A Melodia das Águas

As nuances de uma história


Bae ensinava-lhe a trançar vinhas coloridas, de modo a criar uma peculiar diversidade de utensílios úteis à viagem. A anciã vivia solitária em um atascal próximo à uma cabana abandonada.

Era prazeroso ouvir histórias do pântano sob a perspectiva daquele povo. Enquanto os filhos da terra falavam das malditas sereias surgindo da noite, como fantasmas soturnos a roubar-lhes as almas, ali teve ciência da ferocidade com a qual uma gente pode lançar-se contra outra, em busca de um líquido luminescente que nunca fora seu.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Concluiu que tudo pode ter múltiplos pontos de vista, quando se sopesa parte ou outra da história. Mas aquela não era exatamente a informação buscada ali. Precisava chegar à Boarin antes do solstício, quando o sol atingiria seu ápice e o caminho para o outro mundo tornaria-se tangível.

“Queres que te leve na direção de uma lenda”. Marion parecia nervoso ao pintar-lhe os ossos das mãos. “Este lugar não existe”...

“Deixe de parvoíces, homem”! Bae cortou-lhe a conversa em sua agitada rouquidão.

A contragosto, foi acompanhada rumo ao poente. Despediram-se próximos à estátua de um pequeno senhor sentado no meio das árvores. A mata inabitada, silenciosa como bote mortífero, refastelava-se adiante. Dali, ela seguiria a pé.