Os escolhidos

Flash-back e um beijo doce


A maior hipocrisia que alguém pode dizer é que a dor de perder alguém que amas é passageiro.

A maior mentira que um medico pode dizer, é que um paciente no estado em que minha mãe e meu pai se encontravam poderia melhor, é dizer que eles não vão morrer e que vai ficar tudo bem. Todas essas mentiras tive que ouvir no dia em que meus pais morreram, tive que receber todos aqueles olhares de pena e pior tive que contar para Anna o que tinha acontecido.

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Quando cheguei no hospital e vi meus pais desacordados numa maca entrando por aquela porta eu soube que eles não sairiam com vida de lá, eu soube que eu ficaria sozinha. Como eu soube?

Bom, eu já tinha passado por isso antes. Aos 14 todas as meninas tinham melhores amigas para falar de maquiagem e do tema da festa de quinze anos mas eu tinha meu melhor amigo Arthur. Claro que eu tinha Anna também mas nós sempre fomos muito diferentes por isso na escola tínhamos grupos de amigos diferentes. Um dia Arthur passou mal, foi levado para o hospital e ali ele me contou que tinha um problema no coração por isso tinha pouco tempo de vida. Ele foi colocado numa maca e entrou pelas duas grandes portas brancas da ala de urgência. Nunca mais vi seu sorriso ou seu rosto angelical.

Com meus pais foi a mesma coisa. Mas eu não aguentei perde-los e quase entrei em depressão, afastei todos menos Anna e minha Tia que agora cuidava de nós. Foi nesse tempo que mudei de escola e conheci Merida que se tornou minha melhor amiga e juntamente com Anna me ajudou a superar tudo.

Mas mais uma vez o destino mostrou que eu não mereço ser feliz e me fez conhecer Hans que foi o causador da minha briga com Anna.

— Então Elsa – Perguntou a professora de química me fazendo sair dos meus pensamentos e me aperceber que eu tinha estado distraída a aula inteira.

—Então o quê? – Perguntei confusa.

— Qual a resposta da pergunta que eu te fiz. – Interrogou a professora chateada. Essa professora me odeia desde do primeiro dia de aula em que eu corrigi algo que ela tinha dito por isso eu tive certeza que caso eu não respondesse nada ela iria inventar uma desculpa para me tirar para fora da sala. Mas graças a Deus o sino da saída tocou indicando o fim das aulas fazendo todos se levantarem e arrumarem seus materiais e a professora me mandar um olhar irritado.

Arrumei meus materiais e fui falar com Merida.

— Vamos cachos de fogo. – Disse em tom neutro.

— Não posso, tenho que limpar a sala e o refeitório. – Ela diz com uma careta me fazendo lembrar do castigo que ela e Hiccup teriam que cumprir.

— Então vou indo para casa e você vai quando acabar. – Declaro já me saindo da sala quando vejo Hiccup se aproximar de Merida. Eu queria muito que com esse castigo eles se entendessem mas era muito difícil porque Merida tem muito ódio dele, bom, pelo menos ela tenta ter ódio dele.

Vou caminhando até a minha casa cantarolando a música Flashlight bem baixinho até que trombo com um muro melhor dizendo alguém que faz meus livros cair ao chão. Quando abro os olhos dou de cara com quem eu menos queria ver agora: Jack Frost. Ele me ajuda a pegar os livros do chão e diz com um sorriso provocativo:

— Você ainda não pagou o que me deve. – Ele diz se referindo a aposta de hoje mais cedo.

Eu tinha feito a pior burrada da minha vida. Antes do jogo da aula de educação física começar eu apostei com Jack que quem perdesse o jogo faria algo que o vencedor quisesse. Quando perdi ele me pediu um beijo na boca e eu sai correndo. Foi por isso que quando me encontrei com Merida na porta da sala rezei para que ela não percebesse o que tinha acontecido.

Suspirei derrotada e me aproximei dele que deu um sorriso maior que a Europa. Mas quando cheguei bem perto da sua cara disse: vou pagar a aposta mas lá dentro. – Apontei para o meu apartamento. Eu não queria que ele entrasse em algo tão pessoal mas é única solução.

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Como estávamos frente ao prédio onde vivo, entramos no elevador e em alguns minutos estávamos parados em frente a porta do meu apartamento. Quando abri a porta pedi para que ele esperasse na porta e entrei direto para a cozinha. Chegando lá encontrei uma bandeja cheia de doces que minha tia tinha me mandado e apanhei um em especial guardando na mão. Voltei para a porta e disse ao Jack:

— Vou te dar mas primeiro quero que feches os olhos.

— Tão fácil assim? – Ele indagou desconfiado.

