Os Deuses da Mitologia

ALEX - Muita transformação envolvida aqui


ALEX

Vejo que finalmente chegou minha vez de narrar os acontecimentos eim? Chega de tanta estrelinha pro Magnus, minha vez.

Lá estávamos nós em sabe-se lá onde, mas provavelmente em Israel. Estavamos em pé no meio de uma pista onde, à direita, havia o estacionamento com vans e ônibus e, à esquerda, muros, placas e plantas e mais plantas. Quando de repente tudo começou a tremer. Não era um único terremoto. Posso dizer isso, pois estava tudo bem ritmado, dava pra sentir. A terra começava a tremer e parava, começava e parava, começava e parava. A fonte do terremoto logo apareceu em nossa frente. Rosnando e pingando de sangue, um cachorro enorme corria em nossa direção provavelmente doido para transformar a gente naqueles biscoitinhos de cachorro. Ele tinha o pelo espesso e cinza escuro e quase parecia um lobo. Suponho que esse era um dos “cachorrinhos” de Odin visto que o sarnento era facilmente maior que um elefante.

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— Cuidado! – gritou TJ.

— Ond- começou a dizer Magnus que estava de costas para a direção por onde o cão vinha correndo rapidamente.

Não pensei duas vezes antes de correr na direção dele e o empurrar, provavelmente com força demais, mas tirando-o da mira do cão que poderia ser facilmente o bichinho de estimação do titã colossal de Shingeki no Kyojin.

— Ouch – reclamou Magnus embaixo de mim.

— Foi mal – respondi dando leves tapinhas na bochecha rosada dele – Pelo menos está inteiro. Não ouse morrer, Maggie. Não aqui fora. E muito menos virando panqueca.

— Quer dizer... valeu – disse Magnus olhando pra mim mas massageando a cabeça que provavelmente tinha batido no chão – E você? Tá bem.

— To legal – eu disse ao me levantar e estender a mão para ele ajudando-o a se levantar também. Ele o fez, ainda passando a mão na cabeça.

Olhei para trás para ver se estávamos em segurança contra o titã canino e notei que agora ele encarava uma briga contra um cachorro e um elefante que eu não tenho ideia de onde tinham surgido. O elefante, não tinha nada de muito diferente de um elefante. Era cinza e grande, mas não tão grande quanto o titã canino. O segundo cachorro, era completamente negro e... Sinceramente eu estava em dúvida se era um cachorro ou um lobo.

Olhei para onde Sam estava, achava que talvez tivesse sido ela se transformando. No entanto, me enganei. Ela estava na frente de Amir protegendo-o como um donzelo em perigo segurando seu machado de forma ameaçadora como se desafiasse o titã canino a chegar mais perto dela.

Foi ao olhar para Sam que vi que alguém estava alguns metros atrás dela. Um homem de pele negra que me olhava intensamente com uma expressão de curiosidade. Seus cabelos estavam presos em dezenas de tranças finas e parcialmente escondidos por um chapéu dourado. Esse chapéu, estranhamente, tinha meia dúzia de colares de pérolas presos indo de um lado para o outro cobrindo parcialmente o rosto do homem. De suas orelhas, pendiam brincos de argolas generosas. Ele também usava saia. Parecia com a da Alice do clássico da Disney só que onde a dela era azul, a dele era dourada com estampas floridas e, onde a dela era branca, a dele era azul.

Quando eu ainda me perguntava quem era ele, a imagem dele desapareceu completamente como se levada pela neblina e, quando me dei conta, Magnus me sacodia e Sam e Amir olhavam para mim preocupados.

— Terra para Alex! Acorda! – disse Magnus me sacodindo e alternando o olhar preocupado entre mim e o titã canino.

— Hum.. que? – respondi, ainda meio grogue.

— Tá tudo bem? Você estava estranha – disse Magnus.

— To bem, to bem – respondi voltando a mim.

Olhei então para onde a luta entre os três animais grandes estava rolando. Ao olhar novamente, vi que a luta parecia numa trégua. Não que tivesse algum vencedor ou perdedor. Não. Os três animais apenas se encaravam. Nenhum músculo se mexia de nenhum dos três enquanto pareciam se perguntar quem seria o próximo a fazer qualquer movimento. Os dois cachorros, o titânico e o negro, rosnavam e o elefante... bem... ele encarava. Não acho que aquele barulho que elefante faz com a tromba seja muito amedrontador numa situação como essa.

— Suponho que esse seja Geri ou Fleki – disse Mestiço que parecia pronto para iniciar a luta.

— E o elefante e o outro cachorro? – perguntei, embora também notasse que o titã canino, seja lá qual dos dois cachorrinhos de Odin fosse, estava já sangrando de leve desde antes do confronto.

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— Frank e Anúbis – disse Reyna.

Olhei ao redor e, de fato, nosso grupo estava com aqueles exatos dois integrantes faltando. Não me culpe por não ter notado antes. É muita gente.

