Assim que chegámos, os centauros ergueram as suas espadas em claro sinal de respeito para com os reis e rainhas de Nárnia. Os meus primos caminhavam na frente e eu ficara ao lado de Caspian, ainda era estranho pensar que eu já fui uma rainha, não qualquer uma, mas a primeira rainha de Nárnia. Sorri ao ver um pequeno centauro com a sua espada levantada, um centauro mais velho ajudou o menor a elevar a espada que era um pouco mais pesada que ele, sorri novamente antes de entrar na fortaleza.

Faunos e anões andavam de um lado para o outro segurando armas e levando materiais para fabricar mais armas.

Eu, Lucy e Su seguimos o texugo para o quarto em que ficaríamos, Caspian foi mostrar o quarto dos garotos.

Pov Caspian

O almoço fora relativamente calmo e eu não tive nenhum motivo para brigar com o Rei Pedro, já que ele estava se comportando. Logo, os Pevensie se retiraram da mesa para duelar e montar as suas estratégias de batalha. Mary parecia um pouco deslocada sem os primos, o que me dera uma pequena ideia.

— Rainha Mary?- a chamei e ela me encarou.

— Apenas Mary, por favor.- pediu e eu assenti.

— Então Mary, você gostaria de conhecer a história dos reis?- ela assentiu mais animada, levantando se da mesa e me esperando para que lhe mostrasse o caminho. Saí disfarçadamente e lhe ofereci o meu braço, ela sorriu e aceitou, segurando o meu braço e tomando cuidado para que não caísse. A sensação de conforto me invadiu como há muito não sentia.

— Este é o fauno que a Rainha Lucy encontrou.- mostrei o desenho gravado na parede, a tocha próxima da imagem e logo vi uma das mãos de Mary tocar o desenho, contornando o guarda chuva e o cachecol vermelho do fauno.

— Vocês gravaram tudo?- perguntou sussurrando.

— Eles...- respondi no mesmo tom.- Acharam importante preservar a sua história e não posso discordar deles.- Mary sorriu de leve.

— É bom saber a história do local onde você vive...para não repetir os mesmos erros.- sussurrou.

Continuei calado, a imagem do seu rosto sob a luz fraca da tocha me deixara sem palavras, era surreal o modo como ela podia ficar ainda mais linda e delicada nesse momento. A sua pele parecia ainda mais perfeita e os seus olhos se sobressaíam no escuro, brilhavam com a luz da tocha, como se a absorvesse para si.

— Essa é a feiticeira branca?- assenti depois de alguns segundos processando a pergunta, tinha medo de usar a minha voz e gaguejar. Mary paralisou ao ver um desenho e fiquei confuso com o desenho, era sobre a época antes dos reis, havia uma garota, com uma coroa e um vestido coberto pela capa, ela estava montada sobre um leão e parecia fugir de um castelo.

— Mary?- a chamei e ela me encarou assustada.

— Sou...eu.- ela começou a chorar, as lágrimas caíam pelo seu rosto.- Eu...fugi. Deixei o meu reino para trás.- soluçou.- Me...desculpe.- virou de costas e eu larguei a tocha num suporte e segurei o seu braço com delicadeza a puxando para mim.- Eu não consigo lembrar...algo que eu deveria.- a abracei com cuidado, suspirei sentindo-a deitar a cabeça em meu peito, afaguei os seus cabelos enxugando as suas lágrimas com a mão livre.

— Shh.- beijei os seus cabelos.- A culpa não é sua.- ela levantou a cabeça com os olhos brilhando.

— A culpa é minha, Caspian. Eu abandonei o meu povo, os deixei á sua própria sorte, sem armas para lutar contra a feiticeira branca. Eu devia ter protegido o meu povo.- se culpou.

— A culpa não é sua Mary. Aslam salvou você porque o destino já tinha sido escrito.- ela balançou a cabeça.- Vai ficar tudo bem.- ficámos alguns minutos em silêncio e quando ela levantou a cabeça, foi inevitável não me aproximar mais, mas quando me ia afastar ela me beijou, prolonguei o beijo e nos afastámos para respirar, ela corou.

— Me desculpe.- pediu com a cabeça baixa e eu sorri e selei os seus lábios mais uma vez.

— É melhor irmos antes que o Rei Pedro resolva alguma coisa sem nós.- ela assentiu e saímos do túnel, todos estavam á volta do Rei Pedro e eu bufei.- Quer me explicar o que está fazendo, sua alteza?- perguntei arqueeando uma sobrancelha.

— Estou formando um plano, algo que você já deveria ter feito, Príncipe.- Pedro respondeu irónico.

— Que plano?- perguntei.

— Invadir o castelo, realmente é um grande plano, parabéns!- a rainha Lucy falou.

— Ninguém nunca invadiu o castelo, sua alteza.- falei preocupado.

— Sempre tem uma primeira vez.- deu de ombros.

— Nós temos o elemento surpresa, altezas.- um anão falou.

— Continuo a achar que não vai dar certo.- comentei.

