O ar arrefecido recai sobre nós como uma mortalha; o prelúdio da tempestade que é descrito através das nuvens cinzentas que sempre me acompanham para onde quer que eu vá. Esta é minha anátema; o meu dom e o meu castigo por ser quem eu sou.

A tua anátema, no entanto, é mais pesada do que a minha.

Tu, que caminhas entre as sombras, que te escondes através dos desejos de cada ser humano que ganhas para o lado deste ser sombrio a quem te atreves a chamar de mestre.

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Cada gota de chuva que derramo é o reflexo de minha tristeza por vê-lo perder-se assim, tão completamente dado ao teu ofício pelo qual lhe chamam de Ladrão.

Observo de longe teu olhar conspícuo enquanto teus passos te guiam para mais uma vítima. Mais uma criatura que não posso alcançar. De longe, sinto a dor da perda enquanto o teu beijo sela o contrato e retira do corpo aquela alma, fazendo-o desfalecer como se apenas estivesse adormecido, mas nós sabemos que não.

Teus olhos se erguem em minha direção no momento em que pouso diante de ti. Há tristeza em meu olhar; apatia no teu.

− Adrian, por que tu ages assim? – questiono. A dor em minha voz se transforma em trovões.

− É o meu trabalho, Porteiro. Como vigiar é o seu. – Teus olhos brilham dourados por trás da aba do chapéu negro quando abre um portal para o inferno, carregando consigo os espólios de mais uma vitória.

Sinto o ímpeto de impedi-lo, mas me refreio diante de teu sorriso diabólico.

− Até mais ver, Porteiro.

A tua sombra desaparece no interior do portal e retorno para a minha posição de gárgula, prostrado sobre o topo de um edifício, tendo como única companhia a minha própria anátema pessoal.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.