Sea You

Eu já estou sóbrio e são, e você ainda continua linda


Thalia sentou em cima da mesa, com uma taça de vinho entre os dedos e a cara usual de deboche. Ela observou Percy se meter na décima briga de bar, completamente afogado em rum, e depois encarou Annabeth, sentada em uma cadeira próxima e também observando o pirata.

— Ele sempre se mete nessas brigas? — A loira indagou.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Bem... Sim. — Thalia respondeu. Bebeu mais um gole de seu vinho e virou a cabeça em direção a Luke, que estava jogado em outra cadeira ao seu lado, carregando um grande copo de cerveja.

— Por que ele faz isso? — A loira chamou a atenção de Thalia novamente, que havia levantado e sentado no colo de Luke.

— Eu não sei o motivo de Percy fazer muitas coisas que ele faz. — Houve um baque e logo Thalia levantou, encarando Jackson no chão com a mão sob o nariz. — Merda.

As brigas costumavam apenas ser murmúrios de entre homens bêbados e tolos. Nunca chegava a algo mais sério, como um soco. Mas dessa vez, o sangue escuro em contraste com a pele morena estava lá. O capitão levantou, com um sorriso ácido, limpando o sangue com a manga da camisa. Ele quebrou a garrafa de rum que segurava em uma mesa e encarou o homem que o socou.

— Minha vez. — Mesmo querendo permanecer firme, o olhar do homem vacilou poucos segundos antes de ser nocauteado pelo moreno, com uma garrafa na cabeça. Silêncio se fez no bar e só se conseguia ouvir ruídos atrás do balcão, até que um homem baixinho, com camisa de estampa de leopardo apareceu.

Ele tinha cabelos escuros, com a barba por fazer e grisalha. Pelo seu olhar, já conhecia Percy e todo o estrago que o moreno era capaz de fazer. Procurou pelas mesas, e quando seu olhar pousou em Thalia, ele deu um pequeno sorriso, quebrando todo o ar de mistério que caiu sobre ele.

— Grace! É bom vê-la de novo. — Ele se aproximou da mesa e aos poucos, o ambiente pesado do bar voltava ao normal. — Não posso dizer o mesmo do seu irmão.

— Poucos podem, Sr D. — A morena sorriu e abraçou o homem. — Desculpe pelo alvoroço.

— Você sabe que é sempre bem-vinda aqui... Mas Percy... — Os dois encaram o pirata do outro lado do bar, com um olhar cansado.

— Eu entendo D, depois de tantas coisas que ele aprontou por aqui, ainda te acho santo por nos aceitar sempre. — Thalia olhou para Annabeth. — Você pode chamá-lo? Vou pagar pelas bebidas.

Annabeth assentiu um pouco tímida, mas logo tratou de corrigir sua postura. Ela não era mais uma ratinha indefesa. O moreno carregava mais uma garrafa de algo que Annie não reconheceu, e andava cambaleando, falando alto. Ela se aproximou dele e ele sorriu quando a viu.

— Princesa! — Ele gritou e Annabeth o calou com as mãos, olhando ao redor, observando se alguém se importou no que o bêbado gritava.

— Cala a boca, Percy. — Ela lhe tirou a garrafa, observando a carinha triste dele e o pegando pela mão, levando-o à saída.

— Você está linda hoje.

— Aham.

— Na verdade, está linda todos os dias.

— Ok.

— Annabeth, me leva a sério!

— Eu vou levar a sério quando estiver sóbrio e são. — Eles pararam fora do bar, onde estava mal iluminado, enquanto esperavam por Thalia e os outros. Annabeth sentiu sua pele arrepiar com o frio, aquele vestido não cobria muita coisa mesmo, mas teve um pequeno sobressalto ao sentir a mão de Percy segurando a sua.

Depois de meses em alto mar sem contato humano algum, a loira teve que reprimir o instinto de desembainhar sua adaga e acabar com o toque de maneira fatal. Ao invés disso, apenas segurou de volta a mão dele, sentindo todo o calor e segurança que transmitia a ela.

Lembrou na última vez que estiveram próximos assim, em sua cabine, com ele beijando seu pescoço e do quanto ela se sentiu frustrada quando ele ousou parar a ação. Ela olhou novamente para o bar, identificando os cabelos cor de areia de Luke próximo aos cabelos rebeldes e escuros de Thalia, eles vinham se aproximando da saída entre as pessoas, então Annabeth recolheu sua mão para a lateral do corpo, encarando o olhar desconexo e confuso de Percy.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Senhor D. é o dono do bar. — Thalia me explicou. — Jackson sempre arranja uma confusão quando estamos em Tortuga, não sei como ainda não nos baniu dessa espelunca.

Luke deu um meio sorriso e passou os braços ao redor da morena, andando um pouco para longe, enquanto a tripulação também saia do bar e caminhavam todos em direção ao navio. Annabeth estranhou voltarem para Neptuno, afinal Percy havia sugerido um quarto, mas logo esqueceu a ideia. Neptuno era uma casa para os piratas, e agora, para ela também.

O percurso pelas ruas escuras e ludibriantes eram uma cena proibida, condenada e censurada. Mas mesmo assim muito bela. A sensação de libertinagem, de comunidade com os piratas, que há alguns meses eram seu maior medo, a faziam se sentir no lugar certo.

Percy se aproximou novamente de Annabeth. Se odiando por se sentir tão magnetizado à loira. Dessa vez, apenas andou ao seu lado em silêncio, mas foi surpreendido pela mão macia dela segurando a sua. Das poucas sensações que distinguia devido ao álcool, a mão de Annabeth era algo claro em sua mente.

Quando chegaram ao navio, os dois foram para a cabine de Percy. Ela pediu para que ele sentasse na cama e examinou seu rosto, limpando o sangue com um pano úmido.

— Acho que estou voltando ao normal. — Ele comentou.

— Isso é bom, amanhã você precisa recrutar mais piratas e supervisionar o reparo de Neptuno. — Ela o lembrou e apesar dele se impressionar com o senso dela, soltou um gemido cansado, desaprovando a ideia de trabalhar amanhã.

— Só queria passar o dia deitado. — Ele teve a vontade de dizer que gostaria da companhia dela também, mas apenas permaneceu calado depois disso.

— Bem, — Ela soltou o pano dentro da pequena bandeja com água. — Acho que isso é tudo.

Ela endireitou as costas e colocou tudo em cima de algum barril de rum, se preparando para virar em direção a porta, antes de ouvir sua voz a chamando.

— Annie. — Só Thalia a achamava assim, e não era sempre. Sentiu um arrepio em sua espinha e virou para o moreno, seus olhos verdes estavam escuros e estava sem camisa, mostrando o dorso malhado. — Dorme comigo hoje?

Ela derreteu. Acenou que sim com a cabeça e tirou as botas, deixando ao lado da cama. Jackson soltou o pequeno sorriso agradecido e tirou as calças, fazendo as bochechas da princesa esquentarem.

— Precisa tirar as calças? — Ela o encarou de cueca.

— Eu costumo dormir nu, você deveria agradecer por ainda estar meio vestido. — Eles riram e ele trouxe para cima o edredom, cobrindo-os, e diminuindo a luz da lamparina, deixando-os no breu total.

— Annabeth.

— Hm?

— Eu já estou sóbrio e são, e você ainda continua linda.