The Guardians

Capítulo 2- Sky


— A pizza está pronta! - entrei na sala carregando a bandeja e jogando-a na mesa.

Riley me olhou com espanto ao ver que eu não estava usando luvas ou um pano para tocar na bandeja quente que havia acabado de sair do forno.

— Obrigada, Sky - ela disse ainda um pouco espantada.

— Cadê todo mundo? - perguntei ao notar que Kevin, Deuce e Jason haviam sumido.

— Saíram para resolver um rolo de Kev. Jason deve estar praticando em seu quarto. E Cléo não estava com você?

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— Foi tomar banho e já vem. – respondi - E você, Leo, não vem comer?

Digo ao ver que ele estava sentado no sofá, com as mão sobre a boca e seu olhar encarando o nada. Quase como se estivesse pensativo. Se Leo estava pensativo, era definitivamente um motivo para eu me preocupar:

— Tá tudo bem ai? - perguntei me aproximando.

Ele tirou o celular do bolso da jaqueta, o ligou e o colocou na minha cara: 20:35.

— Ahn, o que era para eu estar vendo? - perguntei em dúvida.

— Jack e Will saíram há mais de 35 minutos para a biblioteca. Não tenho muita experiência com isso, mas tenho quase certeza de que não se demora tudo isso para pegar um livro. Não quando já se escolheu um - ele me respondeu.

— O que está insinuando?

— Que eles estão em problemas. Algo aqui não está cheirando bem! - ele disse.

— Sacanagem. Eu nem deixei a pizza queimar desta vez! - brinquei um pouco.

— Você entendeu - ele disse sério.

Se até ele está sério, quer dizer que estava realmente preocupado, o que era de se entender. Eu não havia visto a briga de manhã, mas Deuce me contara tudo depois. É realmente muito suspeito que os dois estejam quase se matando em um duelo as 10 da manhã e saindo juntos para a biblioteca as 20 da noite. Eles estavam agindo de forma muito estranha, mas não há como saber se estão em problemas ou não ao menos que...

— E se tentássemos rastrear seus celulares? - sugeri concluindo meus pensamentos em voz alta.

Leo me olhou com uma cara de incompreensão:

— Pensa comigo- disse explicando-lhe - Rastreamos seus celulares. Se estiverem na Biblioteca, ótimo. Se não, saberemos que estavam mentindo e que estão aprontando algo porquê… - o incentivei a concluir.

— Porque se eles mentiram quer dizer que não foram fazer coisa boa e portanto, estão com problemas ou causando problemas - ele disse.

— Exato!

— Sky, você é uma gênia! - ele se levantou animado do sofá.

— Quem é uma gênia? - Cléo disse entrando pela porta.

— Cléo, chegou em ótima hora! Vamos ir rastrear Jack e Will e impedir que eles façam bobagem! - ele disse saindo energético da sala.

— Vamos indo, eu te explicou no caminho! - Disse a ela quando passei do seu lado e sai da sala.

Olhei para trás para garantir que ela estava vindo e a vi trocar um olhar de “onde eu fui me meter?” com Riley antes que saia também. Subimos até o segundo andar enquanto eu lhe contava sobre minha conversa com Leo. Ela pareceu concordar com nossas ideias e aceitou ajudar caso rastreássemos que eles estavam em algum lugar que não fosse a Biblioteca. Por fim chegamos ao terceiro quarto do corredor feminino, onde Leo nos esperava impaciente:

— Por que demoraram tanto?

Apenas o ignorei e abri a porta. Fui a minha cabeceira, onde eu deixei meu laptop guardado em um espaço aberto em cima da gaveta. Peguei o computador e me virei para os outros:

— Vamos rastrear esses dois!

***

Fomos até a biblioteca do terceiro andar que havia na base (ao lado do quarto de magia de Jason), nos sentamos em uma das mesas que havia lá e ligamos o laptop. Entrei no meu sistema de GPS enquanto os outros dois encaravam perplexos:

— Não sabia que você manjava desses lances de tecnologia de computador - Leo disse.

— Alguém do time precisa saber, certo? - falei enquanto continuava a fazer minha “mágica”.

