A Breve História de Regulus Black

76. O lugar secreto de Alice


O lugar secreto de Alice

Regulus tentou disfarçar seu bom humor durante o jantar. Os amigos ainda estavam aborrecidos com ele, mesmo depois dele ter convencido Slughorn de que mereciam jantar com os outros no salão principal.

— A gente vai ter que ir trabalhar a noite todinha enquanto ele vai ficar livre para fazer o que quiser. Isso não é justo! – reclamou John. – Amigos de verdade compartilham as coisas boas.

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Regulus engoliu em seco. Nem havia passado por sua cabeça a ideia de que eles pudessem gostar de ajuda-lo nas estufas. Sentindo-se culpado pelo desânimo dos colegas, tentou manter a conversa em alta animação e distante do assunto “estufas”.

— E o Chuddley Cannons, hein? Péssima performance no último jogo... Ouvi dizer que quando Valentine pegou o pomo, o pessoal das arquibancadas já tinha praticamente deixado o estádio... Foi um fiasco! Acho que vão direto pra terceira divisão! – ele comentou, enquanto tamborilava com a ponta dos dedos sobre o tabuleiro de xadrez.

— Reg, você viu que suas unhas ainda estão sujas de adubo? – disse Amifidel, torcendo o nariz.

— Ah, sim. Obrigado, Ami. – ele pegou a varinha e apontou para os próprios dedos – Scourgify!

— E que tal o trabalho com as meninas, hein? – perguntou Jack lhe lançando um olhar ao mesmo tempo interessado e crítico, franzindo levemente as pálpebras, causando um ligeiro tremor.

Regulus desanimou. Nem quando falava sobre a Liga Europeia de Quadribol ele conseguia desviar o assunto. Era desanimador. Ele não queria dar detalhes sobre sua tarde, já havia falado sobre todos os assuntos possíveis e imagináveis, porém os garotos estavam inquietos e curiosos, então o assunto “estufas” sempre acabava voltando. A solução que o garoto encontrou foi fazer de conta que sua tarde nas estufas com as garotas tinha sido péssima:

— Pensem num pesadelo.... Agora piorem muito! Minha tarde foi mais ou menos assim, o pior pesadelo da minha vida! As meninas reclamavam de tudo, se assustavam com qualquer coisa, gritavam por nada... E o cheiro de estrume de dragão aquecido, então? A pior coisa que vocês podem imaginar! Parece que impregna no corpo da gente e não sai mais! Tomei banho, lancei feitiço para limpar em mim mesmo e olha só o resultado! – ele cheirou a própria mão e depois a estendeu para Ami, que franziu o nariz como se estivesse fedendo muito, o que Regulus sabia que não era real. – Acreditem, eu não ia querer aquilo nem para o meu pior inimigo! – Isso pareceu aliviar a tensão entre ele e os amigos de modo satisfatório.

Enquanto comia seu jantar sem muito entusiasmo (o cheiro de estrume de dragão ainda persistia em suas narinas) observava atentamente a mesa da Lufa-lufa. Assim que ele notou que Alice terminara seu jantar, ele se despediu dos outros, se levantou e apressou-se em direção da porta. Chegou a tempo de encontrar Alice saindo.

— Oi, Alice... pronta para jogar? – ele perguntou com um sorriso reluzente em seu rosto.

A garota respondeu, sem entusiasmo:

— Está bem. Onde?

— Para mim, qualquer escada serve. Você escolhe o local.

— Tem uma sala bastante agradável no sétimo andar, no corredor esquerdo. Vamos lá.

— Você é quem manda.

Regulus seguiu Alice pelas escadas até o corredor esquerdo do sétimo andar. Eles caminharam o corredor todo e não encontraram a tal sala.

— Eu tinha certeza que era aqui. Eu me lembro, eu estava andando bastante angustiada outro dia, então vi essa tapeçaria do cara ensinando ballet para os trasgos e comecei a rir. Eu segui adiante, mas não consegui evitar, tive que voltar para ver mais uma parte da aula de ballet, e depois voltei de novo e de novo e encontrei a porta para a sala mais confortável de todo o castelo. Tem sofás e almofadas e uma lareira enorme. E a sala toda tem um cheiro muito agradável que me lembra... – ela sentiu o perfume de Regulus e terminou a frase com o rosto corando – que lembra coisas boas.

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— Mas não tem nada aqui agora, Alice... tem certeza que era aqui? – Regulus começou a andar de um lado para o outro. Então, subitamente, uma grande porta surgiu em frente à tapeçaria. Ele sorriu.

— Eu não disse? É aqui. – ela falou, triunfante, enquanto abria a porta. O garoto a seguiu de perto.

