estava do meu lado, então depois não estava mais e eu preciso muito encontra-lo.

— Fique calma, me diga como ele é e vou te ajudar a encontra-lo.

— É um Golden Retriever, caramelo, mais ou menos desse tamanho. – Lhe indiquei o tamanho colocando a mão até a metade da minha coxa.

— Ok, entendi. Faremos assim, eu procuro para esse lado e você daquele, e quem achar vai direto para frente da igreja... Caso nenhum dos dois ache, mesmo assim me encontre em 15 minutos lá e continuaremos as buscas.

— Tudo bem... Espero que tenhamos sorte. – Falei otimista, mas estava desesperada diante da possibilidade de não encontrar Magnus.

— Até logo e com boas notícias. – Então o deus grego do século XXI saiu em direção a ala leste do parque enquanto eu ia para o oeste, perguntando aos donos de algumas barracas de pipoca e cachorro quente que tinham por ali se alguém tinha o visto.

Depois de 10 minutos de buscas por Magnus, resolvi voltar para onde eu estava antes, na macieira de frente a igreja, na esperança de que meu cachorro tivesse voltado, então avistei o deus grego do século XXI retornando também. Olhei de relance para igreja e vi que uma noiva se preparava para entrar.

— Alguma sorte? – Me perguntou.

— Nenhuma. Acho que o roubaram bem na frente do meu nariz e eu nem percebi. Sou uma pessoa horrível. – Então finalmente comecei a chorar e me lastimar.

— Calma, vai ficar tudo bem, às vezes ele está apenas brincando por aí. – Tirou da lapela do paletó um lenço e me entregou e notei que tinha umas daquelas florzinha que se usa em casórios. Aceitei de bom grado e sequei as lágrimas, olhando em direção a igreja e lembrando da noiva de mais cedo.

Foi ai que avistei, ninguém mais, ninguém menos que Magnus do outro lado da rua, tentando abrir a porta da igreja.

— Achei meu pestinha! – Gritei assustando o deus grego.

— Onde?

— Bem ali em frente a igreja. Então ele olhou e levou as mãos à cabeça.

— Merda! – Praguejou. – Que horas são?! – Olhamos para o grande relógio em cima da igreja e eram 4h10 da tarde – Porra, estou atrasado! – Exclamou. E foi ai que tudo se encaixou.

— Não me diga que é o noivo! – Tentei ajeitar o lenço de novo dentro da lapela e arrumar sua gravata borboleta que estava um pouco torta. – Corre que ainda dá tempo e qualquer coisa vocês dizem que é um desses casamentos modernos onde o noivo chega depois.

— Antes fosse, mas eu sou o padrinho, ou era. – Disse a última parte mais baixo.

— Acho que te devo um milhão de desculpas por ter te atrasado, mas ainda dá tempo de assistir à união do casal.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Eu não estou muito empolgado com isso, na verdade você, ou melhor, seu cachorro, foi a desculpa perfeita para eu não ver meu amigo que não gosta da noiva e a mulher que eu amo se casando.

— Oh! – Foi a única palavra que consegui dizer.

— Falando no seu cachorro, ele acaba de invadir a igreja.
Peguei a cesta do chão e comecei a puxar o deus grego em direção a igreja.

— Se alguém tem algo contra essa união, fale agora ou cale-se para sempre. – Ouvi o padre falar, enquanto Magnus puxava a barra da calça do noivo.

— Magnus! – Gritei no meio da igreja e todos os olhos se voltaram para mim como se agora eu tivesse três cabeças.

— Tire esse cachorro pulguento do meu casamento, agora! – A noiva gritou a última parte enquanto o noivo parecia não estar nem um pouco incomodado com Magnus querendo arranca-lo do altar a todo custo, ora empurrando-o, ora puxando sua barra da calça com o dente.

— Olha lá como fala do meu cachorro, sua loira burra! – Vi a boca da mesma abrir e fechar por diversas vezes, até que finalmente ela iria responder, mas o deus grego que estava ao meu lado interviu.

— Calma Laurel, foi tudo um mal entendido. – Explicou.

