A Breve História de Regulus Black

49. Sol da meia-noite


Sol da meia-noite

Assim como foram as últimas horas em casa e durante a viagem para Hogwarts, nos dias que se seguiram Sirius não dirigiu nenhuma palavra para o irmão, nenhum olhar. Nada. Se não fosse pela costumeira mudança de atitude do mais velho dos Black toda a vez que chegavam a Hogwarts, o vazio no peito de Regulus seria ainda maior – porém ele sabia que, desta vez, era diferente.

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Era fevereiro quando Sirius quebrou o seu voto de silêncio. Ele estava na biblioteca fazendo uma pesquisa acompanhado de James, Peter e Remus quando seu irmão chegou:

— Oi, Sir. Alguma notícia de Simone? A carta ...

— Não. – respondeu, fechando o livro de Astronomia e saindo apressadamente da biblioteca.

Regulus baixou os olhos e disse:

— Tchau, rapazes. Até qualquer hora.

— Até o jogo no próximo sábado, perdedor. – respondeu James debochadamente.

Peter o ignorou, como se tomasse as dores de Sirius e Remus ergueu os ombros e as sobrancelhas, depois sorriu amarelo e disse “tchau.” Ele parecia claramente desapontado com Regulus, que compreendeu que o irmão havia contado a eles o ocorrido na casa dos Leloush e seus desdobramentos. “Eles nunca vão compreender”, pensou Regulus. Depois deu as costas e caminhou em direção à saída da biblioteca. A mochila nas costas parecia ainda mais pesada do que quando entrara na biblioteca. E se alguém tivesse colocado algo lá? Ele tirou a mochila e verificou seu conteúdo. Não havia nada de anormal lá. A não ser que alguém tivesse lançado algum feitiço para que parecesse mais pesada. Ele imediatamente olhou para James, que, para sua surpresa, parecia inocentemente estudando.

— Se você jogou em mim alguma azaração, você vai ver! – ele murmurou entre os dentes e completou – espere até o próximo jogo! - Foi quando ele se deu conta que jogaria contra James no próximo sábado. - Caramba!

Falou consigo mesmo. Ele andava tão ocupado entre treinos, lições de casa, clube de duelos e os encontros com Alice que não havia ainda percebido que teria que se posicionar em relação a isso. Mesmo sentindo falta do irmão e sabendo que o jogo poderia aproximá-los, não poderia deixar Grifinória ganhar. Não podia deixar James levar a melhor. Iria treinar ainda com mais vontade. Pelo menos ainda era terça-feira. Ele socou seus livros de volta na mochila e saiu da biblioteca.

Naquela noite, durante o treino de quadribol sua tristeza se tornou evidente. Regulus não conseguia se concentrar e não via nem os balaços que mandavam contra ele, tampouco o pomo de ouro. Após levar o terceiro balaço de Avery no meio das costas, ele caiu da vassoura de uma altura de 5m, quebrando o joelho ao cair de mau jeito. A dor era insuportável, mas não a dor física, sentia-se humilhado e não era por Avery, mas por não ter sido frio o suficiente para deixar suas emoções de lado e treinar como deveria. Em sua cabeça ecoavam as vozes de James: “perdedor!”; de McGonagall dizendo-lhe que esperava mais de um apanhador quando ele não percebera ela transfigurando sua pena embaixo de seu nariz; e a risada debochada de Rachel. Ele ainda estava deitado de lado segurando fortemente a perna quebrada, com os olhos fechados, no meio do campo ainda gelado do fim de fevereiro, quando ouviu uma faz familiar chamar o seu nome. Era Alice:

— Reg, você está bem? – perguntava sua voz aflita, enquanto a garota se ajoelhava ao lado dele e lhe acariciava os cabelos, afastando-os de seus olhos.

Regulus abriu os olhos negros que rapidamente encontraram os olhos cinzentos de Alice. Ele respondeu:

— Está tudo bem. Mas acho que machuquei meu joelho. – ele disse, tirando a mão que segurava o joelho, deixando amostra uma fratura exposta que se forçava contra o uniforme avermelhado com seu sangue.

Alice engoliu em seco e gritou:

— Ajudem!

Aparentemente ninguém havia notado sua queda até então, tão absortos que estavam no treino. Emma Vanity, Avery e Mulciber desceram das vassouras e foram acudir. Emma levou as mãos à boca ao ver o sangue que escorria pelas calças do apanhador:

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— Rápido, Mulciber! Pegue Regulus e o leve à ala hospitalar. Avery, vá com ele, no caso de Mulciber precisar ajuda. Eu vou guardar as vassouras. Rupert, Tom e Lucinda, desçam. Já chega por hoje. – Emma chamou os outros jogadores, franzindo a esta, preocupada com o garoto e com o campeonato. E se Regulus não pudesse jogar no sábado? Se perdessem o jogo, iriam disputar o terceiro lugar com a Lufa-lufa e isso não fazia parte dos planos dela. Ela aguardava os dois apanhadores e a goleira descerem das vassouras para poder ir à ala hospitalar ver o que iria acontecer.