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Escrevi o número de Jack e sua localização logo apareceu no mapa da cidade. A biblioteca pública ficava entre o centro da cidade e o orfanato, então tínhamos uma ideia de onde sua localização deveria aparecer. Em vez disso, sua marcação foi na periferia da cidade. Um lugar completamente aleatório e no qual eu nunca havia estado antes:

— Reconhecem esse lugar? - perguntei aos outros dois.

Leo fez um sinal de negação com a cabeça, mas Cléo parecia ter alguma ideia:

— Acho que é um condomínio privado - ela disse. - Mas não tenho ideia do que eles poderiam querer fazer lá. É só um lugar comum com casas de gente rica e classe média alta!

— Espera ai. Sky, tem como ver em qual casa eles estão? - Leo perguntou.

— Posso tentar - disse abrindo um mapa da região em uma aba separada e dando vários zooms. - Estão na casa número 23.

— Casa 23, hein?! - Leo disse pensativo. - Vejamos quem é o dono da casa! - ele afirmou.

Assenti com a cabeça entendendo o que ele quis dizer e me pus a pesquisar novamente. Cléo e Leo pareceram não entender o que eu estava fazendo e se puseram a planejar outras coisas:

— Então está decidido que temos que ir, coisa boa esses dois não devem estar aprontando - Leo iniciou.

— Definitivamente, podemos pedir a Jason que nos teletransporte - Cléo sugeriu.

— Ótima ideia. Mas ainda assim somos três, talvez seja melhor chamar Kevin e Deuce, só pra ter no mínimo, a vantagem numérica - o guardião da terra disse.

Levantei meu braço com o celular desbloqueado:

— Podem ligar daí.

Leo assentiu e colocou o dispositivo na mesa logo que acabou de discar o número do inglês e ativou o viva voz. Após breves segundos ouço uma voz do outro lado da linha:

— Alô?

— Oi, Deuce? - Leo perguntou com urgência.

— Sim, sou eu. O que houve? - o escuto responder.

— Will e Jack. Rastreamos seus celulares e descobrimos que eles estão nas aforas da cidade. Temos quase certeza de que estão em problemas. Estamos indo pra lá agora. - Leo disse freneticamente.

Depois disso, bloqueei os sons ao meu redor. Precisava me concentrar no que estava fazendo. Hackeei o principal banco da cidade e comecei a checar as translações feitas. Verifiquei todas as casas que haviam sido vendidas e compradas naquele condomínio, em busca da 23. Se havia um dono, ele precisava ter comprado a casa. E sendo assim, seus registros e nome estariam nos arquivos privados do banco. Do nada, ouço Cléo se envolver na conversa, o que me deixou curiosa, e voltei a escutar o que estavam dizendo:

— Certo. Se eles estiverem em problemas vamos precisar de reforços. Você e Kevin precisam vir pra base e pedir para Jason transportar vocês. Ele vai saber onde é. Só digam que vão ir pra onde nós fomos. - ela disse.

— Ok. Nos esperem então - Deuce disse do outro lado da chamada e Cléo desligou a ligação.

— Tudo resolvido - ela disse apagando o celular.

— Encontrou alguma coisa? - Leo perguntou.

— Ainda não - falei ainda passando o olho rapidamente pelas várias e várias páginas.

Voltei anos e anos, checando todas as compras, vendas e alugueis. Após mais alguns minutos de pesquisa, finalmente encontrei o que procurava e exclamei com alegria:

— Achei!

— E ai? De quem é? - Leo perguntou curioso.

— A casa foi comprada há 20 anos. Mas houve uma mudança de dono - disse lendo as informações.

— E quem é o atual dono? - Cléo perguntou.

— Espera ai, que está no final da página - desci até o fim.

— Eu sabia que algo estava errado - Leo disse espantado ao ver o nome. - “Dan Stephenson”, mais conhecido como, o gêmeo Guardião do Passado.

— Mas o que esses dois foram fazer lá? - Cléo se preocupou.

— Quem se importa? Coisa boa não pode ser. Temos que ir agora - disse anotando o endereço em um pedaço de papel.

Isso sim era sinal de problemas, e definitivamente iriamos precisar de reforços, ainda bem que nos adiantamos com essa parte.

— Temos que ir pra lá imediatamente! - Cléo afirmou.

— Certo, tenho que descer para guardar isto aqui no quarto de qualquer jeito - disse apagando o laptop - vocês aproveitem e desçam para colocar os trajes.

