Bubu

|Você deveria vir aqui. estamos no chalé quatro, no quarto três|

Ué, que estranho. Por que ela quer que eu invada o chalé feminino?

Mas claro que eu quero saber o que tá rolando.

Olhei de novo pelo quarto escuro, onde todos já deviam estar dormindo.

Pulei da cama tentando não fazer barulho.

— Onde você vai? — Ouvi um sussurro da cama de baixo.

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— Minha amiga está me chamando — respondi cochichando, calçando meus chinelos.

— E ela sabe que horas são? — Cauã sou tom de brincadeira.

— Provavelmente não, mas eu vou lá só pra falar isso pra ela.

E me dirigi à porta e saí, a fechando logo em seguida.

O corredor estava mal iluminado, mas era o suficiente pra ver onde eu estava indo. Fui até a porta e saí para a noite fresca.

Caminhei em direção aos chalés femininos, mas parei ao ouvir passos na grama logo atrás. Me virei e vi Yan parando.

— O que você tá fazendo? — perguntei baixo.

— Nada. — Ele deu de ombros, fazendo cara de inocente

Voltei a andar, mas logo parei e me virei de novo, já que ele também tinha andado.

— Para de me seguir.

— Não tô te seguindo.

— E pra onde você vai?

Ele hesitou por uns segundos. — Pro mesmo lugar que você.

— É? Que lugar é? — Segurei o riso.

— Onde a Bruna tá.

— E ela te chamou também?

Ele deu uma levantada de sobrancelha, como se confirmasse.

Suspirei e voltei a andar.

O que essa menina tá aprontando?

Continuei e fui para o chalé quatro. Abri a porta da frente.

— Você tá doido? — Yan sussurrou. — Vão nos ver assim.

O olhei com cara de tédio. — E você sabe outro jeito de entrar?

— Talvez um jeito mais discreto, pela janela.

Acabei dando um sorriso malicioso. — Então você tá expert em pular janelas, é? — Ele revirou os olhos. — Deixa a Bruna saber.

— Vamos logo. — Saiu para fora da varanda.

Fomos para a lateral direita do chalé, e contei as janelas.

Era a última. Paramos na frente dela. Estava fechada, mas pelas frestas dava pra ver que a luz estava acesa.

Yan me olhou como se estivesse na dúvida do que fazer, então tentei puxar uma das folhas da janela, mas estava trancada . Aí eu dei três batidinhas na madeira.

As vozes que vinham de dentro pararam. Alguém levantou e começou a destrancar a janela.

Logo ela foi aberta, e Lili sorriu ao me ver. Estranhou quando viu Yan, mas não deixou de parecer feliz.

Segurei o batente e dei um impulso pra entrar. Não que fosse tão alto.

Vi um grupo de meninas sentadas em um círculo no chão, e vi a Bruna virada pra trás, me olhando com sua típica cara de "que diabo você tá fazendo?!".

— É aqui que tá rolando a festa? — perguntei já indo me sentar ao lado da Bru, que estava fora da roda.

— O que você tá fazendo aqui? — Ela questionou parecendo brava.

— Ué, você me chamou.

— Não chamei não.

— Então foi um espírito que pegou seu celular e me mandou uma mensagem.

Como se já tivesse entendido, ela virou pra trás, provavelmente pra brigar com a Lili, mas sua cara de brava se transformou em assustada.

Olhei para trás e vi Yan falando com a Lili, que estava feliz da vida.

Sorri mentalmente. Foi essa salsicha que tramou tudo.

— Tão jogando o quê? — Olhei pro grupo, e no chão, vi três bloquinhos de cartas e uma garrafa de plástico preto.

Eita.

— Pergunta ou desafio. — A nova amiga da Lili disse, acho que era Tifany o nome dela. — Vai jogar? — Me lançou um sorriso charmoso.

— Claro. Dá um espaço aí. — Me arrastei pro círculo e me deram um lugar.

— Vai jogar também? — Tifany olhava pra cima.

— Ah... — Yan respondeu. — Não, obrigado.

Lili voltou pro lugar dela, do meu lado.

— Foi você, né? — cochichei.

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— Claro. — Ela sorriu. — Ela nem percebeu que eu peguei o celular dela.

— Você é diabólica. — Dei risada.

— Vai Sol, sua vez. — Tifany falou.

A gótica girou a garrafa.

— Mas e o Yan? — cochichei de novo.

— Não chamei ele. Até ia perguntar por que ele veio junto... Não que eu esteja reclamando.

Ah, então ele me enganou... Deixa ele. — Ele ouviu eu falando que uma amiga tinha me chamado e me seguiu.

Lili riu e voltou a atenção ao jogo.

