A Breve História de Regulus Black

129. Um sorriso em seu rosto


Um sorriso em seu rosto

Regulus abriu os olhos como se algo o tivesse assustado. Não havia nada de estranho no dormitório, nenhum ruído anormal vindo do lado de fora, mas sensação ruim que o acordou ainda o perturbava. Então ele se lembrou. Era aniversário de Sirius. Dezesseis anos. Ele queria odiar Sirius, esquecer, amaldiçoar… Mas não. A verdade era que ele sentia falta do irmão, sentia-se abandonado e desprezado. Ele sabia que Sirius estava errado, que não devia ter negado a família daquela forma, que era um completo estúpido, mas... Regulus suspirou profundamente. Talvez o pai estivesse certo e o que Sirius tinha feito não passava de um despertar para maturidade, o primeiro passo torto na tentativa de andar com as próprias pernas.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Ele olhou pela janela. O sol entrava tímido, filtrado pela cortina verde. Ao que parecia, a ventania havia cessado. O garoto repassou, em pensamento, como iria ficar sua rotina, agora que tinha uma detenção a cumprir: segunda-feira – treino de Quadribol; terça-feira – detenção; quarta-feira – treino de Quadribol; quinta-feira... ele teria que dividir a quinta-feira entre encontrar um local para ele e Severus continuarem seus estudos e namorar... teria que inventar uma desculpa para Alice para justificar não poder ficar com ela a noite toda, ela não iria gostar disso; sexta-feira – treino; sábado de manhã – jogo contra Lufa-Lufa. Ele iria ganhar da Lufa-Lufa. Alice não ia gostar disso. Regulus suspirou. A lista das coisas que Alice não iria gostar se soubesse estava aumentando… Ele precisava fazer algo urgente sobre isso.

Regulus pulou da cama, trocou de roupa e saiu do dormitório apressadamente. Subiu as escadas como um raio, passando por um ou dois alunos com rosto amassado e olhos inchados, que ao invés de “bom dia” distribuíam bocejos.

Seus olhos espremeram-se por causa da luz daquele dia nublado de novembro tão logo ele saiu porta a fora em direção à floresta. Alguém gritou:

— Hey, garoto, aonde está indo?

Mas ele não respondeu, tampouco se virou para ver quem era. Isso não importava. Ele precisava fazer aquilo.

A ventania do dia anterior havia varrido as folhas secas e acrescentado alguns galhos secos à paisagem, os quais ele pulou como se fossem obstáculos em sua corrida ladeira abaixo até a floresta. No seu caminho, passou pelo guarda-caças Hagrid, que mal teve tempo de assimilar sobre sua presença e ele já estava adiante, na orla da floresta. Ofegante, parou, olhou em volta e abriu um largo sorriso ao avistar algumas folhas secas escondidas atrás do caule de um grosso carvalho.

Ele foi até lá, acenou sua varinha em direção a elas e rapidamente as colocou dentro de um envelope verde oliva que ele trazia no bolso de dentro de seu casaco. Então correu de volta ao castelo, sem ver Hagrid que continuava olhando para ele sem entender, enquanto resmungava “esses alunos são completamente loucos”.

Depois de passar pelo corujal, ele foi para o Salão Principal, onde seus amigos já começavam a tomar o café da manhã.

— Onde você estava? – perguntou Ami.

— Fui resolver alguns assuntos.

— Pelo jeito, esteve no corujal... – disse Ami, retirando uma pena do ombro do amigo.

— Você me pegou! – respondeu, sorrindo, sem dar maiores explicações.

— Soubemos que você e Severus arrumaram uma detenção...

— As notícias correm rápido, não? – comentou Regulus, olhando em volta.

— Mas você não vai ter problemas com o treino de Quadribol, não é? O próximo jogo está se aproximando... – comentou John.

— Não, ao que parece Slughorn também está preocupado com isso e não foi tão severo...

— Ah, bom. E o que você e Snape estavam fazendo? – perguntou Ami deixando escapar um pingo de inveja na voz.

— Estudando Astronomia... – respondeu Regulus, erguendo os ombros – Slughorn achou que não merecíamos detenção por estar estudando em uma escola... e que hora melhor para estudar Astronomia se não à noite?

— E por que pegaram detenção, então?

— Porque não pedimos permissão. Foi isso. Você quer estudar com a gente? Vamos fazer isso na detenção, toda terça-feira à noite…

— Estudar mais? Não obrigado, sou alérgico! – repondeu Amifidel descontraidamente.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Enquanto isso um bando de corujas invadiu o salão trazendo a correspondência matinal. Quatro grandes corujas entraram trazendo um grande embrulho, que, pelo formato, parecia uma vassoura. Os olhos de todos acompanharam as manobras que as corujas faziam no ar, graciosas, circulando o grande salão três vezes antes de aterrissar na mesa da Grifinória com grande estardalhaço. A vassoura foi deixada em frente a quatro alunos, todos quatro conhecidos de Regulus. James Potter adiantou-se para verificar o cartão amarrado na ponta do embrulho, mas uma coruja muito escura e grande deu-lhe uma bicada no dedo. A essa altura todos os alunos presentes já estavam de pé para ver o presente e caíram na gargalhada. Regulus e Sirius foram os únicos alunos que não riram. Regulus olhava apreensivo, ele conhecia muito bem aquela coruja. Noir, a coruja preta, pertencia à sua mãe. Sirius permanecia imóvel, bem como as corujas à sua frente.

Sirius então olhou para a mesa da Sonserina e seus olhos encontraram os de Regulus. Regulus não sabia se todos haviam emudecido ou eram os seus sentidos que falhavam, pois não conseguia ouvir mais nada, nem ver nada além dos olhos do irmão. Sirius, ainda calado, puxou Noir para si, murmurou algo em seu ouvido e imediatamente a coruja piou. Então as quatro corujas se alinharam em torno da vassoura e a carregaram de volta para fora do castelo. Houve uma grande comoção em toda a sala, algumas pessoas gritavam, outras balançavam a cabeça, incrédulas. Na mesa da Sonserina alguns alunos aproveitavam para fazer piada da reação de James Potter quando a coruja havia lhe bicado, outros discutiam sobre o tipo de vassoura que as corujas poderiam estar carregando. Nada disso importava a Regulus, que desviou o olhar da mesa da Grifinória e virou-se a tempo de ver algo que momentaneamente tirou Sirius de sua cabeça. Na mesa da Lufa-lufa, Alice abria um envelope verde, cuidadosamente. De seu lugar, Regulus saboreava cada mínima expressão no rosto de sua amada. Ela enrugou a testa quando viu que o envelope não tinha uma carta, mas uma porção de folhas secas. Ela as despejou sobre a mesa e, assim que as folhas tocaram a superfície da mesa, uma a uma se transformou em uma borboleta colorida. Os olhos de Alice brilharam e seu sorriso se alargou expondo os dentes brancos, perfeitos. Alice acompanhou o voo das borboletas até que saíram do castelo, extasiada.

— Linda. – murmurou Regulus, voltando-se para sua mesa.

— Desculpe, você disse alguma coisa, Reg? – perguntou Ami.

— Não, só pensei em voz alta... Sirius é um cabeça-dura... mas não vou deixar isso estragar o meu dia... – ele disse, olhando sorrateiramente para a mesa da Lufa-lufa, onde Alice levantava-se, ainda com um sorriso no rosto.