Monster

Confronto


Sou como você.

Monstro e humano, humano e monstro.

Demorei algum tempo pra perceber que não só copiava aparências, mas também sugava essências. Deixei rastros de corpos em minha vereda. Escrevi notas de sangue, me banhei com as lágrimas, desfrutei dos gritos. Contudo, não sabia lidar. Deixava-os como uma concha vazia.

Encontrei outros como eu. Aprendi algumas coisas. Mas sempre fui melhor sozinho e assim permaneci.

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Não era nada pessoal. Às vezes a transformação era como um campo de força magnética que simplesmente me puxava. Outras vezes era intencional e sórdido. Não tinha preferências, apenas me entretinha. Fazia muito bem minha lição de pleitear o que queria. Cada página da vida humana me prendia.

Então eu encontrei você, caro homem. O cara que levou pro lado pessoal. Que pirou, me questionou, me seguiu, tentou me matar e se cortou com os cacos do espelho. Você foi fraco. Não conseguiu olhar dentro dos meus olhos e tocar a escuridão. Não conseguiu matar seu semelhante. Sou seu semelhante. Sou você. O Eu se perde em cada vida. O Eu é mutável demais e se despedaça. Agora você sabe que encontro minha força em suas fraquezas. Que meu prazer é o seu sofrer.