— O que faremos? Atacamos? Suponho que tenhamos que devolver os cachorros vivos – disse Hazel.

— Ele não parece disposto a se entregar sem uma luta – disse Mallory.

— E ainda temos que achar o outro – completou Sam.

Mallory era a única menina junto comigo (na maioria das vezes) que vivia no andar 19 em Valhalla. Todos, eu, ela, Magnus, Mestiço e TJ, fomos transformados em Einherji por ela. Einherji é um jeito chique de dizer que morremos mas ficaremos em Valhalla treinando para lutar no fim do mundo. Eu e Magnus fomos os que morremos por último. Mallory é irlandesa, filha de Frigga (esposa de Odin), que morreu na Sexta-feira sangrenta em 1972. TJ é o apelido que demos para Thomas Jefferson Jr. (Não, não é o presidente. Apenas um xará). Filho de Tyr, o deus nórdico da coragem e do julgamento por combate. TJ foi escravo e morreu num ataque à um forte na Carolina do Sul. Mestiço era o mais velho de nós, tanto considerando a aparência como o ano em que nasceu e o que morreu. Não sabíamos se ele era filho de algum deus nórdico, mas ele é o mais viking entre nós. Ele é realmente norueguês e está em Valhalla por pelo menos 1200 anos.

Como se escutasse as palavras de Sam sendo faladas, o destino simplesmente resolveu que não estávamos ferrados o suficiente. Vindo da direção para a qual antes estávamos andando, surgiu uma luz vermelha cortando o céu como um lazer. Talvez por isso Odin tivesse enviado o um grupo tão grande até ali e especificamente para aquele ponto. Heimdall provavelmente tinha visto que isso aconteceria. Mas... o que exatamente era aquilo? Quem era aquele homem de azul e amarelo? Isso... eu não sei responder.

Não fui a única que o olhar foi atraído para a luz avermelhada que cruzava o céu. O olhar de Anúbis também foi. Digo isso porque provavelmente o titã canino usou como oportunidade e pulou em cima de Anúbis. Frank foi rápido o suficiente e pulou em cima do titã canino mudando de forma no meio do caminho para um dragão. Uma transformação linda de se ver.

Nota mental: discutir isso com o Frank e quem sabe conseguir umas dicas.

Anúbis, no entanto, também foi rápido o suficiente para desviar e olhou para nós rapidamente antes de voltar para a luta.

— Acho melhor parte de vocês irem ver o que é aquilo – disse Anúbis sem sair de sua forma canina – Não estou com um bom pressentimento.

— Você consegue falar desse jeito?! – exclamou Amir surpreso. Tadinho, me pergunto se não está sendo coisa demais pra ele.

— Consigo – disse Anúbis revirando os olhos.

— Ai que bom, achei que era só eu quem tivesse entendido – disse Magnus.

— Mallory, Mestiço, TJ, Magnus, Alex, Hazel – disse Reyna em voz autoritária. Uma líder – Vão ver o que foi aquela luz. Eu, Frank, Anúbis, Sam e Amir lidamos com o cachorro.

— M-Mas... – ouvi Hazel começar a dizer enquanto eu e os outros já dávamos passos em direção a luz, mas paramos ao ouvir a voz dela. Notei que o olhar dela estava, repleto de preocupação, direcionado para onde a luta contra o titã canino se desenrolava com Anúbis, Frank e Sam (depois que ela cochichou algo para Amir e ele ficou quietinho no canto) que havia se transformado num urso. Essa maninha me enche de orgulho.

— Não sabemos o tamanho do problema que originou essa luz vermelha. Concordo com o que Anúbis disso, não estou com bom pressentimento. – continuou Reyna caminhando firme até Hazel e segurando-a pelos ombros – Odin não parece ter nos mandado até aqui para simplesmente fazer resgate de bichinhos de estimação. Frank ficará bem. Prometo.

Hazel afirmou com a cabeça e se juntou a nós. O grupo já completo, corremos para onde a luz vermelha cortava o céu nos perguntando o que era. Com o canto do olho, olhei para Hazel. Compreendi o que ela sentia, estava preocupada com Frank. Pelo o que entendi até agora, eles eram namorados. Entendia o que era isso, também ficaria preocupada se fosse Magnus, mas também ficaria preocupada se fosse qualquer um de meus amigos ali, assim como estava preocupada com Sam e Amir que ficaram para trás. No entanto, eu confiava nela. Eu confiava neles. Um cachorrão? Acho que aquele grupinho conseguia aguentar. Entretanto, no instante seguinte, olhei com o canto do olho para Magnus. Será que eu ficaria mais preocupada se fosse ele que tivesse ficado para trás? Balancei a cabeça deixando esse pensamento para trás embora soubesse e sentisse qual era a resposta.

