Florescer

Plúmbeo


Faziam exatamente duas semanas que ninguém abria a janela daquele dormitório e a luz só era acessa quando Samira entrava com um prato de comida, que muitas vezes saia dali do mesmo jeito que encontrou: intocado.

Era mais fácil convencer tia Fátima a tomar um banho do que convencê-la a comer, seu estado deprimido piorara desde que o médico recomendara-lhe ficar na cama, em repouso, pois seu corpo chegara a exaustão, a idade já não suportava mais afundar-se no trabalho para aliviar a dor e fazê-la esquecer por alguns meros instantes que fossem o farto de que seu esposo estava em coma no hospital e que isso foi causado por um funcionário.

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Era-lhe plúmbeo pensar que alguém que trabalhava na Cantina agredira seu marido, pois alguns trabalhavam ali, desde que ambos abriram o comércio vinte e oito anos atrás, o que mais a magoava era o farto de estar impotente perante a situação de saúde aquele que fixara-se no Brasil por causa dela,seu maridoer há quase trinta anos.

Sabendo de tudo aquilo alguns funcionários católicos decidiram fazer uma novena, tanto pela saúde de seu Omar, quanto pela saúde de dona Fátima, saber daquela atitude foi minimamente confortante.