Eu havia esquecido como era o toque do vento. Depois de tantos anos no submundo, caminhando pelas trevas sem saber se elas pertenciam à maldade dos outros ou se estavam dentro de mim, sinto-me quase vazio ao olhar a meu redor. O vilarejo está destruído. Não há qualquer lembrança daqueles que viveram aqui. Os sorrisos, as casas, as vestes repletas de cor... A terra que foi meu berço está morta. Existem apenas os túmulos que ergo um a um, honrando a memória de parentes e amigos sem saber quem é quem.

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Perdoem-me... Não pude seguir em frente... E esse fracasso rotundo recai sobre meus ombros, mais denso do que qualquer mortalha. Eles ainda estão soltos, tecendo seus planos e suas crueldades. Eu tentei matá-los. Juro que tentei. Mas, se for para eu morrer, que ao menos seja no vilarejo em que nasci, ao lado daqueles que amei.

Estou sorrindo agora. O cansaço me consome, mas eu lembro quem sou. Lembro quem vocês eram. Lembro-me daquele homem que tantas vezes magoei, mas sempre esteve a meu lado, jurando fidelidade em uma sextilha.

Finco a pá na terra e apoio a testa sobre minhas mãos. Pensar no Leorio faz meu coração desquietar.