— Não queres? – Respondi com outra pergunta. Ele murmurou algo que não pude ouvir em resposta e fechou os olhos. Por um momento o observei e percebi o que fazia tantas garotas suspirarem por ele. Ele era realmente muito lindo mas também era extremamente idiota, o que me fez lembrar do dia que nos conhecemos:

Flash-back

É meu primeiro dia nessa escola nova e por azar Anna tinha ficado doente me obrigando a vir sozinha. Caminhei pelos longos corredores recebendo olhares curiosos de alguns alunos. Cheguei a diretoria e pedi informação sobre a minha sala mas mesmo assim não consegui encontrar o caminho, por isso sem querer acabei por entrar na sala de teatro que estava totalmente escura. Quando ia dizer um xingamento dos grandes sinto uma mão habilidosa agarrar minha cintura e me contrair contra seu peito. Quando fui gritar a pessoa me beijou ardentemente e sem querer me deixei levar. Meu corpo parecia todo eléctrico e quando ele pediu passagem com a língua eu acabei cedendo. Mas espera! Eu não sei quem estou beijando. Lembrando-me desse detalhe afastei o sujeito e desferi-lhe um soco com todas as minhas forças o fazendo cair para trás.

— Porque isso Cindy? – Soou uma voz que não sei porque me fez arrepiar e corar.

— Meu nome é Elsa e não Cindy. Não te aproximes. – Quase gritei quando ele se levantou e deu um passo em minha direção. Mas ele simplesmente acendeu o interruptor que estava do seu lado esquerdo. E foi quando pude ver quem tinha me beijado. Ele era realmente muito lindo: pálido porem não um pálido doente ou morto mas sim um pálido que lembrava a lua e a neve, era alto mas nada em demasiado somente o suficiente para ser maior que eu, tem um bom físico mas nada exagerado como aqueles rapazes que não saiam da academia, lábios lindos e chamativos que estavam um pouco rosas devido ao meu batom e para completar o pacote olhos azuis cristais que pareciam me avaliar e desvendar todas as minhas angústias.

Flash-back off

Aquele dia fomos pegos pela professora de Francês que pensando que estávamos fazendo algo errado (O.B.S da autora: e realmente estavam) nos levou para a diretoria. Desde aquele dia eu e Jack sempre nos alfinetávamos e fazíamos joguinhos que realmente eu nunca pensei ter coragem de fazer antes, mas para dizer a verdade ele foi e é realmente alguém muito especial para mim além é claro de me lembrar um pouco Arthur. Teve épocas que eu ate pensei que estava gostando dele mas logo percebi que eu estava confundindo as coisas quando ouvi uma conversa dele com Merida.

Flash-back on

Então Jack o que são esses flertes com a Elsa em? – Eu ia entrar na sala para falar com Merida mas paro ou ouvir a pergunta dela, pois assim eu finalmente saberei o que Jack pensa de mim.

— Não comeces Merida, Elsa é só minha amiga. Na verdade nos tornamos animigos e eu gosto da nossa relação. – Ele fala sorrindo.

— Bom mas cuidado porque as outras pessoas pensam que vocês estão se gostando. – Rebate Merida.

— Grande parvoíce, a Elsa não faz o meu tipo e a essas alturas já devias saber disso.

Com isso sai dali e fui para casa sozinha sem nem esperar pela Merida. Entrei no quarto e me convenci que aquilo que eu sentia pelo Jack era apenas amizade e um pouco de atracão que logo passariam.

Flash-back off

A voz de Jack impaciente me tirou do meu passado e me concentrei no que estava fazendo. Abri cuidadosamente o doce que eu tinha apanhado na cozinha e passei o seu creme pela boca de Jack que rapidamente abriu os olhos espantando e perguntou:

— o que isso?

— Um beijo oras. – Disse me referindo ao doce que me tia tinha me mandado hoje de manha. – Está fresquinho e muito saboroso, minha tia fez hoje de manha. – Acrescento vendo a careta de confusão de Jack por isso digo:

— Pediste-me um beijo mas especificaste qual tipo de beijo: se era o com os lábios ou o doce por isso optei por aquele que mereces. – Finalizo entrando no meu apartamento deixando um Jack frustrado para trás. E digo bem alto para ele ouvir:

— Então Jack, o beijo estava suficientemente doce para ti? – E dou uma gargalhada.

— Ganhaste este jogo com uma jogada de mestre mas prometo que na próxima não ganhas. Adeus my lady. – Ouço ele dizer e sinto os passos dele bem como o barulho de elevador.

Quando olho para o meu apartamento sinto vontade de chamar Jack de novo mas logo tiro essa ideia absurda da cabeça. As únicas pessoas que tinham entrado nesse apartamento que era o apartamento dos meus pais são a Anna, a Merida e a minha Tia Gerda que vivi com a Anna e minha avo numa casa muito grande um pouco longe daqui.

Eu tinha acabado de gargalhar com Jack mas agora lágrimas queriam sair ao me lembrar dos meu pais e das palavras duras de Anna naquele maldito baile. Sentei-me no chão perto da porta e peguei na foto da minha família que ficava numa mesinha próxima e deixei que as lembranças bem como as lágrimas saíssem de dentro de mim.

E se eu pudesse realmente mudar o passado apagaria a minha existência……………..