Era véspera do meu aniversário.

Esperava que viessem me vestir a mortalha.

Depois do que ouvi na cozinha, fiquei nervoso. Aquele desconfortável frio na barriga me acompanhava por onde eu fosse, junto dos pensamentos autodestrutivos e do desejo de que minha mãe estivesse certa.

Quando eu ameaçava ficar triste, Bach ficava quieto, como se compartilhasse do meu sentimento. Encostava o focinho seco em minha barriga e pedia colo, sem nenhum ânimo aparente.

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Contradição.

Minha mente estava louca. Depois de tudo o que evoluí para me aproximar de Ariel, por que eu estava tão nervoso, tão hesitante? Por que eu queria sumir antes do meu aniversário? Talvez fosse medo o tempo todo. Medo de não ser correspondido como esperado. Medo porque eu queria que aquela voz doce me dissesse “eu te amo”, mas talvez eu só ouvisse “você é um bom amigo”. Medo de saber como Ariel se sentia.

Dor.

Sem analgésicos, a cabeça voltava a doer. Doía porque eu não parava de pensar.

Era véspera do meu aniversário.

Nenhum som soava agradável. Nem o que eu tocava.

Eu não queria ver Ariel.

Estava prestes a estragar tudo.

Naquele dia, eu era só o garoto mais fraco do mundo.

Só.