Z-A

Seu nome é Zarter. Com Z maiúsculo.

O Z é a última letra do alfabeto. Em uma análise humilde e literal, representa o fim de uma sequência de caracteres e nada além disso. Zarter, porém, nunca fora humilde.

Não foi com sorrisinhos simpáticos, olhares fraternos e palavras singelas que ele se tornou o que era hoje. Ou talvez, dada as suas circunstancias atuais, fosse mais adequado dizer, o que era amanhã (?).

Antes de seu 3650º dia de vida, Zarter prometeu o futuro ao seu mundo, e cumpriu. A primeira máquina do tempo foi invenção sua, e em plena capacidade, permite a criação de uma sêmita no tecido do espaço, um atalho para outras épocas, outras dimensões.

E, por mais incrível que pareça, outras realidades.

Chegou a essa conclusão quando seus olhos cinzentos (rígidos como o aço) encontraram aquele misterioso par de orbes azuis (serenas como o céu, mas poderosos como uma noite de tempestade).

— Meu nome é Antúrio. Sou o maior feiticeiro do meu mundo. E você? Quem é?

Antúrio. Com A maiúsculo.

Assim que o viu, Zarter concluiu que ele não pertencia a Terra, pelo menos não aquela que conhecia.

As vestes de Antúrio eram diferentes. Ostentava um manto verde-escuro e uma coroa de alabastro no topo da cabeça. Ainda assim, exalava poder, iluminando o túnel azul infinito, como se fosse um farol.

— Sou o maior inventor do meu mundo. Criei uma máquina do tempo e como pode ver, ela funcionou.

— Está enganado. Esse é meu feitiço temporal. Esse... — ele indicou o espaço estrelado infinito a sua volta — É meu portal.

Normalmente, Zarter sentiria prazer em refuta-lo, com argumentos impecáveis. Porém, diante da beleza sobrenatural daquela criatura, a única coisa que conseguiu fazer foi assentir.

Zarter segurou sua mão e se deixou ser levado para o outro mundo.