Linha de Partida

Plúmbeo


Maia abriu os olhos e piscou algumas vezes. Olhou ao redor com dificuldade, com a dor atrás da cabeça fazendo-a recordar da pancada que levara.

Estava em um quarto com as cortinas cor plúmbeo fechadas, onde o alaranjado de fim de tarde entrava por uma fresta. Era o quarto de Daniel, e ela estava deitada na cama que ele ganhara de aniversário e tinha tanto ciúmes.

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Esforçou-se para se sentar notando que tinha companhia. Daniel dormia ao seu lado, acomodado em uma poltrona. E ele babava. Claro que Maia sabia disso, trabalhava com ele havia quatro anos, era impossível que não o tivesse visto dormindo — e babando — sobre alguns papeis.

Ela o cutucou no braço. Daniel abriu lentamente os olhos e por um instante só a encarou.

— Estou aliviado que esteja viva.

Maia assentiu, porque era exatamente da mesma forma que se sentia. A morte não tinha nenhum atrativo se isso significava abrir mão das noites que passavam jogando buraco enquanto tomavam um vinho barato.

Daniel lhe entregou um copo d'água e uma caixa de comprimidos depois passou as mãos pelos cabelos como sempre fazia quando estava nervoso. Naquele momento Maia soube não precisaria mais fugir.

Eles dariam um jeito.