— Tire uma peça de roupa. — A gótica leu, e eu vi que a garrafa tinha parado em uma das amigas dela, que eu não lembrava o nome. Ela tinha escolhido desafio.

A menina fez cara de sofrimento. Ela estava de pijama, short e camiseta só.

— Vai Tamiris! — Tifany riu. — Blusa ou shorts.

Então Tamiris tirou o short e o deixou do seu lado, e girou a garrafa.

A loira que estava quase de frente pra mim me lançou um olhar ansioso.

A garrafa parou na Tifany e na loira, que fez a temida pergunta.

— Pergunta ou desafio?

— Desafio. — Tifany disse firme.

A outra pegou uma carta do bloco do meio e leu. — Faça dez flexões. — E começou a rir.

— É sério? — perguntou incrédula.

— Sério! — Mostrou a carta. — Vai, quero ver!

Tifany suspirou e levantou. Foi até próximo da porta e se posicionou no chão, e começou as flexões.

Todos contaram até chegar no dez.

— Vou parar de pedir desafio, sempre me cai essas coisas. — Tifany disse ao voltar ao seu lugar, e girou a garrafa.

A boca parou em mim, e o fundo caiu na gótica.

— Pergunta ou desafio?

— Pergunta. — Sorri, vendo a cara de decepção da loira.

Ela tirou uma carta do bloco da minha direita e leu. — Com quantas pessoas você já ficou em um dia?

— Uma — respondi rápido, já girando a garrafa.

Tifany e a loira trocaram olhares rápidos e segurei o riso.

Isso é muito engraçado.

***

Eu não sabia se estava sonhando, mas Yan estava aqui, do meu lado.

Fiquei em choque ao ver que ele veio com o Bebê.

Só depois de um tempo é que Yan decidiu sentar do meu lado, enquanto Tifany fazia as flexões.

— Por que você não quis jogar? — Ele perguntou.

— Ah... não gosto muito dessas brincadeiras...

— É, meio perigoso, né? — Sorriu. — Nunca se sabe o que vai cair pra você fazer.

— Exatamente... Você já jogou isso antes?

— Já, sempre com o Mateus e o Gabriel me puxando pra participar.

— Você já fez alguma coisa vergonhosa?

— Vergonhosa... — Pensou. — Acho que não. Quase sempre eram coisas engraçadas, então eu me divertia fazendo.

— Que foi? Leia logo! — Ouvi Natasha falando alto.

Olhei e vi que Tifany segurava uma carta, fazendo uma cara engraçada e medrosa ao mesmo tempo.

— É ruim? — Lili questionou. Tifany fez um "mais ou menos" com a cabeça. — Pode ler, vai.

— Então tá... — Olhou a carta. — Me dê um beijo de língua de três segundos.

Todos ficaram em silêncio, olhando pra Lili, inclusive eu.

Ela não vai...

Lili deu de ombros e andou de joelhos até a Tifany, ficando na frente dela.

Arregalei os olhos quando Lili a beijou de uma vez.

O povo contou até três e elas se separaram rindo. Lili voltou pro lugar dela e girou a garrafa.

Só a Tifany parecia meio envergonhada.

A garrafa parou na Tamiris e Sol. — Pergunta ou desafio?

— Pergunta. — Sol respondeu.

Tamiris pegou uma carta e leu. — Como você paquera alguém?

As bochechas dela coraram. — Eu nunca paquerei ninguém.

— Tem que ter alguma coisa. Tipo, você faz alguma coisa quando gosta de alguém? Como demonstra?

— Sei lá, acho que eu fico olhando bastante... — Esfregou o braço, olhando pra baixo, e aí girou a garrafa.

Então parou de novo no Bebê, e a Tifany o olhou.

— Pergunta ou desafio?

— Escolhe desafio! — Lili o cotovelou.

Bebê deu uma olhada pra ela. — Tá, desafio. — Olhou pra Tifany.

Ela deu um sorriso animado e pegou uma carta. — Apague as luzes do cômodo e quem estiver nele, circule para que o jogador pegue alguém. Ao pegar, acenda as luzes e dê um beijo de cinco segundos.

Pera, quê?

Tifany levantou e foi até o interruptor. — Vai gente, todo mundo de pé!

Dei uma olhada rápida pro Yan e levantamos.

É melhor eu ir me esconder em algum canto.

A luz foi apagada, e eu me mexi, indo pro corredor entre meu beliche e o das meninas.

Fiquei em silêncio e encostei no criado mudo, esperando.

Ouvi um gritinho.

— Pegou?! — Tifany perguntou alto.

— Não. — Bebê respondeu, e percebi que ele estava perto do beliche do lado.

A cama de baixo fez barulho. Ele devia ter subido.

Dei uns passos pra frente porque ele tinha descido ali no corredor.

Assim que saí, senti meu pulso ser pego.

— Peguei!