Emily

Capítulo Único - Emily


Sophie Parker mantinha os olhos ao redor do quarto, esperando por algum sinal. Há alguns minutos, encorajada pelos amigos, ela se concentrou em seu desejo mais profundo: Conversar uma última vez com a irmã, que morrera de câncer. Mal tivera a chance de se despedir, e enquanto tomava cuidado em manter a chama da vela acessa, aguardava por qualquer sinal de Emily. Os amigos alegaram receber respostas de espíritos de parentes falecidos, talvez Emily não quisesse uma última conversa consigo, afinal nunca se deram bem, mas isso não queria dizer que não se amavam. Emily era sua melhor amiga, até mais do que Julie, no entanto a irmã parecia zangada demais para conversar.

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Suspirou, sentindo-se sozinha no quarto que dividiam. Os pais já havia dormido, dando-lhe liberdade para prosseguir com seu intento. A chama tremeu, ondulando sua própria sombra no quarto. A cama ao lado da sua continuava vazia.

— Vamos, Emi, me dê um sinal. Não me faça parecer uma idiota.

Contudo, o silêncio foi absoluto e constrangedor. Disse para si mesma que aquilo era um jogo, uma brincadeira de mau gosto dos amigos ao dá-la uma parcela pequena de esperança. Com cuidado apoiou a vela no criado mudo e deitou-se, as mãos ansiosas sem saber o que fazer. O sono chegava devagar, mas no fundo Sophie sentia que ao menor piscar de olhos perderia sua única chance. Decidiu por fim apagar a vela e deitar-se na cama da irmã. Estava quente, como se o corpo de Emily nunca houvesse saído dali. Aconchegou-se nas cobertas, sentindo o cheiro de morango do shampoo de Emi e reviveu várias memórias enquanto fechava os olhos.

Não se lembrava de ter dormido, mas acordou sentindo um peso sobre seu corpo. Um peso confortável e familiar. Sorriu, talvez ela não devesse ser tão ansiosa. Mencionou virar-se, mas Emily a manteve de costas, a respiração quente batendo em sua nuca.

— Eu queria que soubesse que sinto muito. — Sophie proferiu baixinho, tendo um leve afirmar de cabeça. Os cabelos antes sedosos pareciam secos e quebradiços, como espinhos, e aquilo a fez se afastar. — Por que demorou tanto a me responder? Fiquei aqui a noite toda. — O silencio foi às palavras da irmã, que intensificou o abraço. Suas costelas mal se expandiram devido à força. — Emi? Fale alguma coisa. Qualquer coisa. Por favor.

Sophie não precisava ver que a irmã sorria, podia sentir de alguma forma o simples ato da outra garota. Tocou os braços de Emi, e a pele fria a espantou.

— Emi? — Os olhos procuraram a imagem da irmã, mas se detiveram a meio caminho. Seu coração aos saltos, agora que a percepção fazia sentido.

A risada ecoou em seu ouvido, junto de lábios rachados que entoaram com extrema alegria:

— Eu não sou Emi.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.