A sala era realmente muito confortável e tinha uma mesa de xadrez no centro dela.

— Eu não disse? É o lugar perfeito!

— Como sempre, você está certa... – disse ele, caminhando pela sala – não é estranho que uma sala tão confortável quanto essa esteja aqui, vazia? E ainda mais, com a lareira acesa, como se esperasse que fossemos chegar? Será que não faz parte dos aposentos de um professor ou algo assim? – Regulus disse, agora preocupado.

— Se aparecer alguém a gente se desculpa e sai. Não podem nos repreender por entrar aqui. Não há nada na porta dizendo que não é permitido entrar.

— Você está certa. De novo. Vamos sentar.

Após sentarem-se confortavelmente na frente um do outro, com a mesa e o tabuleiro entre eles. Regulus olhou indeciso para a mesa de xadrez de Hogwarts e o tabuleiro que ele trazia embaixo do braço. Estava muito acostumado a jogar com seu próprio tabuleiro, sua rainha e o rei de Alice. Alice parecia ter adivinhado isso, pois quando organizou as peças de xadrez sobre a mesa, deixou vago o espaço para a rainha branca e o rei preto, então olhou para ele, sorrindo, enquanto tirava do bolso o rei preto. Regulus compreendeu e fez o mesmo, colocando a rainha branca em seu lugar. As peças do xadrez ficaram bastante desproporcionais, mas os garotos não ligaram para isso e começaram a jogar.

— Porque você tem sido tão rude comigo nos últimos dias? – ele questionou.

— Eu? Rude? Não, estava somente tentando me afastar um pouco de você... As meninas me aconselharam a fazer isso, nós dois estávamos grudados como siameses e eu não dava mais bola para elas, nem estudava direito... E além disso, você está sempre tão rodeado de meninas que nem deve sentir minha falta.

— Claro que eu sinto. Você é especial para mim, você é minha melhor amiga!

Alice sorriu. Regulus sorriu de volta e os dois passaram boa parte da noite em silêncio, apenas sorrindo um para o outro enquanto jogavam. O tempo parecia ter passado muito depressa. Alice deu um salto quando ouviu as 12 badaladas da meia-noite.

— Já é meia noite!

— Melhor a gente ir dormir... – ele disse, terminando a frase com um longo bocejo.

Então os dois guardaram as peças de xadrez de volta sob a mesa de xadrez da sala precisa e as duas pequenas peças retornaram aos seus bolsos.

O garoto se ofereceu para acompanhar a amiga até o corredor da cozinha. Os dois caminhavam lado a lado pelos corredores escuros quando subitamente Alice começou a falar sem parar.

— Você estava com um cheiro horrível esta tarde quando nos encontramos.

— Você também estaria se tivesse passado horas aquecendo merda de dragão.

— Urgh! Pra quê isso?

— Professora Sprout pediu-me para ajudar a cuidar das estufas enquanto ela está doente.

— Doente? Coitadinha!

— É... coitada dela e de mim...

— De você? – Alice riu – E o que faziam as garotas?

— Elas me ajudaram com o trabalho. Chegou a ser divertido.

Alice levantou as sobrancelhas.

— Posso ajudar você também, se quiser... – ofereceu-se, fingindo casualidade.

— Ótimo! Tem muita coisa para fazer, tem que cuidar de todas as estufas, três vezes por dia... Tem que fazer coisas meio nojentas, sabe, se você não quiser, não precisa...

— Mas eu quero! A que horas você vai lá?

— Logo depois do café da manhã, às 8h30. Estufa três, recolocar cachecóis na base do caule das mandrágoras, porque elas se mexem e podem se descobrir durante a noite. Depois precisa passar na estufa cinco e aquecer esterco de dragão e forrar os vasos azuis.

— O que tem nos vasos azuis?

— Não sei, ainda não dá pra ver, acho que as sementes ainda não germinaram.

— O esterco de dragão precisa ser aquecido mesmo? – Alice perguntou, torcendo o nariz.

— Sim. – Regulus riu.

— E tem mesmo que ser depois do café da manhã? – ela perguntou, fazendo uma careta engraçada.

— Acho que se você fizer isso antes do café não vai ter vontade de comer nada durante dias... E não é tão ruim quanto parece... Mas se você não quiser, não precisa ir à estufa cinco. Eu acho que iria ser legal ter você por lá...

— Eu vou!

— Combinado então. Oito e meia em frente à estufa três. Boa noite.

Alice levou um susto ao notar que haviam chegado ao corredor da cozinha. Ela não percebera que haviam descido os últimos três andares ainda.