Como o Vento...

O anseio de Kagura


Liberdade, em filosofia, pode ser compreendida sob uma perspectiva que denota, a ausência de submissão e de servidão. Ou sob outra perspectiva, que é a autonomia e a espontaneidade de um sujeito racional.

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Como o Vento...

Diante dos seus olhos, toda a sua existência pútrida e sem objetivos, passa como um filme em seu momento terminante. São seus últimos segundos de vida, o sopro de existência deixará aquele ser, para todo o sempre...

Sopro...

Nesses segundos que escorrem pelos dedos, como a água corrente de um rio, ela percebeu que nunca fora viva de fato, e se arrependeu por não ter abraçado a morte antes, como um golpe de misericórdia para findar sua permanência neste plano.

Onde esteve o seu direito à existência preciosa? Foi lançada no Samsara¹ sem a chance de poder escolher, por qual caminho era mais agradável seguir. Escrava de um ser cruel, parte de um corpo amargo e cheio de ódio, assim nasceu Kagura, a mestra dos ventos. De quê adiantou todas as batalhas e incontáveis inimigos que teve a função de enfrentar?

E Kanna... Pobre criatura, que prisioneira como ela, não teve a chance de ser livre, livre como o vento... E ela era o vento.

“Droga, meu corpo não me obedece... Minhas feridas vão abrir novamente. Eu não tenho poder sobrando para me curar.”

Maldito Naraku! Devolveu lhe o precioso coração, mas depois a envenenou com seu miasma. Deu a ela liberdade apenas para deixa-la morrer. E ela só queria ser livre, um desejo incompatível com o propósito de sua criação...

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O sangue de Kagura tingia as pétalas alvas das flores, num vermelho intenso, e a brisa levava as vistosas membranas das flores manchadas com o líquido púrpura, numa cortina viva que se movia com o ar.

“Está tão quieto, não há ninguém. Eu vou acabar aqui? Sozinha... Essa é a liberdade que eu almejei.”

Kagura teve pouco tempo, porém, fora o suficiente para provar do deleitoso sentimento que é o amor. Entre suas missões, das quais não se orgulhava nem um pouco, a youkai teve a luz dos seus olhos destinada à um alguém, este mesmo, sempre frio e distante, pois a única coisa que Sesshoumaru cortejou durante sua existência, foi o poder sem limites, nada mais. Mas isso não havia sido o suficiente, a morena dos olhos vermelhos, ainda assim não pôde esquecer ao youkai branco.

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O corpo da manipuladora dos ventos adormece mais e mais, a cada segundo até o cheiro intenso das margaridas naquele campo florido, foi ficando fraco em sua percepção, e tudo ao redor se tornou opaco e sem cor, finalmente estava partindo. Como um bálsamo para seu corpo e coração feridos, e sim, agora ela possuía um coração, Kagura ergueu os olhos para o único ser que em toda a sua curta existência, conseguiu despertar em seu cerne algo como sentimento. Não sabia explicar o que sentia, mas estava satisfeita pela capacidade de poder sentir.

Seus olhos rubros.... Mal conseguia mantê-los abertos, porém, seus lábios como que por vida própria, pronunciam seu nome.

— Sesshoumaru... — Sussurrou hesitante, mal acreditava que ele estava ali.

— Senti o cheiro do seu sangue e do miasma.

— Entendo, você pensou que era o Naraku... — Um sorriso amargo, de pura decepção formou-se em seus lábios. — Está desapontado de não ter sido Naraku?

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— Eu sabia que era você. — Kagura ergueu seus olhos para o dono daquela voz grave, algo em seu coração, se aqueceu.

“Mesmo assim.... Você veio?” Ela pensou, sentindo seu corpo pesar demais para as próprias forças.

— Você está indo?

— Sim... — Mal conseguia responder, seu fôlego se dissipava. — Já está bom.

Kagura pôde olhar para os orbes âmbares daquela criatura, que tomou seus pensamentos pela última vez, e não conseguiu evitar o sorriso fraco que se formou em seus lábios.

“No fim... Eu pude te ver.”

Os cabelos negros se livraram da pena, e todo o corpo da youkai se dissipou em correntes de ar, que emaranhado às pétalas das margaridas, cobriu o campo com sua essência. Ela finalmente era livre. Se a intenção de Naraku era castigá-la, ele falhou miseravelmente, pois ela nunca fora tão feliz, afinal nem mesmo fora feliz durante seu tempo de permanência em vida. A mestra dos ventos teve sua salvação, pôde em seus últimos momentos se arrepender dos seus atos, e agir ao lado favorável do equilíbrio das forças, e partir em paz.

“Eu sou o vento... O livre vento.”

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Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.