No compasso do receio

Interlúdio


As chamas das velas tremulavam. Um silêncio feito de sons dominava a pequena igreja. A brisa noturna penetrando os vitrais quebrados. A leve respiração de Shalnark, entretido em seus jogos. Os pensamentos de Nobunaga, perdido em um mundo etéreo. O sussurrar das páginas do livro. Eu bebia cada palavra. Imaginação que se tecia nos verbos e substantivos, dando sentido àquela tinta seca no papel amarelado.

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Eu já não prestava atenção nas moedas. Cortesia de Machi. Trouxera-me tesouros tão belos. Bisante, soldo, denário. Mais belas ainda eram suas histórias. Sou um homem de meu tempo, mas sempre viajei para terras distantes. Não saberia dizer o que busco.

Neste mundo, não há lugar para pessoas como nós.

Passos suaves. Nobunaga perambulava de novo. Lançou um olhar traído a Shalnark, que ignorava sua tristeza. Em mim, ela também cantava. Um cântico de memórias e sorrisos benzido pelas cervejas que costumávamos dividir. Eu nunca bebia. Vê-los juntos era minha felicidade.

Em meio às velas, um brilho se sobressaía. Escarlates. Os olhos eram a lembrança das mortes. A morte de Pakunoda. A morte de Uvogin. Nobunaga aproximou-se. Não precisava dizer em palavras. A tristeza nele também cantava em mim. Ergui o rosto.

Tens meu consentimento.