Minha Canção Favorita

Alegria dos Homens


Naquele começo de outono em que me dediquei a voltar a apreciar a harmonia polifônica da natureza, minha maior companhia era Bach. Passávamos o dia nos divertindo juntos. De manhã ele me acordava. A força de suas patas pesadas foliando no meu tronco magrelo me fazia despertar para notar sua respiração rítmica e acelerada e sua presença alegre. Quando chegava a tarde, eu pegava minha bengala e ia com ele passear, dar voltas na quadra da minha casa. Por vezes eu era puxado por Bach e caminhava desengonçado, incapaz de acompanhar o ritmo dele. Por vezes eu quase tropeçava em meus próprios pés, mas ainda assim era divertido. À noite, no piano, ele deitava no meu colo enquanto eu tocava e cantava. Na hora de dormir, ele deitava do meu lado na cama. No outro dia, tudo se repetia, mas eu nunca cansava.

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Nada era capaz de me excruciar quando estávamos juntos, nem mesmo a ausência de Ariel. Algumas vezes no dia eu lembrava de sua voz e me perguntava no porquê de estar tão distante, mas quando cogitava ficar triste, Bach me lambia o rosto como se me trouxesse de volta para a realidade.

Cachorros são a melhor companhia.