Mais tarde, Emma passou por Alice que estava no corredor em frente à porta da ala hospitalar. As duas se olharam brevemente, mas não trocaram uma só palavra. Alice estava preocupada com Regulus, mas não ousava entrar na ala hospitalar quando o time inteiro de quadribol da Sonserina estava lá. Depois que todos saíram, ela entrou:

— Oi, Reg. Como você está se sentindo? – ela perguntou a se aproximar de seu leito. Ele era o único enfermo em toda ala hospitalar.

— Melhor agora que você está aqui. – ele respondeu, sorrindo.

Ela sorriu, envergonhada.

— Eu quebrei minha perna, mas madame Pomfrey disse que isso vai estar bem até amanhã, então vou poder jogar no sábado.

— Ah, que bom... Dói muito?

— Dói. Mas o gosto da poção é ainda pior...

— Eu tenho aqui no meu bolso alguns caramelos... – ela entregou-lhe alguns doces – deve ajudar a disfarçar o gosto. – ela sorriu.

— Obrigado, Alice. – ele sorriu.

— Bem, então eu já vou indo...

— Não, fique, por favor! É Muito chato ficar aqui sozinho...

Alice pegou em sua mão e disse:

— Eu vou me trocar, depois volto com um tabuleiro de xadrez pra gente, está bem? não posso ficar muito porque já está tarde, mas acho que uma partida de xadrez dá para gente jogar.

— Tá bem. Mas não demora, tá?

Ela sorriu e saiu correndo porta afora pelos corredores o mais rápido que pode. Quando voltou madame Pomfrey a barrou na entrada, dizendo que estava muito tarde e ela devia voltar para o seu dormitório.

Observando a tristeza nos olhos da garota, a enfermeira deixou que entrasse para desejar boa noite para o amigo. Regulus sorriu ao vê-la:

— Que bom que você voltou!

— Er... bem... Madame Pomfrey disse que eu não posso ficar, vim só dar boa noite e preciso voltar à sala comunal. Boa noite, Reg. – ela disse e beijou-lhe a bochecha.

Regulus corou um pouco e respondeu:

— Boa noite, Alice. Tenha bons sonhos. Nos vemos amanhã, então.

— É, amanhã. Durma bem.

Assim ela deixou o tabuleiro de xadrez sobre a mesa de cabeceira, ao lado de uma garrafa estranha que continha uma poção. Alice olhou para a poção e comentou:

— Isto deve ter um gosto muito ruim.

Regulus sorriu e confirmou, franzindo o nariz:

— Tem mesmo!

A menina sorriu e deu meia volta. Ele não conseguiu se conter e a chamou:

— Alice!

Ela virou-se para vê-lo, ainda sorrindo:

— O que foi, Reg?

— Um, leve meu rei com você. Só vou jogar quando você voltar. – ele respondeu, improvisando.

Ela pegou o rei preto e saiu. Regulus a acompanhava com o olhar e deixou escapar um longo suspiro, que ela ouviu e a fez sorrir. Mas ao sair encontrou com Bartô Crouch Jr, que espiava os dois pelo canto da porta. Seu sorriso imediatamente se desfez, ela franziu as sobrancelhas e perguntou:

— Oi... O que você faz aqui?

— Humpf. – respondeu ele, dando-lhe as costas.

Alice apressou o passo pelos corredores vazios. O som de seus passos tinha um estranho eco, então ela parou e espiou por cima do ombro: teve a nítida impressão de que alguém se escondia nas sombras.

Assustada, Alice começou a correr e só parou quando estava segura dentro de sua sala comunal, o coração a sair-lhe pela boca. Com as mãos segurando o peito, ela cruzou a sala comunal apressadamente, entrou pela porta circular que abria para o túnel que levava ao dormitório das meninas, sentindo seu coração aos poucos acalmar. Abriu a porta com cuidado para não acordar as outras meninas e se atirou sobre sua cama, exausta e aliviada, com as mãos sob o corpo. Então sentiu o rei preto que ela segurava firmemente nas mãos. Virou-se na cama, e examinou a pequena peça de xadrez, que parecia levemente incomodada com a situação.

O pequeno rei olhava para os lados, como se procurasse seu tabuleiro. Ela aproximou a peça dos lábios e a beijou, dizendo:

— Boa noite, Regulus Black.

Com um longo bocejo, acomodou o pequeno rei preto em seu travesseiro macio de fronha amarela, cobriu-se com sua manta de patchwork florido em tons de amarelo. Fechou os olhos e a imagem do sorriso largo de Regulus Black apareceu nítida em sua mente, então ela sorriu também e adormeceu, sentindo como se o calor do sol a estivesse aquecendo de dentro para fora.