O Conto

Capítulo Único


Tokoyami suspirou olhando-se no espelho e vendo as marcas da noite anterior em seu corpo. Estava um caos.

— Pela sua cara, você não está bravo pelas marcas. — Dark Shadow comentou rindo.

— Izuku é estratégico, não deixa marcas onde eu não vá conseguir esconder depois.

— A noite foi boa. — a sombra provocou novamente.

— Cala a boca. — respondeu envergonhado e terminou de se vestir.

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Foi até o quarto de Midoriya, bateu na porta e entrou depois de receber a permissão, encontrando um rapaz sentado na cama lendo.

— Você está bem? Não te machuquei?

— Eu estou bem, não se preocupe. — o Fumikage respondeu um tanto sem graça pelas perguntas, mas gostava da preocupação do esverdeado.

— Você acordou cedo. Venha, deite aqui.

Acatando ao pedido, foi até a cama do rapaz e deitou-se de lado usando as pernas do outro como travesseiro. Em seguida fechou os olhos e a respiração não tardou em ficar mais pesada, fazendo o outro herói notar que ele havia caído no sono.

A professora terminou de contar a história e sorriu para todos os alunos. Os garotos começaram a reclamar que aquela história não tinha tanta ação como queriam, já as garotas estavam todas eufóricas com o final, havia sido muito romântico, definitivamente a meta delas.

— Professora! — um garotinho gritou levantando a mão, chamando a atenção de todos — Algo assim poderia acontecer com o Fumikage? — questionou a respeito da história.

O garoto mencionado entendeu na hora as palavras do colega de classe e se sentiu mal. Por que tinha que ser o único ali que não tinha uma aparência completamente humana?

— É claro que pode. — a mais velha respondeu — Afinal, qualquer um pode ser um herói. E qualquer um pode amar e ser amado. — concluiu e então olhou para Tokoyami que desviou o olhar, esperançoso com a resposta, diga-se de passagem, para os céus que as janelas de vidro permitiam ver.

Tokoyami ainda estava na creche e já almejava ser um herói e almejava um final feliz como o heróis daquele conto. Todavia, conforme os anos passavam, suas esperanças de um final como o daquele conto se esvaia.

Talvez ficar só com a parte de ser um herói famoso e que cumpre muito bem o seu papel já fosse de bom tamanho.

Foi o que concluiu quando se viu apaixonado no ensino fundamental, decidiu que deveria se confessar e fora completamente rejeitado.

— Desculpa. — a garota pediu — Eu não posso corresponder seus sentimentos… Você… É… Seria estranho. — admitiu sem graça pela situação e ele concordou com a cabeça, fingindo não se importar com o quanto aquilo machucava-o.

Dark Shadow sabia que ele iria se machucar, mas não podia impedir o pequeno de se machucar. Não quando ele estava tão animado e determinado a se confessar. No entanto, consolar o garoto depois havia dado tanto trabalho que se arrependera amargamente de não ter impedido-o.

Desde então, Tokoyami nunca mais tocou no assunto “romance”, o que Dark Shadow não sabia o que considerar a respeito.

— Mas você não gosta de ninguém -gero? — indagou sua amiga subitamente quando ambos estavam descansando atrás dos dormitórios, era relaxante, pois ali o vento batia e o Sol não os incomodava.

— Não. — respondeu visivelmente incomodado com a pergunta.

— Você já gostou de alguém -gero?

— Sim. E pare de fazer essas perguntas, por favor.

— Desculpa -gero. — pediu — Você nunca falou sobre isso. E já falamos de muita coisa.

— É algo… Complicado…

— Claro que é. Temos formas de animais -gero. — a resposta da garota o fez lembrar com quem estava falando: com quem mais entendia ele.

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— Ninguém quer namorar uma pessoa como nós. — ele murmurou e ela negou com a cabeça.

— Existem pessoas que não ligam para aparência -gero. — respondeu se lembrando de sua conversa com Izuku outro dia, e dando início a um debate sobre o assunto.

— Tokoyami. — escutou alguém o chamar e com preguiça abriu os olhos — Você estava com uma expressão irritada.

— Desculpa. — pediu — Estava sonhando.

— Sonhando? Sobre o quê? — perguntou colocando do lado sua nova edição dos quadrinhos do All Might e olhando para o rosto deitado de lado em suas pernas.

— Sobre preconceito.

— Que tipo de preconceito?

— Do tipo que as pessoas têm com pessoas que fogem do padrão humano. — respondeu Dark Shadow se intrometendo, não era a primeira vez que algo assim incomodava o rapaz no outro mundo.

— Entendi. — o esverdeado se limitou a isso e fez um carinho na sombra, que não reclamou — Por quê?

— Não entendi sua pergunta. — o Fumikage respondeu.

— Por que sonhar com isso? — indagou mesmo sabendo que não se pode controlar os sonhos.

— Talvez porque é algo pelo qual eu já passei.

— As pessoas não sabem apreciar o que é bom. — respondeu Izuku, fazendo o outro sorrir.

— Eu concordo. — respondeu pensando sobre quando precisou consolar o rapaz por ter sido rejeitado — Melhor para mim. — concluiu pensando sobre o garoto.

— Não entendi.

— Nada. — murmurou ele e sorriu fechando os olhos novamente — Eu gosto de você. — confessou, deixando Midoriya feliz e corado.

— Eu também gosto de você. — desviou o olhar ao dizer aquilo e percebeu Dark Shadow os olhando — Privacidade. — seus lábios pronunciaram a palavra sem emitir som e a sombra sumiu, com certeza rindo da vergonha dele.

Ainda com vergonha pela situação, não conseguiu evitar em se abaixar e depositar um beijo no bico do outro.

Mesmo envergonhado, Tokoyami abriu os olhos para ver o estado que estava o parceiro. E não se arrependeu, Midoriya estava vermelho de vergonha e estava murmurando sem parar, como sempre fazia quando pensava demais.

Dark Shadow não compreendia como podiam ter tanta vergonha mesmo depois de algo como o que ocorreu na noite passada e em outras noites, mas não se importava, pois gostava do fato de que Tokoyami estava feliz.

É… Talvez ele pudesse ter um final feliz como daquele conto, até a parte romântica dela.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.