— Raymond Palmer, onde estava se não no altar no dia do meu casamento?! E ainda tem coragem de aparecer no meio da cerimônia com uma desqualificada acompanhada de um cachorro.
Olhei para Magnus que agora recebia um carinho do noivo na orelha.

— Alto lá! – Gritei. – Olha como fala comigo, foi tudo um mal entendido, assim como esse casamento! – Dei minha cartada final, enquanto todas as bocas se abriam surpresas, menos a de alguns padrinhos, que sorriam com o que eu disse. What the fuck??? Que tipo de casamento é esse?

— Como ousa? – Laurel, como acabei de descobrir ser seu nome cerrou as mãos em punho.

— Só sendo muito burra para não perceber que esse homem aqui do meu lado te ama mais que tudo.

A boca da noiva abriu em choque e Raymond ficou desconcertado. Só aí percebi que falei de mais e então resolvi chamar Magnus e sair daquele circo que criei. Me agachei no chão e chamei o seu nome, mas ele fingiu não me ouvir e se deitou aos pés do noivo. Me levantei e marchei em direção ao meu amigo, muito brava pela situação que ele havia nos colocado.

— Ora essa Magnus, levanta e vamos embora, você tem noção da merda que fizemos seu cachorro enxerido e petulante? – O noivo deu risada e foi ai que olhei para o seu rosto... E que belo rosto diga-se de passagem. Só tem gente bonita nessa igreja?

— Vamos garoto, acho que você está de castigo. – O noivo disse e começou a andar em direção a saída da igreja e o pilantra do Magnus passou a segui-lo.

— Onde pensa que vai Ollie? – Laurel perguntou.

— Todo mundo aqui sabe que eu não queria esse casamento, até essa estranha percebeu e você não Laurel, o único cara que te ama é o Ray... Achei que você cairia na real assim que pisasse o pé na porta dessa igreja e visse que quem te esperava no altar era a pessoa errada, mas ai o burro do Palmer se atrasou e se não fosse por esse garotão aqui... – coçou a orelha do Magnus. – nós seriamos infelizes para sempre. Escolha o cara certo agora. – O noivo tirou as alianças do bolso e entregou para Ray que segurou nervoso e olhou para Laurel.

O noivo continuou indo para fora e meu cachorro traidor o seguindo, então tudo que eu pude fazer foi o mesmo. Já fora da igreja, tudo que eu queria era dar um chute na bunda do Magnus, apesar de ser totalmente contra violência animal.

— Me desculpe, senhor... – Fiquei vermelha assim que encarei o noivo, mas ele sorria.

— Prazer, eu me chamo Oliver e tudo o que vocês fizeram foi adiantar o show já ensaiado por Thommy e Sara.

— Como assim? – Perguntei confusa.

— Oliver, por que não me contou que houve uma mudança no plano? –Uma loira pequena e muito bonita se aproximou com um homem moreno.

— Não houve, isso tudo foi obra do destino pois até esse cachorro sabia que esse casamento não era para acontecer.

— Vai me dizer que esse cachorro e essa mulher caíram de paraquedas nesse casamento?

— Isso mesmo. – Oliver confirmou.

— Isso saiu melhor que encomenda. – O moreno ao lado da loira comentou. – Eai? Loira salvadora da pátria e dos amigos solteiros, como se chama?

— Felicity. – Respondi.

— Topa se juntar conosco na nossa festa particular anti Laurever? – Perguntou a loira e fiquei a olhando embasbacada diante a pergunta e a junção dos nomes dos ex noivos. – Responde rápido antes que as pessoas saiam da igreja e nos atrapalhem.

— Sim. – Respondi com convicção sem saber onde eu estava com a cabeça. – Mas eu quero saber o que está acontecendo aqui.

— A gente te conta no caminho. – Oliver passou os braços pelos meus ombros e me guiou com meu cachorro em seu encalço.

Então entramos junto com Magnus dentro da limousine estacionada na frente da igreja, onde já havia um motorista negro e forte no volante nos esperando e partimos para festa anti Laurever.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.