Não precisamos correr muito. Cruzamos uma pista e passamos ao lado de mastros. Em um deles, a bandeira de Israel. Notei prontamente que nossa pequena aventura envolveria entrar em local proibido visto que um muro de aparência antiga, centenária ou talvez até milenar (provavelmente uma ruína turística), separava a pista de um descampado onde vários monstros se reuniam. Feios, grotescos, de vários tamanhos e cores, eles eram muitos e estavam todos ao redor da luz vermelha. A quantidade deles me impedia de ver de onde aquela luz estava vindo.

O que mais me chamou atenção foi, no entanto, os dois pássaros que voavam pelo céu. Um, um corvo preto normal com qualquer outro, mas que me deu, inexplicavelmente, um aperto no coração. O outro pássaro era como se o Articuno e Moltres de Pokémon tivessem feito a dança da fusão. Tinha penas longas e bonitas, azuis, mas com chamas azuladas e vermelhas em sua extensão. O bico, dourado como seus olhos que se encheram de raiva ao nos ver.

O enorme pássaro planou no ar e gritou. Um grito fino que machucou meus ouvidos obrigando-me a tampa-los com as mãos. No segundo seguinte, como se fosse um dragão, o pássaro cuspiu fogo na gente.

— Escondam-se! – gritou Hazel enquanto eu ouvia Mallory xingando em irlandês.

Na falta de lugar para se esconder, fizemos o que pudemos tentando desviar dos ataques. Além disso, me orgulho em dizer que fui bem rápida visto que no segundo seguinte troquei de forma para um abutre. Não era muito glamoroso, mas era bom o suficiente para uma batalha contra um pássaro normal. Contra um Moltresticuno? Não sei. Outra pessoa que reagiu rápido foi Hazel que, não sei bem como, apareceu como fumaça negra antes que eu conseguisse chegar até o pássaro e o atacou com um golpe de espada que parece ter doído muito.

Peguei Hazel com meu bico antes que ela caísse devido às formas da gravidade (maldito Newton) e então a batalha aérea começou. Claro que o Moltresticuno não iria gostar de como nós o recebemos, então começou a nos atacar insistentemente. Eu desviava voando o mais rápido que conseguia e a pobre Hazel se sacodia presa pela camiseta provavelmente torcendo para não cair.

— SOLTE-ME ALEX! CONFIE EM MIM! – gritou ela uma vez tentando ter sua voz ouvida no meio do vento.

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Fiz o que ela pediu embora tenha realmente ficado preocupada com o que aquilo poderia ocasionar. Ela caiu por mais alguns poucos metros e desapareceu em fumaça negra. Livre de coisas para carregar, me virei para o Moltresticuno e comecei uma briga de garras, bicos e asas. Apesar do tamanho do abutre que virei (meros 2 metros e 40 de asa a asa provavelmente) o Moltresticuno ainda era um pouco maior do que eu e mais forte. Afinal, eu não podia sair por ai jogando fogo nos outros pela boca. O fogo que ele soltava queimava parte de minhas penas. Eu sentia a dor e me perguntava, preocupada, a que parte do meu corpo elas corresponderiam quando eu voltasse ao normal.

Novamente, aparecendo do nada, Hazel reapareceu como sombra acertando a asa direita da criatura que urrou de dor. A garota pareceu ter tentado achar o ponto livre exato no meio a minha brica com o Moltresticuno. E de novo, graças a gravidade, ela começou a cair junto com o sangue da criatura.

— NÃO SE PREOCUPE COMIGO, CONTINUE O SERVIÇO! – gritou Hazel.

Quis acreditar nela e me lancei contra a criatura cuja asa direita se esforçava para manter a altura. Agarrei-me na primeira parte do corpo que conseguia com o meu bico e subi cada vez mais para o céu azul. A criatura se debatia quando a soltei do que deveria ser a altura de um prédio de uns 24 andares. A criatura lutava para se manter no ar e consciente e eu esperava que a queda acabasse com ela. Brigávamos de um lado para o outro, eu estava esperançosa. Em um dos momentos em que me afastei para desviar de um golpe do pássaro e ganhar impulso para ataca-lo novamente, vi, lá no chão, que os outros estavam envolvidos em meio a lutas terrestres contra os outros monstros.

No entanto, foi o grito de dor que chegou aos meus ouvidos na forma da voz de Magnus que me tirou a atenção de minha própria batalha. “MAGNUS!” foi a única coisa que eu pensei quando virei minha cabeça imediatamente, preocupada e desesperada para saber o que ocasionara tamanho grito de dor e sofrimento e para descobrir onde ele estava. Essa distração me custou caro pois o enorme pássaro usou essa oportunidade para jogar contra mim chamas extremamente quentes saídas de suas asas e bico.

Foi a minha vez de urrar de dor conforme meu corpo queimava, minha transformação se desfazia, e eu começava a cair sem nada para me amparar enquanto perdia a consciência.