Um Aluno de Sorte

Aluno ó... nota mil, sqn - Parte 1


Como essa história deveria começar? Um simples "Era uma vez..." que de tão clichê deixou de ser clichê, ou eu narrar algo, como a autora de After, que começa começando pelo começo bem no comecinho da jornada de uma estudante que acorda, faz sua higiene matinal, vai para a faculdade e encontra algum boy band no caminho.

Primeiro que sou homem, não posso me dar ao luxo de ter um boy band falando safadezas no meu cangote... preferia a Megan Fox. Segundo que minha vida não é ficção para começar com um "Era uma vez...". Terceiro, estou ferrado na matéria de biologia do terceiro ano.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Estou como o meme da Nazaré Tedesco. Espia:

Enfim, só queria dar um pé na bunda da chata professora Fátima e conseguir passar sem estudar. É pedir muito? Ela é chata, velha, usa óculos, usa perfume da Avon daqueles de 9,99 de lavanda! Tem cabelos encaracolados e ainda fala igual a Aracy da Toptherm. Tem coisa pior do que isso?

— Pedro, não está prestando atenção. Suas notas estão abaixo da média.

— Desculpa, professora. Vou prestar atenção.

Meus amigos riram da minha cara, e eu ri de nervoso.

Moro em Fortaleza, num bairro nobre chamado Aldeota, porém quem disse que sou rico? Até parece que só porque moro num bairro bom, eu serei automaticamente filho do Eike Batista. Moro num apartamento pequeno com meu pai, corretor de imóveis, e minha mãe, dona de um pequeno salão de beleza.

A aula terminou, graças a Javé!, e fomos embora a pé mesmo. Meu amigo, Edu, me chamou para jogar no Play 4 dele, mas estava com a corda do pescoço. Tava lascado no último bimestre. E pensar na professora Fátima era a mesma coisa que pensar em tomate, e eu odeio tomate!

Caminhei sozinho para casa quando bati meu pé num vaso de greda encostado numa árvore. Um senhor bem idoso veio até mim.

— Desculpa, senhor. Eu não...

— Não se preocupe com isso, meu jovem. Apenas tome cuidado para não esbarrar em coisas que não gostaria esbarrar.

Percebi que ele segurava um vaso parecido uma garrafinha de cerâmica. Ele me perdoou pelo vaso quebrado e permitiu que eu fosse de boa.

Aquela loja de antiguidades abriu esta semana e ainda não vi uma pessoa entrar ali. Pobre velho.

— Cheguei!!!

Estudo pela manhã, por isso, quando chego, meus pais estão ausentes. Entrei no meu quarto, larguei minhas roupas sobre a cama e deitei de samba-canção mesmo. Todo dia é isso.

— Pedrinho! — chamou a senhora que trabalha de diarista.

— O que foi?

— Seu pai pediu para você ir agora à tarde vender aquele vaso de alabastro para o senhor Maurício do antiquário.

— Tá certo — tá nada.

Tomei banho, fiquei pronto para sair naquele bendito antiquário que ficava dois quarteirões de casa. Vi o tal senhor Maurício, que presumi ser o velhinho, varrer o chão da sala.

— Senhor, meu pai...

— O Roger. Conheço ele. É corretor, não é? Foi ele quem me indicou este local para eu montar a minha loja.

Pude perceber pela primeira vez o local dentro. Cheio de vasos, lustres, objetos de metal que presumi ser prata, além de pequenas estátuas e bustos. Ele segurou o vaso velho do meu pai e analisou com apenas uma olhada.

— Parece ser verdadeiro. Deixe-me ver melhor.

Fiquei esperando numa cadeira. Aquele ambiente tem cheiro de mofo, talvez por estar deserto e ninguém entrar ali. Percebi algo curioso: o pequeno vasinho de cerâmica, que ele segurou antes, dentro de uma caixa de vidro na última estante. Parece ser importante... eu hein, velho esquisito.

Continua...