Hoje ela era

Um jacaré


Hoje ela era um jacaré.

Acordou preparada para ficar horas e mais horas completamente parada esperando que algum deles caia em sua armadilha. Manteria a boca aberta em todo momento e gritaria todas as verdades que guardou para si mesma para todos os ventos e ouvidos, tudo isso enquanto esperava calmamente para que algum deles chegasse um pouquinho mais perto... Se isso acontecesse, ao menos uma vez, ela dormiria feliz sabendo que pelo menos um deles já não lhe incomodaria mais.

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Ela os ensinaria, com palavras ou não, que naquele dia ela era um jacaré. Suas palavras rasgariam carne e penetrariam em crânios ou outros ossos como a mais perfeita e bem realizada trepanação. E, no pior dos casos, se palavras não funcionassem, ela usaria dentes e garras. Naquele dia, ela estava pronta para os ensinar que não se brinca com um jacaré.

Nem suas palavras e nem seus dentes foram o suficiente para que eles parassem de ser, simplesmente, eles. Insistiam em rir dos outros, zombar dos diferentes e menosprezar minorias, mas ela estava certa de que, naquele dia, suas palavras atingiram um deles ao menos uma vez.

Gargalhavam risos desatentos e ela gritava verdades para todos os ventos.