Entrei em casa e encontrei meu pai mexendo na coleção dele. Desde pequeno, o vejo desfiar seu amor por um besante, que ele tinha ganhado de um senhor quando tinha dez anos de idade e que o instigou a montar uma coleção.

Eu gostei daquilo por um tempo, mas depois dos quinze comecei a achar qualquer coleção uma perda de tempo. E dinheiro.

Não que meu pai não abastecesse a casa por causa das moedas, mas era bem ilógico, ao menos para mim, gastar dinheiro comprando dinheiro.

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Eu sempre preferi gastar meu dinheiro com tudo o que me daria algo em troca. Guardei minha mesada por três meses para comprar uma bola de basquete profissional. Entreguei jornal pra conseguir assistir ao jogo do meu time de baseball no estádio.

Enquanto meu pai tinha uma coleção de moedas, eu tinha uma coleção de experiências e momentos inesquecíveis.

Me aproximei sem fazer barulho, me aproveitando do seu momento de calmaria.
Eu não queria mais me esconder, não queria mais acatar aos seus gostos. Assim como me livrei das moedas, queria me livrar das amarras dele.

— Pai? — pigarreei. — Preciso falar com o senhor.

Ele me olhou e eu soube que era a hora.