— Ok, nos encontramos em frente ao quarto de Jason - Leo afirmou antes de sair correndo pela porta.

Cléo saiu logo atrás dele. Eu esperei o computador desligar por completo antes de deixar a biblioteca também. Dirijo-me as escadas rapidamente. Normalmente eu teria descido pelo corrimão, mas esse laptop me custou os olhos da cara, e não pretendo quebra-lo. Corri pelas escadarias e segui pelo corredor. Atrasei-me um pouco para pegar as chaves e abrir a porta antes de deixar o computador dentro do quarto. Honestamente, para um mundo cheio de magia, Eric bem que podia trocar essas portas por uma com reconhecimento facial, ou que só precise colocar a mão para abrir. Sério, vocês não sabem como é difícil não perder essa chave quando se está lutando contra vilões.

Deixei o computador onde o havia pegado anteriormente e peguei minha roupa vermelha. Vesti a blusa cinza-claro (que bate em meus cotovelos) e o vestido com o capuz vermelhos. Coloco as luvas e a máscara sem problemas, mas me enrolo um pouco ao ajustar o cinto branco, que tinha uma chama de fogo ao centro. Por último, coloco a leggin vermelho-claro e as botas, que batem na metade do joelho. Assim que acabei de me vestir, deixei meu quarto e o tranquei, subi as escadas novamente e cheguei ao quarto de Jason.

Chegando ao terceiro andar, avisto Leo e Cléo, ambos com suas roupas amarela e roxa, respectivamente, já vestidas. Leo tocava na porta repetidas vezes, enquanto Cléo esperava com os braços cruzados ao seu lado:

— Jason! Abre ai por favor – Leo gritava ainda socando a porta.

— O que foi, Leo? Estou estudando sabia? - Jason disse, finalmente abrindo a porta.

— Precisamos de ajuda - Cléo disse educadamente.

— C-Cléo, o que houve? - ele gaguejou um pouco ao se dirigir a esta.

— Ah claro, mas comigo fala grossamente - Leo disse sarcasticamente, invadindo o quarto de magia do garoto.

— Ei, eu não disse que podiam entrar! - Jason protestou, mas a esse ponto, já estávamos os três lá dentro.

Ele fechou a porta atrás de si e se virou para nós:

— O que foi dessa vez?

— Will e Jack foram parar na casa de Dan, o guardião do passado, dentro de um condomínio privado na periferia da cidade. Precisamos de um teletransporte até o local para impedir que se metam em problemas ou salva-los caso já estejam encrencados. O que, dado a situação, é bem possível! - Leo disse extremamente rápido, bugando o cérebro de todos que estavam ali.

— Então, vocês precisam sair em uma missão com a ajuda da minha magia? - o feiticeiro perguntou - Eric já sabe?

— Não dá tempo! - Leo exclamou.

— Desculpa ai, Leo, mas todas as vezes que eu te ajudei sem o mestre saber, me dei mal. Nada de teletransporte para locais perigosos sem a autorização dele - o loiro disse decidido.

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— M-mas... arrgh - Leo deu um grito e saiu andando, com as mãos na cabeça pela sala, tentando pensar em uma forma de convence-lo.

— Jason, por favor. Quebra essa pra gente. - Cléo perguntou gentilmente, agindo quase que de forma oposta a Leo.

— E- e- eu... - Jason gaguejou por um tempo, mas se recompos rapidamente - S-sinto muito, mas, eu não posso.

— Aha! E se a Cléo sair num encontro com você? - Leo deu um berro alegre da outra ponta da sala, como se tivesse tido uma ideia genial.

— Como é que é? - os três dissemos ao mesmo tempo

— O que me diz, Jason? - Leo correu até nós e deu uma cutucada no ombro deste.

Cléo e o loiro começaram a corar imediatamente. Jason com a coloração um pouco mais visível, já que tinha a pele mais clara do que a outra. Todo mundo sabe que ele tem uma queda pela Cléo, e talvez, vice- versa. Mas eu nunca tive certeza, não é como se minha prioridade fosse descobrir por quem cada um na base se apaixona mesmo. E tampouco me interesso muito por saber, o mais importante no momento era sair da base e lutar contra os vilões. Às vezes me sinto um pouco mal por gostar dessas lutas, mas sem elas a vida é muito entediante.

