Alexa

A preocupante tênue linha


Era um trem de carga.

Havia clandestinidade e furtividade em fugas. E havia emoção.

Ela correu para alcançar a locomotiva e esgueirar-se para dentro. Não iria perder aquela carona para a Costa Oeste.

O trem gingava. Riu para a noite.

Logo ela, que queria fugir de suas lembranças, terminara num trem que lhe trazia tantas.

No walkman, Morrissey voltou a cantar.

Seu pai e uma Alexa criança costumavam passear nos dias quentes por uma campina que um dia fora cortada por trilhos. Ela gostava de procurar os restos de ferro que foram deixados para trás.

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Nunca mais voltara àquela campina depois que seu pai morrera.

Morte súbita, uma hora estava lá e então não estava mais.

Todos julgaram-na quando voltou para a escola e fora a festa de Colby no dia seguinte.

Ela simplesmente não podia ficar lá parada, a se excruciar em meio ao luto. Mas não a entenderam, chamaram-na de insensível.

Só precisava continuar, uma vida não podia parar porque outra havia. Não podia ficar como a mãe, estagnada e apática para sempre, presa no passado. Porque lá estava a prova de que a linha entre vida e morte era tênue.

E ela queria viver o quanto pudesse.