— Tem algum plano melhor?- Pedro perguntou debochado. Senti uma mão no meu ombro e percebi ser de Mary.

— Podemos criar outro plano, mas concordo com Caspian, atacar o castelo não é uma opção.- Mary me apoiou e eu sorri interiormente.

— Vamos seguir o meu plano, Príncipe.- Pedro falou.

— Não podemos nos arriscar a perder um exército só porque você acha que é um grande plano, Pedro!- Mary rebateu, os narnianos estavam divididos entre o Grande Rei e a Primeira Rainha.

— Vai mesmo seguir esse plano?- perguntei.

— Sim. Porque eu sou o rei.- Pedro falou seco.

— Inacreditável.- Mary murmurou seguindo para o seu quarto.

— Espero que saiba o que está fazendo...alteza.- falei com desprezo antes de sair daquela sala.

Pov Mary

Afaguei a crina branca do cavalo, sorrindo levemente ao ouvir ele bufar e dei a volta para fazer carinho em seu focinho, dando a ele uma maçã. Ouvi um relinchar e quando me virei, me deparei com Caspian montado num cavalo castanho.

— Irá galopar?- perguntei com um sorriso.

— Sim, ajuda a relaxar.- sorri, a mim também me ajudava.- Me daria a honra de passear comigo?- assenti com um sorriso.

— Seria um prazer.- afaguei a crina do cavalo e para minha surpresa, este se abaixara na minha frente, facilitando a minha subida. Respirei fundo quando ele se levantou.- Fazia anos que eu não cavalgava. Obrigada.- agradeci ao cavalo.

— Ele gostou de você.- Caspian sorriu e retribui inevitavelmente, eu amava o seu sorriso.

— Também gostei dele.- falei me sentindo animada. O meu vestido esvoaçava com o vento. Parámos perto de um lago, sorri com a vista.

— Precisa de ajuda para descer?- olhei para Caspian na minha frente.

— Agradeceria.- ele colocou ambas as mãos na minha cintura e me desceu do cavalo, ficando bem próximo a mim.

Toquei a sua mão sorrindo e ele encostou a cabeça no meu pescoço respirando ali e me causando arrepios. Ele distribuíu beijos pelo meu pescoço e eu encostei a cabeça no seu ombro. Ele me beijou nos lábios e senti sua língua pedir passagem gentilmente, concedi o pedido e iniciámos um beijo lento.

— Não quero perder você. - sussurrou contra os meus lábios.

— Não vai me perder.- garanti com um sorriso e nos beijámos outra vez. Nos deitámos na grama verde e ficámos a olhar para o céu enquanto sentia o seu coração bater depressa.

Pov Caspian

Era amanhã que atacaríamos o castelo, a única coisa que me aliviava era saber que Mary ficaria com Lucy e as outras mulheres e crianças.

Fui até ao quarto que Mary partilhava com as Pevensie e me assustei ao ver a sua cama vazia, saí da fortaleza e peguei um cavalo ao ver que o de Mary não estava ali, voltei ao lago que nós os dois íamos quando queríamos estar sozinhos e vi o cavalo dela preso na árvore, prendi o meu e vi Mary mais á frente deitada na grama.

— Hey! O que faz aqui?- perguntei a ela que deu um saltinho assustada.- Desculpe, não queria assustá la.- contive o riso.

— Tudo bem. Não conseguia dormir.- me sentei ao seu lado.- Não consegue dormir?

— Não.- suspirei.- Ainda acho que o ataque seja um erro.- ela concordou. Sorri quando Mary se deitou em cima de mim, beijando os meus lábios de leve, nos virei, ficando por cima e desci os beijos para o seu pescoço, ela gemeu e começou a desfazer o laço da minha camisola, de seguida desfez o nó das minhas calças, ela nos virou e eu tirei as calças, ficando apenas com a camisa. Mary beijou o meu pescoço e eu comecei a tirar o seu vestido.

....

— Eu amo você.- sussurrei beijando os seus lábios, ela sorriu se aninhando no meu peito.

— Eu também amo você.- sorri e adormecemos na grama.

Acordei no dia seguinte antes do sol nascer e sorri ao ver Mary no meu peito dormindo, mas infelizmente tinha que a acordar.

— Mary.- a chamei e ela abriu os olhos com um sorriso e corando de leve, sorri e beijei os seus lábios.

— Temos que voltar, não é?- assenti e ela se levantou.- Vamos antes que desconfiem de nós.- sorri me levantando e beijando a sua mão, pegámos nos cavalos e voltámos á fortaleza, ainda ninguém tinha acordado, por isso voltámos para os nossos quartos. Tomámos o pequeno almoço e nos preparámos.- Tome cuidado, está bem?- falou ajeitando a cota de malha que eu vestia, pousando as mãos em meu peito, o que me fez sorrir e beijar a sua testa, a abraçando de seguida.

— Eu te amo.- murmurei selando os seus lábios.

— Eu também te amo.- sussurrou.