Monster

Restos


Eu estava só. Acontecia com frequência. Confinado fisicamente. A cabeça a mil. Os pensamentos passavam com violência. Sentia falta das drogas em meu organismo me fazendo esquecer momentaneamente desse rastro de dúvidas que me perturbava.

Aqui nesse vazio violento em que me encontro, tudo perde a dimensão que tem lá fora. Os sonhos são tão nebulosos que não fazem tanta diferença assim. Na verdade, é difícil distingui-los de todo o resto. Desconfio da minha própria mente e percepção o tempo todo.

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Nos dias que interagia com ele, principalmente. Ou seria ele a interagir comigo? Ou seriam meus fantasmas criando forma? Seria mero delírio de um homem perdido em sombras?

Sempre me sentia pesado e soturno. Eu era plúmbeo e ele estava radiando feito ouro, rindo das minhas vãs atitudes.

Eu queria desesperadamente entender. Saber a razão de tudo.

Ele dizia que foi por isso que perdi a razão.

Indignava-me com a estupidez humana, com a minha estupidez frente à esperteza do inimigo. Tudo estava fora do lugar, a minha vida não era mais minha e eu passei a conviver com o monstro do espelho.

Ele recolhe os restos que sobraram de mim, o que eu fui. Ele se reconstrói, evolui.