Os escolhidos

Ele não vai te abandonar!


Esses dias realmente têm sido muito bons. Achei que quando parasse de falar com a Astrid eu iria me sentir sozinha patética e triste mas me sinto o contrario.

A Elsa e o Flynn se tornaram meus amigos e me sinto muito mais confortável com eles.

Hoje é fim-de-semana e graças a Deus minha doença não se manifestou ainda. Seria horrível ter esses males estares na frente do Flynn.

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Isso mesmo! O Flynn está aqui em casa lanchando comigo e com minha mãe. Pelo que eu descobri ela e Flynn são amigos e por isso ela ficou radiante quando soube que eu me tinha afastado da Astrid e me tornado amiga do Flynn.

Estávamos sentados na sala comendo biscoitos e conversando sobre trivialidades. Por um momento me calei e fiquei observando minha mãe e Flynn conversarem, minha mãe quase não saia para se divertir e não sorria daquela forma espontânea.

Um sentimento de culpa logo me envolveu, desde que eu nasci me sinto um empecilho na felicidade da minha mãe e eu tinha grandes chances de morrer e deixa-la sozinha. Eu não tinha medo de morrer mas também não queria morrer sem nunca ter vivido aventuras me apaixonado e deixado minha marca no mundo e principalmente não queria morrer e deixar minha mãe sozinha pois talvez ela não consiga se recuperar.

Antes que eu notasse lágrimas já invadiam meus olhos e saiam descontroladamente. Minha mãe Flynn pararam abrutamente a conversa e me olharam preocupados.

— O que foi filha? Está se sentindo mal? – Perguntou minha mãe aflita se levantando e indo ao meu encontro no sofá onde eu estava sentada. Flynn parecia surpreso e preocupado mas não sabia o que fazer.

— Não mãe, está tudo bem. Eu só… só estou muito feliz de te ver sorrindo assim. – Confesso corando. Eu estava me tornando muito emotiva.

— Tem certeza que você está bem filha? Você quer que eu faça alguma coisa? – Perguntou minha mãe desconfiada e achando que eu estava mentindo. Penso por um instante e resolvo que a partir daquele momento eu iria convencer minha mãe a se divertir, eu não queria mais ser o centro de tudo para ela.

— Quero sim. Quer que você levante-se vista algo bonito e saia para se divertir. – Digo firme. Minha mãe abriu a boca para contestar mas eu fui mais rápida e disse – Estou me sentindo ótima e tenho certeza que Flynn ficará comigo até você voltar. Não é Flynn?

— Humm… C-Claro. – Disse Flynn confuso e sem saber realmente o que responder. Ele de certeza não estava entendendo nada, eu tinha resolvido contar para ele sobre minha doença mas acabava sempre perdendo a coragem.

— Não a nada que você possa me dizer que me faça mudar de ideia e além do mais segundo meu médico brigas são péssimas para minha saúde. – Digo dando o Xeque-mate. Caso eu colocasse minha doença no meio minha mãe sempre cedia ao que eu queria, não que eu usasse essa arma muitas vezes.

Depois de deixar inúmeras recomendações minha mãe vestiu um vestido lindo azul até aos joelhos e pegou seu cabelo num coque elegante e saiu.

Após alguns minutos de silêncio percebi que deveria dizer algo ao Flynn.

— Você deve estar sem entender nada não é?

— Realmente isso foi um bocado estranho. Você começou a chorar do nada e falou sobre medico e sobre brigas serem péssimas para sua saúde. Você está doente? – Ele perguntou preocupado e com a voz falha.

Eu não queria contar a verdade para ele mas sabia que tinha.

Toda vez que as pessoas sabiam da minha condição passava a me tratar diferente. Eu não era mais a adolescente normal mas sim uma boneca de porcelana que funcionava a corda e poderia parar a qualquer momento, o pior de tudo é o olhar de pena que alguns me davam.

Eu não queria que acontecesse o mesmo com o Flynn, não queria que ele me olhasse com pena e me tratasse diferente ou se afastasse por achar que eu poderia morrer a qualquer momento e ele não quisesse estar aqui quando acontecesse.

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Mas também não poderia mentir, não para ele que tem sido tão simpático e protetor comigo.

— Você já deve ter reparado que eu falto muito as aulas e que não faço educação física toda semana não é? – Pergunto e o vejo assentir.

– Quando eu nasci o medico disse para minha mãe que eu tinha 10 por cento de chance de sobreviver pois tinha nascido com um coração defeituoso. Mas segundo minha mãe eu fui guerreira e sobrevivi até hoje mas meu coração ainda é fraco e por isso preciso de um transplante. O problema é que o coração é um órgão muito difícil de conseguir, estou na fila de espera a minha vida toda e ainda nada… - Parei quando as lágrimas tornaram difícil minha visão. Eu já tinha tido amigas antes de Astrid quando era mais pequena mas todas no fim se afastavam por saber da doença, eu estava farta disso e não sei se vou aguentar que Flynn também faça o mesmo. – E talvez… talvez meu coração não tenha paciência suficiente por isso pare antes de eu conseguir um novo. Por isso se você quiser ir embora a hora é agora.

Quando acabo de falar Flynn me abraça e ficamos nessa posição durante muito tempo sem falar nada. Minhas lágrimas foram diminuindo aos poucos juntamente com os soluços enquanto a verdade se tornava cada vez mais clara: Flynn não vai me olhar com pena ou me tratar diferente porque ele não é igual aos outros.

Eu não queria pensar em nada naquele momento, apenas curtir aquilo e rezar para que fosse eterno. Era estranho como apenas um abraço dele estivesse fazendo meu medo desaparecer e meu coração bater um pouco mais rápido que o normal.

No silêncio da sala a única que eu podia ouvir era meu coração gritar: mesmo que você tenha recaídas, mal estares, crises ou qualquer outra coisa, ele não vai te abandonar!