— Leo! - Cléo lhe deu um tapa no braço, meio irritada - Que ideia foi essa?

— Fala sério, Cleozinha. Jason sempre quis te chamar pra sair, só nunca teve coragem. E você idem. Desse jeito todo mundo sai feliz: nós conseguimos o teletransporte e vocês um encontro, que tal? - Leo disse se explicando com um enorme sorriso no rosto.

Nunca vou entender por que ele implica tanto com Cléo as vezes.

De qualquer modo, os três começaram a discutir. Jason tentando dizer que não queria sair com Cléo, mas gaguejava muito do nervosismo e não conseguia terminar nenhuma frase. Leo dava motivos sobre como “todos sairiam ganhando” e dizia que os dois formavam um lindo casal. Cléo por outro lado, gritava revoltada com Leo, dizendo que ele não tinha o direito de interferir nas decisões de nenhum dos dois.

Eu sou o tipo de pessoa que perde a paciência até rápido demais, mas estava me mantendo surpreendentemente calma diante da situação. Aguentei um, dois, quase dois minutos e um segundo. Mas minha paciência tem limites. Quanto mais eles gritavam uns com os outros, mais tempo nós perdíamos de ir ajudar Jack e o novato. O terceiro minuto de discussão daqueles três ainda estava longe de se completar quando eu explodi completamente:

— QUIETOS! - gritei, fazendo os outros três se calarem - Leo, o que você fez foi errado, depois você se desculpa com a Cléo. Jason! - falei me virando para esse - Só pede a ela para sair com você e abre o portal de uma vez. Duas vidas estão em perigo aqui, se você ainda não entendeu.

— Mas o chefe não… - ele tentou contra argumentar.

— Agora - disse gritando ainda mais alto - E Cléo, - controlo a voz e me dirijo a ela com um tom amigável - um jantar não vai te matar. Depois você cobre o Leo de pancadas. Agora temos que ir salvar dois membros da equipe, entendido?

Todos se calaram. Posso ser esquentada e gritar um pouco alto demais, mas tem vezes que esse é o único jeito de ser ouvida nessa equipe. Jason me obedeceu rapidamente e correu para pegar seu livro de magia:

— Qual o endereço? - o loiro perguntou, enquanto ajeitava os óculos.

— Aqui - disse lhe entregando o papel onde anotara o endereço mais cedo.

— Ok. Talvez vocês sintam alguma tontura - ele nos avisou.

— Só lança a magia de uma vez! - eu disse, com voz de imploração.

Já havíamos perdido tempo demais, se tem algo que não precisávamos no momento era Jason listando todos os possíveis efeitos colaterais de sua magia. E é sério, a lista é bem longa.

Ele concentrou seu olhar no livro e apontou sua mão direita para nós. Após pronunciar algumas palavras em alguma língua antiga, um círculo se abriu atrás de nós. O portal girava a alta velocidade, lançando faíscas e algumas poeiras brilhantes para fora.

— Obrigada, Jason - disse ainda encarando sua magia. - E desculpa pelos gritos.

Só porque eu tenho que gritar as vezes, não quer dizer que eu goste de fazê-lo.

— Está tudo bem. - Ele respondeu.

— Ah sim, quando Deuce e Kevin chegarem, mande-os para o mesmo endereço - Cléo se virou para avisa-lo

— Ok. E Cléo? - ele disse antes que ela tivesse tempo de voltar a encarar o portal de teleporte. - Terça? - ele perguntou um pouco envergonhado.

— Terça! - ela afirmou com um sorriso de lado.

Ele abriu um grande sorriso, e fez um movimento com a mão, como se estivesse puxando algo para si. O portal copiou o gesto que ele fez e veio girando na direção de Jason, nos “engolindo” no meio do caminho. Logo, Jason e seu quarto de magia despareceram, e tudo o que eu via a meu redor era o portal rodopiante que soltava faíscas. Minha cabeça começou a girar, parecendo que eu tinha labirintite ou algo assim. Fechei meu olhos para tentar diminuir a tontura e torci para chegarmos o mais rápido possível. Eu posso até gostar do meu cargo como Guardiã, não vejo nenhum problema em lutar contra os caras malvados e salvar o dia. Mas eu odeio viagens de teletransporte.