A piece of cake

Evidências parte 2


Eu gostaria muito que fosse um sonho, ao invés de transe. Que eu acordasse e estivesse no 221 B de Baker Street. Que a Senhora Hudson invadisse os quartos arregaçando as cortinas, fazendo barulho com seus sapatos de couro suíço, e colocando um chá com torradas na mesa da cozinha.

Eu gostaria muito que quando eu abrisse os olhos, Sherlock estivesse na minha frente, tocando notas arranhadas no violino, e fosse apenas quatro ou cinco da manhã. Que algum estranho desse batidas na porta e adentrasse a nossa sala com uma candeia para iluminar a manhã escura de inverno londrino. E que, depois, implorasse por conselhos amorosos, ou judiciais, ou mesmo para que desvendássemos algum enigma.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Mas, ao invés disso, eu apenas encontrei nosso navio roubado afundando a poucos metros de distância; e um Moriarty me observando de pé, enquanto eu estava encolhido no chão, com olhar distante. Procurei por Sherlock uma última vez, porque eu não aceitava que algo ruim pudesse ter acontecido. Meus olhos correram pela maré baixa, até descobrirem uma capa preta boiando até a costa.

— Vamos logo de uma vez, John Watson — Moriarty tentou outra estratégia, forçando um tom doce — Vamos acabar logo com a dor...