No compasso do receio

A cor do mundo


Eu reuni quase todos os olhos. Nesta noite gélida, são minha única companhia. Acomodados nas prateleiras, parecem olhar para mim. E minha parte irracional quer acreditar que conversam comigo. Quais deles pertenceram à minha mãe? A meu pai? A Pairo? No final, são apenas olhos. Mortos. Se eu ouvir vozes agora, isso será um sinal de loucura.

Suportar aquela dor quase me destruiu. Eu sentia a aura de Nobunaga a meu redor, consumindo cada pedacinho de sanidade. Mas não adiantava gritar. Não havia ninguém para me ouvir. Apenas me encolhi nas trevas, sem saber se elas eram parte da escuridão da capela ou se estavam dentro de mim.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Quando me recuperei, o mundo parecia sem cores. Caçar e assassinar Shalnark seguiu-se com naturalidade. Ele era um Manipulador. Um inimigo quase tão inteligente quanto impiedoso. Também desejava vingança. Quanta hipocrisia... O único que tem o direito de se dizer vingador sou eu!

Acreditei que morreria... Acreditei de verdade. Cada Aranha a mais é um suplício. O que será de mim quando tiver matado todas?

Fecho os olhos. Concentro-me no silêncio. Na presença dos olhos e das estátuas de alabastro que me fitam com frieza. Mortos.

Mas... aqui, o mundo é escarlate.